“Ninguém baterá tão forte quanto a vida. Mas não importa o quanto você bate, mas sim o quanto você aguenta apanhar
e continuar seguindo em frente”.
Rocky Balboa, (2006)
Não tem jeito. Quando o assunto é bater, e apanhar, sobretudo bater apanhando – se é que isso faz sentido –, impossível não lembrar, mais uma vez, da figura mitológica de Rocky Balboa (encarnado pelo shakespeariano Sylvester Stallone).
Falem o que quiser. Mas não existe outro nome para a técnica utilizada por Karjakin, até agora, que não seja “a estratégia Rocky Balboa”?
E no que consiste tal refinamento comportamental? Vejamos: apanhar, apanhar; defender, defender; até o adversário ficar tão cansado de bater que, aí sim, num esforço hercúleo, surge o golpe derradeiro (ou, no mínimo, uma troca insana e primitiva de socos – onde tudo pode acontecer e, aí, não existe mais favoritos). Adversário na lona. Vitória. Eis o “Campeão dos Campeões”.
E não é a primeira vez que Karjakin utiliza este estratagema – clique aqui e entenda.
E mais uma vez de brancas Karjakin não conseguiu colocar nenhum problema para Carlsen (que fugiu, de novo, da sua favorita Defesa Berlinesa). Pelo contrário: Karjakin não só não criou problemas como, rapidamente, Carlsen conseguiu uma posição igual na abertura e, após o duvidoso 18. Bxh6, além do péssimo 19. Bxc4, o russo se viu numa posição inferior. E a vantagem de Carlsen foi aumentando…
Já no final, quando tudo parecia decidido, o controverso lance 45… f4 de Magnus parece ter subestimado a fortaleza defensiva de Karjakin. Mas Magnus tentou… E como tentou. 94 lances. 94 golpes? Karjakin cambaleou, mas saiu de pé…
“Hehe, escapei de novo…”
Na coletiva de imprensa, Magnus disse:
“Normalmente, não sou de acreditar em fortalezas no xadrez. Há jogadores como Anand que tentam construir uma fortaleza sempre que está pior, mas eu tenho experiência em derrubar estas fortalezas. Eu simplesmente pensei que era uma vitória simples após 45… f4 já que havia visto o plano de levar o Rei ao flanco dama. Fui muito, muito, descuidado. Eu o felicito por haver encontrado a defesa, mas apenas acredito que foi um momento muito ruim meu.”
“Hum… Acho que fiz bobagem…”
Como muito bem sintetizou nosso GM Rafael Leitão (clique aqui e veja as análises da partida) qual dos ditados, agora, se mostrará o verdadeiro:
“água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”
ou
“quem não faz, leva”?
Enfim: será que ninguém bate mais forte do que a vida? Hoje vamos continuar descobrindo.
FONTES
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 17-11-2016
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