Como Utilizar as Engines
A importância de se preparar bem com o computador é gigantesca para jogadores de torneio. Um estudo incorreto pode prejudicar enormemente o enxadrista, tornando-o “viciado” às ideias do computador, sem paciência para pensar sozinho, sem criatividade. Além do mais, grande parte dos enxadristas da novíssima geração sequer utilizam o tabuleiro: acham que analisar na tela do computador poupa tempo e é suficiente, especialmente para as análises de abertura.
O problema é que poupar tempo não costuma ser o caminho para a maestria no xadrez. O trabalho de análise independente, mesmo que demorado, é o que faz a diferença. O campeão mundial e grande patriarca do xadrez soviético, Mikhail Botvinnik, quando indagado sobre os rumos do xadrez com o crescimento da informática, refletiu com grande acerto que os computadores seriam uma ferramente de auxílio, mas o que continuaria fazendo a diferença seria o trabalho independente de análise.
Pois este trabalho independente é um dos pontos mais renegados pelos estudantes do jogo. Muitos dedicam suas horas de estudo para decorar linhas de abertura ou estudar passivamente as análises dos livros. Este método de estudo é totalmente incorreto. Para desenvolver-se no jogo é preciso questionar as análises, ter suas próprias ideias, confiança nas suas análises. Para tudo isso, os softwares de análise podem oferecer grande contribuição, se usados corretamente.
Passo a Passo
Obviamente, como em quase tudo na vida, há divergências sobre como utilizar esta ferramenta. Apresento ao leitor o método de trabalho que gosto de utilizar nos meus estudos – o mesmo que recomendo aos meus alunos – todas as vezes que pretendo investigar uma posição com maior cuidado:
I- Monte a posição crítica no tabuleiro e, ao mesmo tempo, coloque-a no computador;
II- Ligue o programa de análise, minimize a tela do ChessBase (para não ficar olhando o que ele sugere) e analise a posição por algum tempo (sugiro 15 minutos). Pode analisar mexendo as peças.
III- Passado esse tempo de análise individual, verifique as sugestões do computador. Em seguida, minimize a tela novamente e repita a análise individual, analisando as ideias da máquina.
IV- Repita o processo até obter uma análise satisfatória.
Esse minucioso trabalho de análise melhorará não só o seu conhecimento específico da posição estudada, mas – principalmente -, desenvolverá outros aspectos do seu jogo, como visão tática, avaliação das posições, criatividade etc.
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Excelente artigo, Rafael!Chama a atenção especialmente o originalidade com que abordaste o tema.Pelo menos no Brasil, nunca havia visto uma orientação tão prática, valiosa e sensata sobre o uso de computadores na formação e desenvolvimento de enxadristas, iniciantes ou experientes.Belíssima contribuição.
Aliás, nunca havia visto orientação alguma!
Prezado GM Rafael LeitãoPrimeiramente, parabéns pelo artigo!Você já pensou em montar uma apostila, que sabe, até um livro sobre suas ideias e temas relevantes que poderiam fazer com que o enxadrista possa desenvolver uma raciocínio crítico em conjunto com as análise apresentadas pelo softwares, engines.
Em uma das partidas que joguei no QUEENALICE, eu segui um conselho teu que tinha lido na postagem anterior sobre análises por engines. A situação do tabuleiro indicava que eu deveria capturar um cavalo com um bispo e meu índice indicaria que eu ficaria levemente superior de pretas. Jogando uma siciliana najdorf. A análise tinha sido feita com base em pelo menos 20 minutos de máquina rodando, visto que, análises rápidas tende a fracassar. Mas o ponto é: com base no seu conselho, resolvi não aceitar a análise proposta, fiquei com o meu par de bispos e foi uma partida interessante. Eu errei menos na partida e terminei vencendo por uma falha do adversário. Acho interessantes artigos sobre análises com a máquina em conjuntos e nos ajudará bastante. Obrigado!
Gostaria muito de fundar um "clube de xadrez Rafael Leitão" aqui no Rio Grande do Sul. Meu e-mail é [email protected] aguardo sua resposta! abraço e fique com Deus