De 3 a 8 de junho, na kafkiana cidade de Praga, na República Tcheca, aconteceu um interessante match entre dois dos últimos românticos do xadrez (embora cada um ao seu modo. E nada melhor que falar de romantismo em pleno dia 12 de junho…). Tais românticos são o GM húngaro Richard Rapport (2731) e o GM tcheco David Navara.
A nossa definição feita um ano atrás, durante o Biel Festival, na Suíça, para estas duas figuras ímpares do xadrez mundial, parece ainda fazer muito sentido:
“Navara faz o tipo bom moço, politicamente correto, cordial, embora um tanto quanto alheio ao mundo exterior – é um romântico no sentido mais suave da coisa: vê um mundo mais belo, sublime (para mais detalhes desta figura sensacional do xadrez mundial, adquira aqui uma das mais divertidas palestras da Academia – na qual os GM’s Alexandr Fier e Rafael Leitão analisam duas partidas de Fier contra Navara, jogadas este ano [agora, ano passado]. Fier mostra as variantes que calculou durante a partida; o que deixou escapar; e conta também as histórias de suas sessões de análise “post mortem” com o brilhante GM tcheco).
Já Rapport, não. Rapport é rock and roll. Verdadeiro bad boy (cabelo estilizado, aberturas que beiram o suicídio e até mesmo o desrespeito), está mais para um romântico gótico, meio alucinado, violento. A vida é curta demais: let´s go, baby.”
[Um encontro de românticos…]
Curiosamente, naquela oportunidade, no confronto direto, o GM tcheco levou a melhor. O estilo insano e destemido de Rapport falou mais alto. Mas do ponto de vista negativo, contudo, nada como o tempo para transformar as coisas e cicatrizar as feridas (em Dia dos Namorados todos os clichês são permitidos…).
Desta vez foram 4 partidas disputadas, sendo que o empate aconteceu nas três primeiras. Entretanto, na última partida, Rapport, de pretas, jogando a pouco usual na elite Defesa Alekhine (para delírio do GM Alexandr Fier – o nosso romântico), o GM húngaro conseguiu ludibriar, através de promessas tão características de qualquer tipo de romântico, o gentleman Navara. Muito provavelmente, usando a Defesa Alekhine, Rapport não deve ter chegado a prometer amor eterno, mas deve ter deixado passar a impressão que iria ser um bom garoto e que iria segurar, obedientemente, uma posição passiva – e, pasmem, tudo isso com as benções de Spassky x Fischer (1972)! Pois é… Spassky, Fischer… Navara devia ter desconfiado… Doce ilusão – típica dos românticos…
O ponto é que Navara acabou cometendo um erro tático muito pouco comum para o seu jogo e Rapport, conquistador, não deixou passar em branco. O amor também dói… Vitória de Rapport. Confira as análises do GM Leitão para esta enamorada partida.
[Rapport e seu ar de gênio atormentado a la Crepúsculo]
Parabéns a Rapport e a todos os românticos!
Fontes:
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 12.06.2016.
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