Eu aprendi a jogar xadrez com 6 anos. Tenho algumas histórias interessantes para contar sobre esses tantos anos de torneios. O relato da minha primeira competição pode mostrar por que perder partidas é ótimo para o aprendizado.
Por algum motivo estranho, em 1986 fui inscrito para disputar os Jogos Escolares Maranhenses representando minha escola. Eu havia aprendido a jogar alguns meses antes. Eu era tão pequeno que minha mãe precisava colocar um apoio na cadeira para que eu pudesse sentar e ainda assim enxergar o tabuleiro.
Eu era otimista (talvez todas as crianças sejam). Tinha certeza de que venceria todas as partidas. Avisei meu avô antes do torneio que iria ganhar todas. A realidade foi um pouco mais dura – perdi todas as partidas.
Todo os dias meu avô perguntava o resultado e eu respondia enfurecido que havia perdido. Isso se repetiu do primeiro até o último dia (não me lembro quantas partidas foram).
Mas eu fiz uma promessa para o meu avô depois de perder a última. Eu iria estudar e no próximo torneio ganharia pelo menos uma. E avisei o meu pai que ele tinha que me treinar.
Um ano de estudo é muita coisa quando você tem apenas 6. Tive a sorte de ter uma casa recheada de livros de xadrez. Li todo o “Xadrez Básico”, vi as partidas do livro do Fischer. Comecei a resolver exercícios de tática todos os dias.
No ano seguinte, ganhei todas as partidas e viajei para disputar o meu primeiro campeonato fora de São Luís. Não parei mais de treinar e jogar torneios.
Uma derrota geralmente ensina muito mais do que uma vitória. Para melhorar no xadrez você precisa de persistência e hábito de estudo. Não há atalhos.
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