E terminou o sensacional Campeonato Europeu por Equipes 2015! Da cova, Vladimir Maiakóvski grita “a pleno pulmões”; Fiódor Dostoievski, sem “Crime”, nem “Castigo”, engrossa o coro; Tóstoi, no calor da “Guerra”, embora sempre na “Paz”, decreta: É TETRA!!! É TETRA!!! Não, espere um pouco, isso é outra história…
…Ou não: Sem contarmos os títulos da URSS, a Rússia foi Campeã do Europeu por Equipes em: 1992, em Debrecen (Hungria); 2003, em Plovdiv (Bulgária); 2007, em Creta, na Grécia; e agora, 2015, em Reykjavik – que se você não sabe que fica na Islândia é melhor ir jogar polo aquático (e, de preferência, em algum lago da própria Islândia). Enfim: É TETRA!!! É TETRA!!!
[É TETRA!!! É TETRA!!!]
E o “pior” vem agora, fino, porém cético, leitor: adivinhe quantas vezes a equipe Feminina Russa, que também venceu (dobradinha!), já havia sido campeã anteriormente? Como diria o nosso Chico Buarque – que pouco tem de russo, embora quase tenha tido um “Irmão Alemão”: “Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas; os búzios, tratados, projetos; profetas; Se dane o evangelho e todos os orixás”! Vamos lá: 2007, em Greta (Grécia); 2009 em Novi Sad (Sérvia); 2011 em Porto Carras (também Grécia); e, claro, 2015 (Reykjavik). Enfim: É TETRA!!! É TETRA!!!
[É TETRA!!! É TETRA!!! – Irresistível! É muita numerologia para deixarmos passar!]
É preciso mensurar nisto o nosso já costumeiro “palpite” certeiro onde na primeira matéria desta série (veja aqui) perguntamos se a Rússia, desta vez, iria “desencantar” (depois de algumas decepções nas últimas Olimpíadas e inclusive neste Europeu por equipes, já que o último título havia sido em 2011 com o Feminino e no masculino no longínquo 2007). É mais do que evidente que nossa pergunta foi retórica e mais uma afirmação do que um mero “chute” (algo que não fazemos aqui – como já deixamos subentendido em alguns posts anteriores sobre a Copa do Mundo de Xadrez deste ano).
[Nós já sabíamos: “We are the champions, tovarishch!”]
Mas, sobre o final, a dupla vitória russa e o resultado final do evento:
No melhor estilo “arroz com feijão”, as equipes russas, tanto no Feminino quanto no Absoluto, não deram um show. Venceram os matchs, sem muitos riscos (o que não quer dizer sem alguma emoção) e souberam apostar nas boas escalações, além do revezamento inteligente entre os atletas que, de um modo geral, eram mais ou menos da mesma força (já se foi o tempo em que mitológicos Kasparov e Karpov só jogavam, na maioria das vezes, quando o outro saía…). Podemos ver isso, por exemplo, nas medalhas por tabuleiro: somente duas medalhas para a Rússia e na equipe feminina: Kateryna Lagno foi prata no segundo tabuleiro e Aleksandra Goryachkina foi ouro no primeiro. No masculino o melhor tabuleiro russo foi Peter Svidler: sétimo lugar. Aliás, sobre os melhores tabuleiros do Absoluto – só as medalhas de ouro, portanto:
1º Tabuleiro: Viktor Bologan (2630), da Moldávia: 7,0 pontos e performance de 2845(!); 2º Tabuleiro: Richard Rapport (2693), da Hungria: 6,5 pontos e performance de 2828; 3º Tabuleiro: Levan Pantsulaia (2567), da Geórgia: 6,5 pontos e performance de 2868 (a maior do torneio!); 4º Tabuleiro: Hrant Melkumyan (2632), da Armênia: 6,5 pontos e performance de 2770.
E sobre estes, mais uma observação certeira, desta vez do nosso próprio chefe, o GM Rafael Leitão. Sobre Viktor Bologan, Rafael comentou o seguinte (na “partida do dia” em 17 de novembro):
“Viktor Bologan, pupilo de Dvoretsky e ex-analista do Shirov, é um veterano lutador. Apesar de apresentar certas oscilações no seu jogo, refletidas nos altos e baixos do seu rating, é um jogador que pode vencer mesmo os melhores do mundo. Ele está acostumado a procurar ideias criativas e exóticas – como Dvoretsky e Shirov também gostam. Mesmo sem conseguir grande coisa na abertura, vejam o que ele foi capaz de fazer contra o super preparado Wojtaszek”.
É claro: veja as análises desta partida clicando aqui.
[Aronian, medalha de prata no primeiro tabuleiro e Viktor Bologan, medalha de ouro]
Aliás, aproveitando a aparição de Aronian na foto acima, foi da Armênia a medalha de prata no Absoluto – e a coesão e união dessa equipe é sensacional, haja vista a solidez de todos os integrantes da equipe. Mesmo Aronian, que começou irregular, “ganha-perde-ganha-perde” até a quarta rodada, engrenou três vitórias e dois empates nas 5 rodadas finais. Ficando, como visto acima, inclusive com a medalha de prata no primeiro tabuleiro. E além de Aronian, Gabriel Sargissian, segundo tabuleiro, terminou invicto a competição – assim como Hrant Melkumyan (2632), medalha de ouro no quarto tabuleiro.
Mas, apesar do “palpite” na Rússia e nossa admiração pela Armênia, impossível não confessar certa torcida pelo time da Hungria – que conseguiu segurar a badalada França (2×2); superar a derrota sofrida frente à fortíssima Ucrânia (2,5×1,5); e aplicar um belo placar no temido Azerbaijão (3,5×0,5) – que “chocolate”! Nem mesmo o “pé quente” Arkadij Naiditsch, que pareceu na “partida do dia”, saiu impune. Mas Além do simpático Peter Leko e da querida capitã Judit Polgar, a grande estrela da equipe húngara é o seu segundo tabuleiro: Richard Rapport – o “badboy”, o último romântico do xadrez (entenda tudo melhor clicando aqui). Nosso “anti-herói” é uma incógnita: até onde ele chegará com suas aberturas exóticas? E com aquele cabelo? Mistério… Em todo caso, vale a pena ver, além das outras partidas dele evidentemente, a vitória de Rapport, de brancas, em cima de Teimour Radjabov: Trompovsky? Sistema Torre? Veresov? Na definição de Sagar Shah, comentarista do ChessBase: “This, my dear friends, is no opening system. It’s just a cocktail of all the respectable opening lines to create an unusual variation”.
A classificação final do Absoluto:
# | EQUIPE | PONTOS |
1 | RÚSSIA | 15 |
2 | ARMÊNIA | 13 |
HUNGRIA | 13 | |
França | 13 | |
5 | Ucrânia | 12 |
Alemanha | 12 | |
7 | Azerbaijão | 11 |
Espanha | 11 | |
Geórgia | 11 | |
Inglaterra | 11 |
Parabéns aos Campeões: É TETRA!!! É TETRA!!!
Fontes:
European Team Chess Championship
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 26.11.2015.
A lendária cidade de Reykjavik fica na Finlândia mesmo ????? Sou um exímio leitor aqui da Academia mais eu não sabia q ficava na Finlândia pensei q ficava em algum outro país aquele lá aonde o Fischer morreu né ?? A Islândia eu acho ...
É Islândia! E é pra lá que eu vou mandar o redator depois dessa kkk...
Ahhhh, será que ninguém mais entende ironia aqui? Eu que vou para lá por livre e espontânea vontade... (colou?)