Entrevista com Sidnei Silvestre

     

    Enxadrista Conduzirá a Tocha Olímpica nas Olimpíadas do Rio 2016 

    O ritual da Chama Olímpica começa lá na Grécia, berço dos Jogos, e é acesa por raios de sol (É isso mesmo. Raios de Sol. E acredite: o ritual é muito bonito). Com um método especial e delicado, ela é trazida até o país sede – no caso, o nosso Brasil. A chama atravessará todo o Brasil, por cerca de 300 cidades, antes de chegar ao mitológico Macaranã. Lá será acessa a Pira Olímpica – que só irá se apagar ao final dos Jogos. Desta forma, a chama olímpica irá queimar por mais ou menos 100 dias ininterruptos.

    Em nosso último texto reportamos com enorme alegria a notícia de que o enxadrista Sidnei Silvestre, de São Caetano do Sul, São Paulo, seria um dos condutores da Chama Olímpica.

    Contudo, para nossa surpresa, quase imediatamente à publicação da reportagem sobre Sidnei, começaram a surgir o nome de outros enxadristas que também terão essa imensa. São eles: Murilo Gimenez Salustiano (Paraná), Cleiton Mariano Santana e Leonardo Tadeu (ambos do Mato Grosso).

    Portanto, nas nossas próximas reportagens, conversaremos um pouquinho com estes novos heróis do esporte-arte-ciência brasileiro.

    Nossa primeira entrevista foi justamente com ele, Sidnei Silvestre – que é Deficiente Visual e já chegou a representar o Brasil num Panamericano por Equipes para DV.

     

    Sidnei jogando

    [Sidnei Silvestre: um dos enxadristas que terá a honra de carregar a chama olímpica!]

     

     

    Academia:  quanto tempo você joga xadrez e como aprendeu?

    Sidnei: Aprendi jogar xadrez em 2008, quando o CADEVI (Centro de Apoio ao Deficiente Visual), ofereceu uma oficina com 8 aulas para iniciantes aprenderem a jogar. Desde então continuamos a fazer aulas toda semana e a participar de campeonatos, foi paixão a primeira vista e pra sempre.

     

    Academia: Quais as condições do xadrez para deficientes visuais hoje, no brasil?

    Sidnei: As condições do xadrez para deficientes visuais hoje no Brasil, assim como a maioria dos esportes que não é futebol, são bem complicadas. O apoio governamental que deveria difundir a modalidade como grade curricular não apoia em quase nada. Fazendo com que cada enxadrista tenha que se virar para bancar suas despesas para deslocamento e participação nos torneios. No CADEVI, por exemplo, desde que começamos em 2008, mantemos uma aula semanal, com professores voluntários, para que possamos melhorar nossos desempenhos nos campeonatos. E é muito difícil conseguir algum patrocínio, mesmo sendo a maior equipe de enxadristas deficientes visuais do Brasil. A Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais se desdobra pra conseguir parcerias com secretarias municipais e órgãos responsáveis para realizar campeonatos com valores acessíveis para nós participarmos durante o ano.

     

    Academia: Qual seu jogador favorito de ontem e hoje?

    Sidnei: Acompanhando as partidas para estudos, os jogadores que mais me encantam são Bobby Fischer e Kasparov. Hoje em dia gosto muito do jogo do Evandro e do Rafael Leitão. Torço pra que algum dia eu tenha a sorte de jogar com algum deles em algum torneio e resistir por pelo menos uns 15 lances! Além, é claro, do Carlsen.

     

    Academia: E como está a expectativa para a condução da tocha?

    Sidnei: A expectativa para a condução da tocha está a melhor possível. Para mim é como se eu já tivesse ganho a medalha de ouro. Espero representar bem o nosso xadrez.

     

    Academia: Tem alguma mensagem que você quer deixar para os leitores da Academia?

    Sidnei: A mensagem que deixo pra todos da Academia é que façamos tudo sempre com muita alegria, porque um sorriso é capaz de abrir portas e janelas que muitas vezes nem um guindaste seria capaz! Em nossa vida tudo sempre tem o lado positivo, basta que olhemos sempre com bons olhos.

     

    Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 13.04.2016

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