Ontem foi dia de descanso no Norway Chess 2015. Na verdade, não foi não. Mas, convenhamos: a sétima rodada não empolgou. De toda forma, coloquemos a culpa em nossa cultura “futebolística”: como só houve empates (alguns consideravelmente rápidos) e nenhuma “bola na rede”, logo, não valeu o ingresso.
Na oitava rodada, que aconteceu hoje, tivemos um pouco mais de emoção: Anand venceu Hammer, o líder Topalov caiu diante de Giri e Carlsen parece ter espantado de vez a má fase vencendo seu freguês Aronian (a última vez que o armeno venceu o campeão mundial foi em 2009).
Mas ao que tudo indica as emoções enxadrísticas estão – ao menos momentaneamente – bem distantes do Reino da Noruega.
É que na partida entre os Tops-GMs Leinier Domínguez e Ian Nepomniachtchi, no Memorial Capablanca, que está acontecendo em Cuba, vimos outra pane na Matrix. O jogador da casa, Domínguez, depois da jogada 60, pensou que havia acréscimo de tempo após ter efetuado o lance 60 e acabou deixando cair a sua seta. Os telespectadores cubanos olharam incrédulos e o árbitro teve que conceder o ponto a Nepomniachtchi (quase uma nova “Crise dos Mísseis” aconteceu). Deja vú? Sim, Carlsen, na primeira rodada do Norway Chess. Mas é provavelmente assim que separamos os jogadores imortais dos banais: os imortais fazem escola não só com as coisas boas.
Mas falando em imortais e controle de tempo, o que você acharia de 40 horas seguidas frente a um tabuleiro de xadrez? É o que está acontecendo na Noruega, no Hotel Scandic Forus, sede do Norway Chess, entre dois noruegueses. Mas calma! Não é entre o Carlsen e o Hammer esta aventura!
No dia 22 de junho, às 16h, Joachim Berg-Jensen (elo 2183) e o MI Magne Sagafos (2418), ambos de 31 anos, começaram uma nova maratona blitz para bater o recorde anterior – e, talvez, eles ainda estejam lá agora, “batendo peça” e prontos para terem um colapso nervoso…
Segundo a página do Guiness Book, a maratona mais longa de xadrez aconteceu em dezembro de 2010 entre os alemães Daniel Häußler e Philipp Bergner. A maratona chegou a 40 horas e 20 minutos (!) – e, talvez, as horas dessa maratona poderiam ser dobradas se o duelo só terminasse quando o Galvão Bueno conseguisse pronunciar corretamente o sobrenome do primeiro jogador alemão. Fica a sugestão para a próxima.
O ritmo das partidas entre Joachin e Magne é de 5 minutos, sem acréscimo – um deles poderia “não saber” da falta do acréscimo e perder todas as partidas por queda da seta e, assim, entrar no Guiness com “o maior Deja vú do mundo”. Mais uma dica que deixamos aí.
A odisseia prevê, para cada hora de jogo, 5 minutos de descanso. Caso os jogadores descansem mais do que 5 minutos, o tempo a mais é acumulável – ou seja: finalmente, neste mundo do xadrez, alguma coisa voltou a ter acréscimo.
Por fim, os “maratonistas”, que estão sendo acompanhados por várias testemunhas que registram o fato para dar validade ao evento, dizem que estão confiantes em atingirem um novo recorde – inclusive de mais de 50 horas (!).
Dica final: caso o Magnus perca mais uma partida, ele pode ser obrigado a ficar como comentarista do match depois das 20 primeiras horas – em que a qualidade das partidas deve estar atingindo o ápice da excelência.
Em 2013, na Universidade de Keele (Inglaterra), Matthew Carr e Fraser Greenroyd jogaram uma maratona blitz por 44 horas e 2 minutos. Mas, não se sabe por que, mesmo tendo contato o Record Guiness antes e depois da maratona, os jogadores não tiveram o recorde “computado”.
Fotos: Chess24.com
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão em 24.06.2015.
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