Novas Polêmicas no Xadrez Mundial

    ENXADRISTAS SÃO EXPULSOS DA SELEÇÃO DO IRÃ

    E A POLÊMICA DO MUNDIAL FEMININO

    Depois da final do Campeonato Brasileiro Feminino, vencido brilhantemente pela enxadrista paulista Juliana Terao, mais uma vez o xadrez feminino é destaque aqui na Redação d´Academia. Contudo, desta vez o motivo não é de comemorações.

     

    Dorsa Derakhshami, de hijab – motivo da polêmica.

     

    EXPULSOS DA EQUIPE IRANIANA

    No dia 20 de fevereiro, a MI iraniana Dorsa Derakhshami (2373), de 18 anos, foi expulsa da seleção do Irã e proibida de disputar qualquer torneio dentro do pais. A razão: Derakhshami não usou o hijab (véu que deve cobrir a cabeça das mulheres na doutrina islâmica) no recente torneio de Gibraltar – e onde, curiosamente, já havia acontecido uma outra polêmica envolvendo o xadrez feminino. Clique aqui e entenda o, no mínimo, curioso protesto protagonizando pela enxadrista chinesa Hou Yifan (2651).

     

    Hou Yifan após o seu “exótico” protesto em Gibraltar

     

    Em realidade, a punição não caiu apenas em cima de Dorsa. O MF Borna Derakhshami (2236), de 15 anos, irmão mais novo da MI Dorsa, também foi proibido de defender a seleção do Irã. O castigo veio por um motivo diferente do da irmã, embora no mesmo torneio de Gibraltar. Borna enfrentou, na primeira rodada, o GM israelense Alexander Huzman (2557). Entretanto, há 38 anos, devido às diferenças políticas entre os países, os esportistas iranianos são proibidos de competirem contra os esportistas israelenses.

     

    Borna Derakhshami: proibido de defender a seleção do Irã

     

    Sobre os episódios e a situação dos jogadores, Mehrdad Pahlevanzadeh, diretor da Federação de Xadrez do Irã, comentou: “O primeiro passo será a proibição para atuar em torneios no Irã, e não vão ter oportunidade de estar na equipe nacional. Nossos interesses nacionais tem prioridade sob todas as coisas. Não há indulgência para aqueles que pisoteiam os ideais e princípios do Irã”.

     

    MUNDIAL FEMININO: VOCÊ ACEITARIA TAL EXIGÊNCIA?

     

    E é justamente no Irã, em Teerã, que está acontecendo o Campeonato Mundial Feminino – já que a campeã anterior, Hou Yifan, mais uma vez, abriu mão da sua coroa, pois não concorda com o sistema utilizado (para ela a atual Campeã Mundial deveria entrar apenas na fase final da disputa, como é no masculino, e não desde o início).

    De toda forma,  um total de 64 jogadoras disputam, num sistema de chaves e eliminatórias, durante 20 dias, quem será a nova campeã mundial.  O torneio, que vai até o dia 3 de Março, já está na sua fase final. A decisão será entre a WGM chinesa Zhongyi Tan (2502) e a GM ucraniana Anna Muzychuk (2558) – que é, inclusive, irmã de Maria Muzychuk (2554), de quem Hou Yifan havia ganho a coroa.

     

    Muzychuk conquistou sua vaga na final vencendo a GM russa Alexandra Kosteniuk (2549)

     

    Mas um outro detalhe que chamou atenção da competição foi a ausência de diversas jogadoras que não aceitaram uma das condições impostas pela organização do evento: todas as participantes devem usar o hijab – sim, de novo, ele.

    A ex-campeã mundial, a já citada Mariya Muzychuk, foi uma das jogadoras que não viajou para Teerã. Ela comentou para um jornal ucraniano: “eu decidi não participar [do Campeonato do Mundo] e é bastante óbvio que o Irã não é um país adequado para um evento tão importante. E é errado que aquelas jogadoras que se recusaram a viajar para o Irã e usar o hijab simplesmente percam o direito de lutar pelo Campeonato do Mundo.” E completou: “Minha irmã, Anna, assinou o contrato. Falamos sobre o assunto, mas para ela conseguir o título de Campeã Mundial é um sonho de toda uma vida” (e, ironicamente ou não, Anna está bem próximo deste feito).

     

    A ex-campeã mundial, Mariya Muzychuk, foi uma das jogadoras que boicotou o Campeonato Mundial Feminino em Teerã por se recusar a usar o hijab.

     

    A MI argentina Carolina Lujan (2383) foi outra jogadora que também desistiu da competição. Em sua página pessoal do Facebook, Carolina publicou um extenso e maduro texto para justificar sua decisão. Em determinado texto, Lujan afirma: “O uso obrigatório do hijab não parece ser um código de vestimenta simples. Ele significa muito e, devido as minhas crenças, minhas convicções e meus valores, não estou disposta a ser forçada a usá-lo. Além disso, devido à desinformação que temos sobre a sua cultura, uma possível confusão poderia me enviar para a prisão ou pior. A FIDE argumenta que foi a única proposta [para sediar a competição] e não havia opção. Eu acho que há sempre uma escolha e ela deveria repensar a forma de se trabalhar a respeito do xadrez feminino. Algumas [jogadoras] apenas que recebem apoio, não há regulamentos claros, o calendário está fora de data e as condições diminuem a cada ano.

     

    A MI argentina Carolina Lujan também recusou participar do Mundial Feminino frente à obrigatoriedade do uso do hijab.

     

    Mas nem todas as jogadoras pensam assim. A WGM cubana Yaniet Marrero (2255), por exemplo, comentou que, em princípio, “foi um pouco polêmico porque não estávamos acostumadas a jogar com ele, mas acho que foi uma experiência interessante e, assim, colaboramos para apoiar o desenvolvimento do xadrez no Irã”. A MI russa Anastasia Bodnaruk (2463) também pensa de forma parecida: “As pessoas têm crenças diferentes e isso talvez possa afetar a participação aqui. No meu caso, não afetou porque não tenho apego a essas coisas. Cada um tem uma forma de pensar e é preciso respeitar

     

     

    E você? O que acha? A FIDE tem direito de colocar tal exigência num torneio tão importante? Ou  é simplesmente uma questão cultura e ela deve ser aceita? Ou ela não é só uma questão cultural…? Dê sua opinião nos comentário – aqui ou na nossa página do Facebook.

     

    FONTE

    Site oficial

    Chess24.com

    Notícias.Terra
    ESPN

     

    Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 26-02-2017

    4 Responder para “Novas Polêmicas no Xadrez Mundial”

    • Tiago Caldeira

      Inaceitável o que a FIDE fez. Quem deveria representar os atletas e principalmente o nosso nobre jogo cedendo aos caprichos culturais e religiosos de um país que nada contribuiu para o xadrez. FIDE tu é patética. Parabéns para quem não se acovardou e não participou desta palhaçada! Campeã mundial esta correta tambem, ela tambem deveria estar na final!

    • Jairo

      O nome desse diretor da federação de xadrez do Irã diz tudo sobre o que ele é (basta tirar duas letras).

      • Wendell

        Falou tudo.

    • Wendell

      Parabéns às jogadoras que recusaram submeter-se a esta imposição, a qual, todos sabemos, vai muito além da simples "diferença cultural". Todos sabemos como o Islã trata as mulheres.

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