Dominando O Relógio: Como Gerenciar Seu Tempo Durante A Partida

    Dominando O Relógio: Como Gerenciar Seu Tempo Durante A Partida

    Sabemos que o xadrez é um jogo bastante complexo, e dominá-lo requer muito estudo, treino, paciência e tempo. Às vezes, toda uma vida de xadrez ainda não é suficiente para isso, como bem assinalou o mestre americano Napier: “Do xadrez se disse que a vida não é suficientemente longa para ele, mas isso é culpa da vida, não do xadrez”. Como sempre gostei de frases de efeito também, acho que esse é um prólogo adequado para o assunto do post de hoje: Como administrar corretamente seu tempo na partida.

    Apesar de ser conhecido como o jogo-arte-ciência, nesse momento deixaremos os dois últimos de fora, para focar especialmente no aspecto esportivo e competitivo do xadrez. Minha vontade de escrever um post sobre isso partiu de um comentário em minha página no Facebook, onde um enxadrista expôs a seguinte dúvida:

    “Percebo nas minhas partidas que é comum eu jogar um final que não é fácil com pouco tempo nesse ritmo 90+30 (o ritmo que estamos mais acostumados para torneios no Brasil). Você acha que seria bom se tivéssemos opções de torneios com ritmos maiores (tipo 2 horas, seguido de 1 hora, seguido de 15+30 ou algo assim)? Ou simplesmente eu devo continuar me dedicando e, quando meu nível subir até certo ponto, vou dar conta de jogar bem com 90+30? É que é meio frustrante jogar bem certas partidas e perder porque fez blunders, sendo que com mais tempo poderia ter jogado melhor.”

    Se identificou com essa pergunta em algum momento? Se sim, então esse post é pra você!

       Você antes de ler esse post/Depois de ler esse post

     

    Antes de mais nada, é importante esclarecer um ponto do texto: Não existe “um certo nível” onde se passa a gerenciar bem o tempo. Pela minha experiência, o conhecimento de xadrez ou habilidade de um jogador não está diretamente ligado a como ele lida com o relógio. Enxadristas de todas as faixas de rating podem ter esse problema, inclusive MI’s, GM’s e até mesmo Super GM’s (não tentem imitar o Grischuk em casa, crianças).

    Eu mesmo tinha problemas com o tempo até alguns anos atrás, quando era ainda MF, e isso contribuía em certo ponto para a instabilidade dos meus resultados. Após trabalhar para corrigir essa questão, sinto que minhas partidas melhoraram, pois aprendi a “guardar” o tempo para os momentos críticos, nos quais é necessário refletir com cuidado antes de tomar uma decisão importante. Espero que esse texto te ajude a melhorar seu jogo nesse aspecto também!

    O pesadelo de muitos enxadristas, e que por vezes se materializa no tabuleiro, é gastar muito tempo nos primeiros 20 lances da partida, não ter mais esse tempo quando chegam os momentos críticos ou os finais, e empatar partidas ganhas ou perder por erros causados pelo apuro.

    Esse é um filme que todos já assistimos e protagonizamos, mas com bastante esforço, é possível mudar o final. O mau gerenciamento do tempo pode ser atribuído a várias razões diferentes, portanto o primeiro passo é identificar em qual caso você se encaixa, e então trabalhar em cima disso. Por isso, listei alguns motivos comuns que causam esse problema, e técnicas para corrigi-los.

     

    1- O Perfeccionismo

    Esse é um mal que atinge muitos jogadores, e que costumava ser meu principal problema para gerenciar o tempo. No fim das contas, quase todo enxadrista cresce conhecendo a lenda Kasparov e de como ele buscava “a verdade” de cada posição, e acredito que alguns de nós acabamos sendo influenciados em alguma medida (quisera eu ter sido influenciado mais cedo pelo senso prático posicional do Capablanca rs).

