Aberto de Reykjavik: Anish Giri, O Vitorioso

    É muito difícil uma amante do nosso nobre jogo não conhecer o nome da capital da Islândia. Reykjavík foi palco de nada mais, nada menos, que, para alguns, o mais importante match pelo título mundial até hoje. É claro que estamos falando do “match do século” (XX) entre o russo Boris Spassky e o norte-americano Bobby Fischer. Recentemente (2014) o embate foi imortalizado no cinemas por Tobey Maguire (da primeira trilogia do herói Homem-Aranha) e Liev Schreiber (o vilão Dentes-de-sabre de Wolverine: Origens). Pawn Sacrifice, ou O Dono do Jogo, apesar de algumas liberdades cinematográficas, é obra obrigatória para qualquer enxadrista.

     

    Mas nem só de Spassky e Fischer vive Reykjavík. Em realidade, mesmo antes do famoso match, a capital islandesa já realizava grandes eventos enxadrísticos – desde pelo menos uma década antes da fatídica disputa. De toda forma, dos anos 2000 para cá o Aberto de Reykjavík vem crescendo consideravelmente. E embora o evento deste ano não tenha batido o recorde da edição de 2015, que é de 274 jogadores, a marca de 266 participantes, sendo quase 100 titulados, não é pouca coisa.

     

     

    Nesta edição, que aconteceu de 19 a 27 de Abril, teve como o número um da competição o GM holandês Anish Giri (2771). Giri, que é o nono jogador do mundo, é um pouco estigmatizado como jogador de muitos empates. Muitos mesmos. Seu “auge” neste quesito foram os 14 empates em 14 partidas no Torneio dos Candidatos do ano passado. A internet, claro, não perdoa.

     

    Para ficarmos no espírito de Fischer: “Meus 60 memoráveis… empates!”

     

    Entretanto, o Aberto de Reykjavik veio para mostrar que as coisas não são bem por aí. Giri venceu de maneira incontestável o forte torneio, marcando 8,5 pontos em 10 rodadas – 7 vitórias e 3 empates. Campeão isolado, Giri conseguiu uma “modesta” performance de 2865 e mais 9 pontos de rating. Destaque para a sua vitória na penúltima rodada contra o criativo GM georgiano Baadur Jobava (2712). Giri, de pretas, na defesa Najdorf, jogou o provocativo lance 7… Db6 – a famosa variante do “peão envenenado” e que era tão cara a Fischer (teria sido uma homenagem?). Infelizmente Jobava não entrou, ao menos de cara, nas complicações e preferiu o cauteloso 8.Cb3. Além disso, é importante ressaltar que a vitória na competição do GM holandês foi decidida na última rodada. Ou seja: o torneio não foi nada fácil. Em segundo lugar ficou o também GM holandês, para a alegria do nosso MI Herman Claudius, Jorden Van Foreest (2584) – sub 18 e grande promessa do país. O experiente GM armênio Sergei Movsesian (2677) foi o terceiro. Ambos somaram 8,0 pontos cada.

     

    O jovem Jorden Van Foreest, segundo lugar, é uma das grandes promessas da Holanda.

     

    Mas falando em promessas, a “bola da vez” é o MI indiano Rameshbabu Praggnanandhaa, de apenas 11 anos. Praggnanandhaa venceu, na oitava rodada, o experiente GM inglês Gawain Jones – que recentemente havia vencido o fortíssimo Aberto de Dubai. A vitória do jovem MI indiano levou vários jornais do mundo a perguntarem se “estaria surgindo um novo Bobby Fischer?”. Exagero, ou mesmo ainda sendo muito cedo para dizer, a verdade é que o ex-campeão mundial Anand pode dormir tranquilo: o futuro da Índia parece muito promissor.

     

    FONTES

    Site Oficial

    Chess Base

    Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 04-05-2017

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