Nos últimos dias a história do xadrez sofreu mais uma rachadura com a renúncia de Magnus Carlsen na disputa pelo Campeonato Mundial. De acordo com o noticiário, Carlsen simplesmente não vai jogar por não se sentir motivado para tal.
O norueguês é campeão do mundo desde 2013, quando venceu Viswanathan Anand. De lá pra cá, venceu Anand na revanche, teve matches duros com Sergey Karjakin e Fabiano Caruana, além da vitória incontestável contra Ian Nepomniachtchi, o que dá uma média de um match a cada dois anos.
Defender o título a cada dois anos… seria este um prazo curto para o campeão absorver a carga emocional da disputa? Fica a questão.
De qualquer maneira, não é a primeira vez na história que o xadrez fica órfão do seu maior campeão.
Alekhine Faleceu Campeão
Em 1946, uma tragédia. Aos 53 anos, Alexander Alekhine é encontrado morto em um quarto de hotel. Pela primeira e única vez na história, o campeão faleceu durante o reinado.
A vida continuou e o grande Mikhail Botvinnik surgiu para suprir as lacunas que Alekhine havia deixado.
De qualquer maneira, é impossível não lamentar a ausência de um match entre Botvinnik e Alekhine pelo Campeonato Mundial.
O Enigma Fischer
Já os fatos ocorridos em 1975 são de difícil julgamento. Mesmo após várias décadas, a ausência do então campeão, Robert James Fischer, no match com o desafiante Anatoly Karpov ainda é um mistério.
Bobby Fischer enlouqueceu? Suas exigências não foram totalmente atendidas? Fischer temia Karpov? Ou simplesmente cansou? O que houve afinal…
O enigma Fischer permanecerá sem solução, mas não há como negar o impacto dessa decisão no xadrez internacional e, em especial, sobre o próprio Karpov.
O Novo Campeão “Sem Coroa”
Karpov precisou comprovar a cada dia que de fato era o melhor enxadrista do mundo. Jogou e venceu vários torneios. Só assim, aos poucos, o fantasma Fischer foi perdendo força ao longo dos anos.
E como vai ser agora? Como o mundo do xadrez vai olhar o match entre Ian Nepomniachtchi x Ding Liren?
Provavelmente o vencedor precisará vencer Magnus Carlsen em uma série de torneios e assumir a liderança do ranking internacional para realmente ter o status de campeão do mundo.
Do contrário, o campeão viverá como um rei que não comanda nem a própria casa.
Será que Nepomniachtchi conseguiria mostrar um xadrez melhor do que no primeiro match, a ponto de vencer Magnus Carlsen? Difícil, porém, jamais teremos a prova dos fatos…
Por fim, Alekhine e Fischer já viraram história, mas Carlsen segue escrevendo a sua e pode voltar a lutar pelo Campeonato Mundial nos próximos ciclos, se é que isso fará sentido para ele.
Neste momento, sem Magnus Carlsen, assim como em 1946 e 1975, só resta o vazio…
Alekhine, Fischer ou Carlsen? Qual é a ausência mais sentida na história dos Campeonatos Mundiais de xadrez? Deixe sua opinião nos comentários.
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Texto escrito pelo MF William Ferreira da Cruz
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