    Mas levar isso ao pé da letra é um erro de interpretação: Em muitas posições, principalmente na abertura, há várias opções jogáveis, com diferenças mínimas entre elas, ou às vezes até sendo apenas uma questão de gosto qual variante escolher. Um exemplo clássico disso é a eterna questão de como posicionar as torres nas colunas centrais. Tomemos por exemplo a seguinte posição teórica, onde jogam as brancas:

     

     

    E agora? Tac1? Tad1? Tae1? Tfd1? e4? Se Caíssa soubesse quantas gerações de enxadristas desperdiçaram quantias inestimáveis de tempo tentando descobrir essa resposta, talvez voltasse no passado e impedisse que os homens aprendessem o xadrez. Afinal, todas essas opções (com exceção talvez de Tae1) são jogáveis, e se você gasta mais do que 2 ou 3 minutos para se decidir aí, já está desperdiçando seu tempo com 10 lances de partida.

    Na abertura, examinar a posição com uma lupa é inútil (se for uma Najdorf com Bg5 tudo bem): as opções são muitas, tente apenas descobrir a posição que mais lhe agrada, com o auxílio de cálculos curtos e objetivos, e baseado em bons conceitos posicionais. Assim, seu tempo será poupado para o momento em que realmente importa ser preciso e concreto nas análises: o meio-jogo.

    Outra falha comum ainda na abertura surgia quando o adversário jogava alguma ordem de lances estranha, ou cometia uma imprecisão: nessas situações, eu gastava preciosos minutos pensando e tentando descobrir a melhor forma de explorar o erro dele. Na minha cabeça, esse investimento de tempo, mesmo que significativo, valeria a pena, desde que eu encontrasse uma forma de obter vantagem na posição.

    Não poderia estar mais errado, e por uma razão muito simples: salvo casos de erros grosseiros, a experiência me mostrou que para se perder uma partida de xadrez é necessário cometer mais que um erro. Em muitos casos, você acaba gastando uma quantidade desproporcional de tempo em troca de uma vantagem que nem é tão tangível, e a consequência natural é que, alguns lances depois, com menos tempo para tomar decisões mais importantes, não consegue encontrar as melhores jogadas para manter essa vantagem.

    Portanto, investir muito tempo por pouca vantagem, definitivamente não é um bom negócio. E há ainda casos piores, onde por mais estranho que o lance adversário possa parecer, não é um erro, e sua posição é ainda jogável. Nesse caso, você está simplesmente trocando tempo por nada!

     

    Seja prático

    Tais situações, principalmente na abertura, devem ser tratadas de forma prática e objetiva: A menos que a posição pareça oferecer uma solução concreta e definitiva, tente buscar apenas uma posição agradável e de jogo fácil, não necessariamente com uma vantagem definida. Dessa forma, não será necessário se preocupar com o relógio tão cedo, e, colocando seu adversário em uma posição incômoda, ele tende a ser o primeiro a se apurar ou cometer um erro mais grave.

    Algumas experiências me levaram a mudar um pouco essa forma de pensar, mas duas delas foram mais marcantes (momento túnel do tempo).

     

    O conselho de um GM

    A primeira foi em 2014, quando então MF, joguei pela primeira vez os Jogos Abertos de São Paulo pela minha cidade, Osasco, e na mesma equipe estava um de nossos melhores GM’s, Giovanni Vescovi. Apesar de ser naturalmente o jogador mais forte da equipe, devido à nossa estratégia, escalamos o Giovanni na mesa 2, onde ele poderia pontuar mais (e de fato ele fez 100%) e eu na 1, o que também me deixou um pouco ansioso, apesar de ser um sinal de confiança da equipe no meu jogo, e eu também achava que podia pontuar contra os jogadores mais fortes de outras equipes.

    Essa ansiedade, porém, aliada ao meu típico perfeccionismo no tabuleiro, foram uma combinação desastrosa: derrotas contra Mecking, Leitão e Cubas, sendo que, à exceção da minha partida com Mecking, nas outras duas eu tinha posições muito boas e no pior dos cenários deveria empatar.

