O Triunfo e a Tragédia de Alexander Alekhine

    Dizem que as partidas refletem a personalidade de um enxadrista profissional. Esse é certamente o caso do Alekhine, um campeão mundial de estilo agressivo, complexo, arriscado, otimista, todos estes bons adjetivos para o misterioso jogador que faleceu em circunstâncias nebulosas na manhã de 1946.

    Bebedor contumaz, para quem cerveja, conhaque, vinho ou vodka desciam com igual facilidade e desde o café da manhã, jogando até mesmo partidas de campeonato mundial em estado de embriaguez. Supersticioso e adorador de gatos. Antissemita. Fanático por xadrez, o jogo que salvou sua vida após a Revolução Russa. Uma sentença de morte foi emitida contra Alekhine, que tinha origem nobre. A sentença precisava da assinatura de cinco juízes, mas um deles se recusou a assinar em consideração aos feitos de Alekhine nos tabuleiros. Diz a lenda.

     

    Até hoje protagonista da maior zebra em campeonatos mundiais de xadrez, o que pode ser surpreendente para nosso olhar de hoje, mas em 1927 ninguém acreditava que ele pudesse vencer Capablanca. Até hoje o único campeão mundial que morreu com a coroa, se bem que ele não duraria muito tempo no trono do xadrez.

     

    A maioria queria acabar na marra com o reinado de Alekhine, por sua simpatia aos nazistas. Os soviéticos queriam um match contra Botvinnik e já estavam em negociações avançadas. Enquanto isso ele levava uma vida pobre e solitária em Portugal, com a saúde debilitada e, no máximo, 2 anos de vida. Isso se parasse de beber.

     

     

    Alekhine olhando para o vazio, certamente analisando alguma variante. Fonte da imagem: Chess.com

    Na fatídica manhã de 24 de março de 1946, Alekhine foi encontrado morto no Park Hotel, em Estoril. Esse hotel era separado por duas alas, uma controlada pela aliança ocidental, outra pelos soviéticos. Um lugar repleto de espiões. Perto do seu corpo, um gato e um tabuleiro de xadrez, duas das suas paixões.

     

    Aniquilado pela bebida, por espiões ou pelos dois, mas imortalizado pelo xadrez. Gerações de enxadristas estudaram e ainda estudarão as partidas turbulentas de um gênio dos tabuleiros que teve uma vida cercada de mistérios.

     

    [ Veja aqui meu vídeo analisando uma das melhores partidas da carreira do Alekhine e uma das melhores da história do xadrez ]

     

    Deixe nos comentários as suas impressões sobre a vida e obra de Alekhine: qual a sua partida favorita dele?

    Uma resposta para “O Triunfo e a Tragédia de Alexander Alekhine”

    • Reinaldo Silva

      Quais são as fontes bibliográficas para escrever esta biografia de Alexandre Alekhine?

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