Grandes Enxadristas: A História de Akiba Rubinstein

    Akiba Rubinstein nasceu no dia 12 de outubro de 1882, em Stawiski (Polônia). Ele foi o 12º filho de um professor e falava com fluidez três idiomas: polonês, russo e alemão. Rubinstein passou a juventude na cidade de Lodz, também na Polônia, onde existia um grupo de enxadristas fortes, liderados por Georg Salwe, seu primeiro adversário mais sério.

    A nível internacional, Rubinstein se fez conhecido a partir de 1906, quando conquistou a terceira colocação no torneio de Ostende (Bélgica), atrás dos renomados Schlechter e Maroczy. No ano seguinte, Akiba demonstrou evolução para vencer em Ostende, Carlsbad (República Tcheca) e o 5º torneio Pan-Russo, em Lodz.

    Já na terceira rodada de São Petersburgo, em 1909, Akiba Rubinstein derrotou o então campeão mundial, Emanuel Lasker, em uma partida histórica. Por fim, ambos acabaram compartilhando a primeira posição com 14.5 em 18 rodadas, 3.5 pontos na frente do terceiro colocado. Destaque também para o torneio de San Sebastian, Espanha (1911), onde Akiba venceu José Raul Capablanca.

     

    Por que Rubinstein não disputou um match pelo Campeonato Mundial?

    Lasker x Rubinstein: o match nunca realizado!

     

    De fato, entre 1907 e 1912 ficou claro que Akiba Rubinstein era o desafiante natural para o match pelo Campeonato Mundial. No entanto, sem maiores julgamentos, é possível dizer que os acordos com Lasker eram difíceis, pois não existia uma regulamentação específica para o match. Até o horário das partidas, manhã ou tarde, foi um empecilho para a realização da disputa.

    No livro Meus Grandes Predecessores – Volume I, é possível encontrar algumas opiniões sobre o tema:

    Botvinnik: “Lasker, como um grande psicólogo, sabia quando deveria evitar um match (pela excelente forma do rival), e quando, por outro lado, era conveniente lutar. Assim fez com Tarrasch, Rubinstein e Capablanca. Contudo, devemos condená-lo por isso? Não existiam regras e o campeão fazia seus critérios. Nesse sentido, Lasker era diferente de Steinitz, que nunca rejeitou um desafio”.

    Na opinião de Kasparov, o perfil de Rubinstein também não contribuía nas negociações: “… era extraordinariamente modesto e tímido, mas o mais importante era a sua falta de praticidade”.

    Já na sequência, Lasker defende a profissionalização, conta seus temores e justifica suas ações: “Estava disposto a jogar contra qualquer um, mas com uma única condição: o mundo do xadrez deveria querer ver o duelo e esse desejo deveria se confirmar verbalmente e materialmente. Não quero ser objeto de exploração. Kieseritzky, Zukertort, Mackenzie, Pillsbury e Steinitz acabaram nas mãos da assistência social, com transtornos mentais, morrendo nos hospitais. Eu estava disposto a entregar minha habilidade, enriquecendo o mundo do xadrez, desde que fosse com responsabilidade e compromisso”.

     

    Primeira Guerra Mundial e o fim precoce da carreira

    De uma forma ou outra, infelizmente, o match Lasker x Rubinstein nunca aconteceu. Em 1914, as três federações mais importantes da época (Rússia, Alemanha e Grã-Bretanha) decidiram que o campeão do super torneio de São Petersburgo daquele ano iria ser o desafiante de Lasker. Caso o campeão viesse a conquistar o título, ele automaticamente manteria a coroa do xadrez mundial.

    O torneio teve 11 jogadores num formato de liga, onde os cinco primeiros se classificaram para a próxima fase. Na ordem, Capablanca, Lasker, Tarrasch, Alekhine e Marshall foram os classificados. Destreinado, Rubinstein perdeu para o campeão mundial em uma partida espetacular e terminou apenas na sétima colocação. No final, Capablanca venceu a disputa e se tornou o desafiante.

    Ainda em 1914, a Primeira Guerra Mundial iniciou e Akiba Rubinstein foi seriamente prejudicado. A precariedade e a angústia da ocasião afetaram definitivamente seu sistema nervoso. O enxadrista ainda teve uma ou outra atuação positiva na década de 1920, mas os problemas psiquiátricos deixaram seu comportamento excêntrico.

    Depois de 1932, Rubinstein não disputou mais torneios. Sua saúde mental não melhorou e o enxadrista acabou num sanatório. Bem ou mal, esse fato o protegeu dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Por fim, foi parar num asilo na Bélgica, onde faleceu em 14 de março de 1961, aos 78 anos.

    Torneio de Berlim, 1908

     

    O legado de Akiba Rubinstein

    Na visão de Kasparov, “…sua importância para o desenvolvido do xadrez foi negligenciada durante muitos anos. Ao contrário de Tarrasch e Nimzowitsch, Rubinstein não documentava suas descobertas, no entanto, o xadrez moderno é fortemente influenciado por seus conceitos, sendo considerado um dos pais da história moderna”.

    Por fim, cabe mencionar a habilidade magistral que Rubinstein conduzia os finais. Além disso, suas contribuições para a teoria de aberturas são dignas de debate até os dias de hoje, em especial na: Defesa Francesa, no Gambito de Dama, na Defesa Siciliana e na Ruy Lopez.

     

    E para você, a explicação de Lasker foi suficiente? Quem tem razão nessa história? Deixe sua opinião nos comentários.

     

    Referências bibliográficas:

    “Mis Geniales Predecesores – Parte I”, Kasparov, Garry, pág. 193 a 214.

    Akiba Rubinstein– Um gênio sem sorte? – Vargas, Marcio, 30∕04∕2008, disponível em: http://www.cxc.org.br/arquivos/RubinsteinI.pdf.

     

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