Não foi dessa vez que o marcador foi alterado. Mas foi quase. E desta vez, quem diria, foi justamente Karjakin quem quase abriu o placar.
E parece que todos os telespectadores já estão se acostumando com a ideia de que o match não irá apresentar partidas “espetaculares” do ponto de vista agressivo, tático, etc – ao menos agora, terminando a primeira metade do encontro. Ambos os jogadores possuem na essência dos seus estilos o apreço pelos pequenos detalhes, pelas sutilezas das posições – poderíamos até mesmo dizer, ao menos sobre Carlsen, das filigranas da posição. E, aparentemente, o título será decidido aí: nos detalhes.
Contudo, a outra constante que vai acompanhando o match são as investidas de Carlsen e a defesa de Karjakin. E aí é que mora o perigo: Karjakin parece ir colocando “as manguinhas de fora”.
Na partida tivemos a primeira, pequena, mudança: Carlsen escolheu a, de volta à moda, Abertura Italiana (ou “Gioco Piano”, para os íntimos) e, assim, fugiu de mais uma Ruy Lopez – Berlinesa ou não. Contudo, a mudança da abertura não foi suficiente para mudar o tipo de posições em que ambos estão jogando até agora. De toda forma, apesar da posição igual após a abertura, é preciso ater-se ao fato que, ao seu modo, Carlsen buscou algum desequilíbrio. 14.Bxf7 e 18.Ce5 demostram isso. Entretanto, talvez pela primeira vez no match, Karjakin conseguiu vantagem.
Tanto é que Karjakin, fiel ao que parece ser sua estratégia no match, preferiu recuar e, mais uma vez, aguardar os acontecimentos. Carlsen então tentou forçar e quase acabou entrando em complicações onde, se Karjakin, após sacrificar muito bem um peão, houvesse jogado 43…Th8 ao invés de 43…Bd5, a posição do norueguês seria de difícil defesa (clique aqui e confira as análises do GM Rafael Leitão para a partida). Ou então veja o vídeo:
No final das contas, desta vez, quem escapou foi Carlsen que, na coletiva de impressa, apareceu nitidamente chateado e impaciente. Mais que isso. Podemos dizer que sua atitude foi, no mínimo, grosseira: cheia de caras e bocas, dando respostas curtas e desinteressadas, acabou passando longe da postura que se espera de um jogador – pois maior que seja o pesar de não haver ganhado, ou de quase ter perdido, é preciso considerar a impressão que tais atitudes causam em todos ali. E nem vamos falar do desrespeito com o próprio adversário, já que Karjakin era só sorriso – ao que parece aquela sua declaração antes do match, de quem sentiria a pressão para vencer seria Carlsen, parece ter sido certeira.
Ainda continua a dúvida:
“água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”
ou
“quem não faz, leva”?
Siga nosso canal no Youtube!
FONTES
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 18-11-2016
http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/na-luta-do-seculo-em-1974-muhammad-ali-cassius-clay-venceu-george-foreman-14404806
Carlsen ainda é o favorito.
Karjakin não é Cassius Clay, porém ...