    O mau gerenciamento do tempo era especialmente perigoso naquele torneio (o ritmo era 1:30 nocaute), e nesses casos eram partidas decisivas. Após uma vitória na quarta rodada, no dia seguinte tínhamos um match decisivo contra a forte equipe de São José dos Campos, no qual eu enfrentaria um oponente mais do que preparado pra explorar minha inabilidade com o tempo: o GM Fier.

    Na véspera desse match decisivo, o GM Vescovi me deu um conselho que foi muito importante e que abriu meus olhos pra algo simples, mas que até então eu não tinha percebido. Ele me disse “amanhã você vai jogar contra o Fier, e ele vai querer te apertar no tempo. Mas não pense tanto, não tem problema se você ficar um pouco pior na abertura, ninguém vai se importar com isso. Não precisa ficar sentado ali tentando encontrar O Melhor Lance da posição, pensa um pouco e faça a jogada que te parecer melhor, e vai jogando, se ficar um pouco pior não importa, só vai jogando e não deixe ele ficar muito na frente no tempo, seja prático”

    Essa conversa me deixou muito mais tranquilo pra partida. Não só porque fiquei mais aliviado de saber que o Vescovi não achava minhas capivaradas tão feias, mas porque passei a perceber melhor que o xadrez de torneio é mais jogo que ciência, e que é mais importante e efetivo encontrar sempre um lance razoável ou bom, do que encontrar sempre o MELHOR lance. Com essa mentalidade consegui jogar muito melhor a partida do dia seguinte contra o Fier, e alcancei boa posição já na abertura, sem gastar muito tempo. A partida acabou empatando, mas a lição que ficou foi muito mais importante.

     

    Jogos Abertos do Interior 2014: Aprendendo com quem entende do jogo!

     

    Debates filosóficos no Maranhão

    No ano seguinte, estava jogando um aberto no Maranhão quando entramos nessa discussão eu e o GM Krikor Mekhitarian, mais adeptos do perfeccionismo nas partidas, e os GM’s Diamant e Mareco, que defendiam a tomada de decisões mais práticas e rápidas como melhor forma de obter resultados.

    Por mais que eu e o Krikor defendêssemos tenazmente a ideia de que tentar jogar o mais preciso possível é bom para seu xadrez, há um fato inegável: Fazendo uma rápida comparação, constatei que nós deixávamos escapar mais vantagens e posições superiores contra adversários de menor rating se comparados com Mareco e Diamant. Na filosofia, nossa ideia podia estar correta, mas, na prática, a deles se prova mais efetiva, e é isso que importa no xadrez de competição.

     

    Seja prático, mas não superficial

    Portanto, acabei aprendendo, tanto com minhas experiências, como dos melhores jogadores, que não vale a pena procurar sempre o melhor lance, pelo menos não em uma partida de torneio, e que em geral é mais importante ser prático e guardar seus minutos para quando os verdadeiros momentos críticos surgirem, nos quais é preciso calcular com precisão e avaliar mais detalhadamente as opções.

    O único perigo de uma postura mais prática é o extremo oposto, tornar-se um jogador superficial e que “empurra” qualquer lance, por isso é importante encontrar o equilíbrio: jogar rápido não significa jogar ao toque, ser prático não significa fazer o primeiro lance que lhe venha à cabeça. Pense, só não pense muito! A menos que seja necessário.

     

    Uma sugestão para administrar seu tempo

    Sugestão: Uma regra que usei por um tempo nas minhas partidas até me acostumar a jogar mais rápido a abertura, e que hoje passo pros meus alunos, é a “30 pra 15”, que consiste de gastar NO MÁXIMO 30 minutos para os primeiros 15 lances da partida. Essa quantia de tempo é até mesmo generosa demais, pois é tempo suficiente até se você já estiver fora da teoria já pelo lance 5 ou 6. Marque sua planilha no lance 15 antes do início da rodada, e quando chegar lá registre quanto tempo restou após efetuar o 15º movimento, se esforce para estar dentro do limite de 30 minutos e você verá como passará a jogar melhor e de forma mais prática a abertura.

