A Olimpíada de Xadrez Mais Surpreendente da História

Mesmo com dez chances, provavelmente em nenhuma delas você apostaria na equipe do Uzbequistão para o ouro no absoluto. Pelo rating, os uzbeques eram a 14ª equipe no ranking inicial. Contudo, com oito vitórias e três empates, os asiáticos fizeram história e conquistaram o título inédito da Olimpíada de Xadrez, realizada em Chennai (Índia), entre os dias 29 de julho e 09 de agosto.

Surge Uma Nova Geração

A equipe do Uzbequistão foi composta por jovens em plena ascensão, que fazem parte de uma nova geração que começa a dominar o xadrez internacional.

Nodirbek Abdusattorov foi o primeiro tabuleiro da equipe campeã. Com apenas 17 anos, se aproxima da barreira dos 2700 pontos de rating e já está entre os 50 melhores do mundo. O enxadrista se notabilizou ao vencer o Campeonato Mundial de Rápido, em 2021.

Os colegas de Abdusattorov também são jovens com grande talento. Javokhir Sindarov tem 16 anos e já passou dos 2630 pontos no ranking da FIDE.  Nodirbek Yakubboev (2620) e Shamsiddin Vokhidov (2552) estão com 20 anos. Jakhongir Vokhidov (2564) foi o “veterano” da equipe, com 27 anos.

Premiação da equipe campeã. Foto: FIDE/ Lennart Ootes

Vale lembrar que o Uzbequistão possui um campeão mundial de xadrez. Em 2004 Rustam Kasimdzhanov venceu o Campeonato Mundial da FIDE, disputado em formato eliminatório. Na ocasião, Kasimdzhanov eliminou enxadristas renomados como: Michael Adams, Veselin Topalov, Alexander Grischuk e Vassily Ivanchuk.

Prodígios Indianos

Voltando a falar em prodígios, é necessário mencionar o desempenho dos donos da casa. Por ser o país sede, a Índia teve a possibilidade de inscrever três equipes na competição absoluta. Para a surpresa geral, a Índia 2 conquistou o bronze, à frente da equipe principal.

Dommaraju Gukesh conquistou o ouro no primeiro tabuleiro, tendo uma atuação quase impecável. O quase se deve à pendurada no match decisivo contra o Uzbequistão, quando entregou um cavalo. De qualquer maneira, o jovem de 16 anos deu um salto no rating, chegando a 2725 pontos, número 24 do mundo.

Partida Decisiva: Gukesh 0x1 Abdusattorov. Foto: FIDE/ Lennart Ootes

Nihal Sarin (18 anos – 2670), R. Praggnanandhaa (17 anos – 2662) e Raunak Sadhwani (16 anos -2615) formam essa geração de prodígios indianos. A equipe que conquistou o bronze também contou com o mais experiente Adhiban B. (29 anos – 2600).

Armênia Sempre Competitiva

O pódio do absoluto também contou com a sempre competitiva equipe da Armênia. Mesmo sem seu principal jogador – Levon Aronian, que se mudou para os EUA recentemente, os armênios quase conquistaram o tetracampeonato e terminaram com a medalha de prata.

Estados Unidos Decepciona

Outra surpresa foi a atuação frustrante dos Estados Unidos. Favorito ao título, o Dream Team formado por Caruana, Aronian, Wesley So, Leinier Dominguez e Shankland não passou da quinta colocação. 

Brasil com Boa Atuação

A equipe brasileira no absoluto teve uma atuação positiva, terminando na 21ª colocação: 6 vitórias, 3 empates e 2 derrotas. Destaque para a histórica vitória contra a Inglaterra e o empate com a poderosa Ucrânia. 

Confira o TOP 5 da América do Sul:

21 – Brasil 

24 – Peru

33 – Argentina

38 – Chile

42 – Uruguai

Ucrânia Vence o Feminino

Em um torneio emocionante, decidido na última rodada, a poderosa equipe da Ucrânia conquistou seu segundo ouro olímpico no torneio feminino. A tetracampeã Geórgia terminou com a prata e a Índica completou o pódio. 

Ucranianas deram show mais uma vez. Foto: FIDE/ Lennart Ootes

MF Julia Alboredo

O Brasil também teve uma atuação interessante no feminino: 39ª posição com 6 vitórias, 1 empate e 4 derrotas. A grande notícia é o título de Mestre FIDE da Julia Alboredo, que ultrapassou a barreira dos 2300 durante o torneio. 

Confira o desempenho das equipes sul-americanas no feminino:

27- Peru

34 – Argentina

38 – Chile

39 – Brasil

41- Colômbia

Resultados completos: Chess-Results

Qual dos jovens prodígios que se destacaram nesta Olimpíada tem mais chances de se tornar campeão mundial?  Deixe sua opinião nos comentários.

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Texto escrito pelo MF William Ferreira da Cruz