O Drama do GM Paco Vallejo Com o Poker e o Fisco Espanhol

O Drama do GM Paco Vallejo Com o Poker e o Fisco Espanhol

No último mês de março, o top GM espanhol Francisco (Paco) Vallejo Pons, de 2716 pontos de rating FIDE, abandonou o Campeonato Europeu de Xadrez após a quinta rodada, com 50% de aproveitamento, e justificou a ausência por problemas pessoais envolvendo o poker e o fisco espanhol.

“Foi um erro vir ao Campeonato Europeu, eu não estava preparado para isso. A realidade é teimosa, mas de qualquer maneira, isto “só” é xadrez. É a primeira vez que me retiro de um torneio na minha vida. Obviamente, não é por perder nem um ou dois jogos, perdi muito mais e em muito piores circunstâncias”, explicou Vallejo nas redes sociais.

Paco também afirma ter jogado poker online no ano de 2011, tendo alguns milhares de dólares de prejuízo. Depois do eventual fracasso, Vallejo Pons abandonou o hobby. No entanto, em 2016 Vallejo recebeu uma carta do fisco espanhol cobrando algo próximo a 500 mil euros em impostos.

“A partir de 2016 começaram os advogados, as reuniões com a Fazenda, e as infecções na pele por culpa do sistema nervoso. Cancelei minha participação com a seleção nacional porque, sinceramente, não aguento mais a pressão. Para piorar, minha mãe – também muito preocupada com os valores – pegou uma infecção no estrangeiro que quase acabou com sua vida, e eu não consegui ajudá-la por culpa da Fazenda que já me tirou tudo e ainda quer mais”, afirmou Paco.

Como pode ser? Mesmo perdendo no poker, Vallejo ainda deve cerca de 500 mil euros em impostos

O fato é que a lei da Espanha cobrava 47% de impostos sobre os ganhos e não deduzia os prejuízos, o que levou Paco a um colapso financeiro e mental. Para corrigir a injustiça, a lei foi modificada em 2012, porém, o direito espanhol não está retroagindo para o favorecimento de Vallejo.

É preciso ser justo com a causa do problema. O drama de Vallejo refere-se à regularização do poker na Espanha e não com o jogo propriamente em si. De todo modo, fica a expectativa para que o enxadrista regularize sua vida o mais rápido possível e volte aos tabuleiros com toda sua força.

Xadrez e Poker: comparações e realidades distintas

Se no xadrez é impossível que um iniciante vença um Grande Mestre, entenda por iniciante aquele que conhece apenas os movimentos das peças, no poker o fator sorte pode intervir a favor do “capivara”.

Ou seja, sem entrar no mérito do longo prazo e do quanto a sorte pode ou não ser decisiva no lucro de um jogador, no poker ao menos existe a sensação de que todo mundo pode ganhar de todo mundo. Além disso, o mundo do poker gira muito mais dinheiro na comparação com o xadrez, tornando-o atrativo para muitos enxadristas.

Por outro lado, o xadrez é jogo muito mais rico em possibilidades e de inigualável complexidade. Por mais que os amigos do poker não concordem, o xadrez é um jogo justo e premia o enxadrista com maior conhecimento, já nas cartas isso não é tão evidente.

Por ser considerado por alguns (erroneamente) um jogo de azar, o poker ainda enfrenta uma – cada vez menor – rejeição social. Já o xadrez está inserido nas escolas e, em geral, é visto como algo positivo para a sociedade, em especial para as crianças.

De todo modo, um dos melhores jogadores de poker da atualidade saiu do xadrez. Thiago Crema Macedo, de Ponta Grossa-PR, tem 2070 de rating FIDE e era uma jovem promessa do xadrez paranaense. Hoje com 25 anos, é uma referência nacional do poker online. Seu faturamento já passou os sete dígitos há algum tempo.

Thiago Crema, de jovem promessa do xadrez para estrela do poker

Você acha que as qualidades do xadrez podem ser úteis para jogadores de poker?  E no xadrez, também existe sorte? Deixe sua opinião nos comentários.

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