     

    2- A Insegurança

    Por natureza, esse foi um mal do qual nunca sofri, mas que tenho presenciado ao longo dos anos em muitos jogadores e alunos. A insegurança pode andar lado a lado com o perfeccionismo e a combinação dos dois é bastante prejudicial: imagine quanto tempo gasta um jogador que só fica satisfeito ao fazer o melhor lance da posição, mas que nunca acredita encontrá-lo!

    A confiança desempenha um papel muito importante no xadrez, o jogador que não tem espírito de luta e confiança em suas habilidades normalmente não alcança grandes resultados. Portanto, se você se considera um jogador inseguro, é bom começar a mudar isso, não só pelo tempo, mas principalmente pelo seu xadrez!

     

    Minha experiência como treinador na Olimpíada

    Na última Olimpíada de xadrez, em Baku, Azerbaijão, estive desempenhando a função de capitão da seleção brasileira feminina, e, além da oportunidade de assistir de perto um evento tão grandioso, também pude trabalhar um pouco com algumas de nossas melhores enxadristas.

    Uma jogadora em particular me chamou a atenção, pois apesar de conhecer bem suas aberturas, gastava muito tempo nessa fase, e mesmo depois, onde alguns planos práticos se sugeriam no meio-jogo, ainda pensava por valiosos minutos; Caíssa cobrava com juros mais tarde, em posições críticas ou finais onde ela entrava no apuro, e, junto com o nervosismo de estar jogando uma Olimpíada, vinham as imprecisões.

    Percebendo isso, perguntei qual era a razão de pensar tanto, e ela me respondeu que calculava as posições, porém não tinha certeza de qual era o melhor lance aqui e ali. Então eu lhe disse que era assim mesmo, que em 99% das vezes não tínhamos certeza, mas era preciso ter confiança e fazer nossa decisão.

    Muitos jogadores não confiam na própria intuição, mas essa é uma arma muito poderosa e que não deve ser subestimada: quantas vezes você não pensou por muito tempo em uma posição, e ao analisá-la descobriu que o melhor lance era o primeiro que passou pela sua cabeça!?

    Quando a enxadrista em questão me perguntou como eu tinha trabalhado para melhorar minha confiança, fiquei sem saber o que responder: tanto quanto eu me lembre, isso sempre fez parte de mim e do meu jogo. Mas disse a ela que o mais importante era enfrentar o medo, confiar na sua intuição e naquilo que você calcula e enxerga no tabuleiro, nas primeiras vezes seria um grande desafio, mas ela perceberia com o tempo que podia tomar decisões boas com menos da metade do tempo que gastava em certas posições.

    Durante a Olimpíada, seu gerenciamento do tempo continuou sendo um obstáculo, afinal é difícil se livrar de velhos hábitos, mas desde então, seu controle tem melhorado constantemente, e essa melhora certamente tem lhe dado mais confiança no seu próprio jogo, contribuindo para bons resultados recentes.

     

    Sugestão para melhorar sua confiança

    Quando analisar um momento crítico na partida ou precisar encontrar algum plano para sua posição, mantenha-se fiel a seus lances candidatos. Confie na sua intuição: a resposta deve ser um dos dois ou três primeiros lances que vierem à sua mente. Trabalhe em cima disso confiando em seu cálculo e senso posicional, e se ainda assim houver dúvida, significa que a diferença entre os lances não deve ser tão grande, então você deve escolher o que mais lhe agradar.

    Claro, algumas vezes você pode falhar, principalmente no começo, mas use essa experiência para aprender a avaliar bem os momentos críticos, e principalmente, saboreie quando escolher confiantemente a jogada correta da posição! Os acertos lhe farão perceber que confiar no seu jogo é o melhor caminho para tomar decisões práticas.

     

    3- O Cálculo Deficiente

    Essa causa é talvez a mais comum e poderia ter sido até citada antes das outras duas, já que pode dar origem tanto ao perfeccionismo como à insegurança.

