Texto de Rubén Felgaer. Tradução de Rafael Leitão.
Para todo enxadrista está claro que a foto do homem festejando se trata de uma publicidade e dificilmente é algo que veremos em um torneio. E a forma com que tradicionalmente se encara a vitória no xadrez é algo que sempre me chamou a atenção e gostaria de falar sobre isso neste artigo.
Está sem tempo para ler? Escute a versão em áudio do artigo!
Nestes dias está sendo disputado em Copenhague, Dinamarca, a Politiken Cup, um dos torneios abertos com mais história e prestígio da Europa.
Neste mesmo certame, mais de uma década atrás, consegui o título de Grande Mestre, ao dividir a primeira colocação com Tiviakov e Beliavsky.
Recordo-me o dia crítico em que necessitava de meio ponto contra Epishin para conseguir a aguardada terceira norma. Meu rival, com 2652 pontos elo, era um jogador de categoria mundial em 2002, enquanto eu tinha apenas 21 anos e nenhuma experiência.
Finalmente consegui levar o ponto inteiro na dita partida. Desde já, no mesmo momento que meu rival estendeu sua mão, me invadiu uma alegria gigantesca, mas o que fazer com ela?
Todos sabemos que no xadrez festejar os pontos é mal visto. Sem ir mais longe, anos atrás, em uma partida disputada em Buenos Aires entre dois mestres internacionais conhecidos, um deles, ao vencer em um apuro de tempo furioso, não conseguiu se controlar e gritou GOOOL! (sim, GOL?!?). Digamos que não foi bem visto e esteve muito próximo de voltar à sua casa não apenas com o ponto, mas também com um olho roxo…
Uma exceção! Magnus Carlsen comemora seu título mundial. Já era hora de alguém se animar!
Saí à rua querendo gritar, saltar, fazer algo! Entretanto, me conformei em voltar ao hotel e começar a preparar para a última rodada contra Tiviakov. (N.T.: Minha sensação foi parecida em alguns dos momentos mais emocionantes da minha carreira. Em 1991, ao vencer a última partida do Mundial sub-12, conseguindo o título, meu pai saiu correndo das arquibancadas para falar comigo, em estado de êxtase total, enquanto eu calmamente me retirava do salão de jogos. Já em 1996, havia combinado com Gilberto Milos – meu treinador à época – que faríamos uma comemoração estilo “NBA” e reproduzimos no meio do salão uma cena um tanto patética ao pularmos como jogadores de basquete. Curiosamente eu e meu amigo Felgaer tivemos um momento concomitante de vitória na Copa do Mundo 2013, em Tromso. Ambos vencemos a partida decisiva no desempate, o que nos garantiu a vaga na segunda rodada. O detalhe é que estávamos totalmente perdidos, então a adrenalina estava a mil. Saímos imediatamente do salão de jogo e gritamos a todos pulmões. Como se vê, eu era mais maduro com meus 11 anos…).
Soa muito decepcionante, já vi pessoas festejarem muito mais ao ganhar uma partida de metegol (N.T.: o que será isso? Algum esporte praticado só em Buenos Aires?), do que eu celebrei ao obter o título máximo no xadrez.
Somente com os anos compreendi que os triunfos no xadrez se festejam em fogo lento. Certas conquistas criativas nos seguirão dando satisfação para toda a vida. Basta que algo nos lembre uma ou outra partida para que, sem nos darmos conta, comecemos a sorrir. (N.T: Sinto exatamente o mesmo ao me lembrar da partida que me garantiu o título de GM, contra Baburin, em 1998, até hoje a melhor da minha carreira).
Então vejam, se está jogando um torneio na Dinamarca e eu escrevendo tudo isso só para mostrar a seguinte partida…
Ver Felgaer vs Hector, Politiken Cup 2002
Texto de Rubén Felgaer. Tradução de Rafael Leitão.
Atualmente, estou tentando comemorar como o Karpov.
Bela partida! Ótima mobilização de peças. Dá pra dar uma aula com essa partida.
hahhaha ... comigo aconteceu assim, durante um campeonato cearense, eu pedi a vitoria por causa de um celular que estava ligado e tocou no silencioso durante a partida..conforme tinha sido acertado no congresso técnico, celulares tinham de permanecer desligados..isso por causa das famosas dicas: quando ele tiver perdido, eu ligo pro seu celular , ele vibra e você só precisa procurar o ganho.. mas ai, muitos vieram dizer que eu não tinha condições de ganhar do dito cujo e por isso apelei, e isso e aquilo.. não tinha sido tomado nem sequer um peão e a posição era igualada.. logo depois, teve outro torneio, e na 3 rodada, la estávamos de novo.. os mesmos adversários , com cores invertidas e os ânimos acirrados..de repente, vou perder uma qualidade, mas como compensação fico com um poderoso par de bispos, olhando pra um rei meio nú. de repente, um erro.. e eu ganho um bispo, ficando 2 bispos x torre e a posição do adversário em frangalhos.. resultado ele perdeu de novo, os idiotas que disseram que eu não poderia vence-lo ficaram com cara de tacho e no final da partida gritei no salão vazio pra um amigo : tem que ter culhão!! tem que ter culhão pra jogar essa merda...o cara ficou puuuuuuuuuuto da vida...
Ué...pensei que vc ytinha ganho o título contra o Suat Atalik...rsrsrs
metegol é pebolim