    A grande maioria dos enxadristas esquece de dar a devida importância ao cálculo, mas eu costumo dizer que “calcular tem que ser igual respirar pra um enxadrista, você precisa fazer isso até sem perceber”.

    Quantas vezes você não gastou quinze ou vinte minutos calculando uma sequência, e quando jogou, seu adversário tinha uma resposta que você furou três, dois ou até um lance depois? Imagine quanto tempo seria economizado se você estivesse calculando bem e encontrasse rápido a refutação da linha?

     

    Conselhos do GM Mareco

    Eu costumava ter um problema grave em relação aos recursos do adversário, que deixava passar com assustadora frequência. Em 2012, já tinha então por volta de 2250, quando fiz um treinamento de uma semana com o GM Mareco, e ele disse que meu cálculo furava muito mais do que o aceitável pro meu nível, principalmente no que dizia respeito aos recursos do oponente. Eu cometia exatamente o erro descrito: por vezes calculava linhas longas, que até eram corretas, porém deixava passar refutações simples no início das variantes.

    Quando falamos de melhorar o cálculo, há que se ter paciência: com bastante treino, consegui corrigir em boa parte essas falhas, mas levou praticamente dois anos. Porém, a recompensa é válida: hoje consigo enxergar melhor e mais profundamente as posições, os recursos escondidos e ideias táticas, e assim consigo tomar as decisões mais rápido e corretamente.

    Não esqueçam: o cálculo está presente em todos os aspectos do xadrez, e quando se calcula melhor, pode-se dominar o jogo melhor também, em todas as esferas, inclusive no controle do tempo!

     

    Sugestão para melhorar seu cálculo

    Tente descobrir primeiramente o que mais falha no seu cálculo. Se é a visualização em variantes longas, se são os recursos do oponente que passam batido, os lances candidatos, a falta de padrões táticos, etc. Em seguida, trabalhe constantemente, todo dia se possível, em cima disso, com exercícios cada vez mais difíceis. Leva tempo, mas acredite: depois de alguns meses, você notará uma melhora significativa, principalmente na velocidade com a qual enxergará linhas que antes levava tanto tempo para calcular.

     

    4- A Falta de Concentração

    Quando falamos de um esporte como xadrez, concentração deveria ser algo natural, certo?

    Errado. São poucos os jogadores que realmente se concentram nas partidas durante um torneio, pelo menos no Brasil. Nos Estados Unidos e na Europa, nos torneios que participei, o nível de concentração costuma ser maior: nenhum barulho incômodo no salão de jogos, e os enxadristas pouco ou nunca conversam entre si.

    A realidade do Brasil é muito diferente em vários pontos, por vezes o barulho no salão de jogos é uma condição “sine qua non” e está fora do nosso alcance controlar isso, mas os jogadores por aqui têm o hábito de levantar muito durante a partida, e conversar não só com frequência, como num volume que geralmente adotamos quando assistimos um jogo de futebol com os amigos. Parece difícil relacionar isso com gasto de tempo na partida? Deixe-me explicar.

    No começo do post, falei sobre como o xadrez é complexo. Sendo assim, para entender bem uma posição, é preciso se aprofundar, literalmente mergulhar nos detalhes e nuances das variantes, comparar as posições resultantes, etc. Vamos a um exemplo prático:

    Imagine uma partida entre dois jogadores que se contrastam, um é muito concentrado e pouco levanta da mesa, e o outro quase não para na mesma, e sempre está conversando durante a partida. Quando o momento crítico chegar, o primeiro jogador já estará imerso na posição, pronto para descobrir as ideias ocultas e desvendar o melhor caminho, enquanto o outro ainda precisa se ajustar à situação, considerar as opções, aprofundar as variantes… o segundo jogador está menos apto a encontrar as respostas para a posição, ou, na melhor das hipóteses, levará muito mais tempo que o primeiro pra isso.

     

    Conselhos do MI Pelikian

    Até meados de 2014 eu ainda tinha problemas de concentração, uma mania que trazia desde a infância. Quem chamou minha atenção para isso foi o MI Jefferson Pelikian, quando me ajudava a me preparar para o Floripa Masters, torneio onde fiz minha segunda norma de MI. Além das preparações específicas para os adversários, ele me falou sobre a importância de jogar uma partida totalmente concentrado e focado, sem levantar tanto ou desviar a atenção com outras conversas.

    Desde então, passei a me esforçar nesse sentido e, apesar de no começo ser bastante difícil- confesso que tinha vontade de levantar muito nas partidas- hoje estou mais acostumado e posso dizer que minha concentração melhorou muito, e em algumas partidas, principalmente quando preciso me defender ou aguentar posições inferiores, estar mais concentrado e por dentro da posição é um fator decisivo.

     

    Sugestão para melhorar sua concentração

    Tente levantar o mínimo possível durante suas partidas, mas principalmente, enquanto estiver sentado tente descobrir o máximo de detalhes possíveis sobre a posição: temas táticos, possíveis finais, mudanças na estrutura de peões, trocas de peça favoráveis, e por aí vai. Não confunda isso com “não levantar nunca”, afinal, também é importante respirar um pouco fora do tabuleiro, se exercitar e circular o sangue, pois passar muito tempo na mesma posição e sob a tensão da partida não é saudável.

    Porém, quando vamos ao banheiro ou tomar água durante a partida, podemos fazer tudo isso. No começo, será difícil, mas se você pensar que “nenhuma partida no salão é mais importante que a minha”, com o tempo a vontade de ver os outros jogos irá desaparecer, e você se verá muito mais focado na sua posição, e se surpreenderá com quanto tempo irá economizar pra tomar boas decisões no tabuleiro!

     

    Mãos à obra!

    Como podemos ver, há muitos pontos que podem ser trabalhados a fim de aprimorar seu gerenciamento de tempo na partida, e mesmo eu, depois de anos de experiência, tive que melhorar em pelo menos três deles para controlar melhor o relógio. Porém, com bastante esforço e paciência, literalmente dando tempo ao tempo, qualquer um pode melhorar isso também. Espero que as dicas desse post sejam úteis para você usar melhor seu tempo na partida e ajudem em seus resultados também!

     

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    11 Responder para “Dominando O Relógio: Como Gerenciar Seu Tempo Durante A Partida”

    • Chico

      post excelente. realmente bem esclarecedor e eu, quando jogava torneios, tinha problema de concentração por me levantar muitas vezes e as vezes por T.O.C mesmo. barulhos pequenos nas proximidades me atrapalhavam demais. as vezes um cara batendo forte no relógio da mesa ao lado já me atrapalhava completamente. eu resolvi isso usando protetor auricular, assim conseguia o silencio europeu comentado no post. melhorou bastante a questão da minha concentração. geralmente não tenho problemas com relógio exatamente pelo comentado pelo mi Renato, eu na maioria das vezes usava a intuição e não o calculo abstrato. as vezes simplesmente chegava a uma conclusão pensando " essa peça vale mais que aquela, tenho de evitar a troca.." . MI Limp aconselhava no minimo 2 min por lance em qualquer situação. quando precisasse calcular pra ganhar , então pensasse mais..

    • Henri

      gostei sim. Excelente.

    • Samuel S. Ferreira

      Muito bom!!

    • Adalberto Moraes

      Texto bom, boas reflexões, mas muito longo!

    • Reynaldo Carvalho

      De quem é o texto?

      • Rafael Leitão

        MI Renato Quintiliano

        • Reynaldo Carvalho

          Obrigado.

    • Valério

      Excelente!
      Obg Renato!

    • Moacir Bortoloso

      Muito bom e esclarecedor! Agora é tentar colocar em pratica!!!

    • Manuel

      Um artigo excelente e que em pouco tempo permite perceber como dominar o relogio. Algo que poderia levar anos para se entender.
      Parabens Mi Quintiliano.
      Manuel o portugues.

    • João victor

      Muito legal!

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