Enquanto o mundo gira e seus os insondáveis mistérios entre o céu e a terra não param de aumentar, nós, pobres redatores tupiniquins do tal jogo de xadrez, aqui na Academia, continuamos nossa árdua e shakespeariana batalha para proporcionar a melhor cobertura sobre tudo aquilo que acontece, ou não, dentro das 64 casas. E mesmo que isso signifique entrar de cabeça na Deep Web do xadrez virtual mundial: os famigerados e malditos sites norte-americanos de divulgação e cobertura dos torneios. Mas o motivo vale à pena: a vitória de nosso GM Felipe El Debs no WASHINGTON CHESS CONGRESS 2015!
O torneio, que começou no dia 7 e terminou no dia 12 deste mês, além dos vários MFs e MIs locais, o torneio contou com 5 GMs, dentre estes uma lenda do xadrez mundial: o GM israelita Leonid Yudasin – que jogou alguns torneios de candidatos contra os melhores do mundo lá pela década de 90 do século passado.
[O lendário GM Leonid Yudasin – um dos melhores do mundo na década de 90]
Felipe fez um excelente torneio. Invicto, 6 vitórias e 3 empates, terminou com 7,5 pontos em 9 rodadas – um ponto a mais (!) que o GM norte-americano Sergey Erenburg e o já citado Yudasin, ambos com 6,5 pontos. Sobre a sua participação, o muito simpático GM brasileiro comentou de forma espirituosa – em sua página pessoal do Facebook:
“Campeão do Washington Chess Congress 2015 na Premier Section. Meu primeiro título internacional. Apenas alguns meses depois de ter jogado um péssimo torneio no mesmo hotel. Não faço a menor ideia o que fiz de errado para me preparar no outro nem o que fiz de certo dessa vez, mas aceito feliz o presente de Caíssa. Talvez o rancor acumulado me faça bem e esse negócio de paz de espírito seja balela.”
Estudando um pouco a trajetória pessoal do GM brasileiro, talvez tenhamos a resposta que o próprio não conseguiu: sendo formado, com louvor, no curso de Ciências Econômicas, e pela consagrada Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que falou mais alto foi o oportunismo da alta do dólar – Felipe levou de premiação 3.100 George Washington para casa (façam as contas aí… Nada mau!). Portanto, El Debs, além da formação e do sangue, deve guardar, sim, um rancor: o do prejuízo.
E falando nos brasileiros, Renato Quintiliano terminou o “Show do Milhão” americano, o Milionaire Chess, em 48º lugar – com 4,5 pontos. O torneio foi vencido pelo simpático Hikaru “Te da aaaasas” Nakamura (100 mil dólares no bolso do garoto propaganda do Red Bull), numa final eletrizante contra Le Quang Liem.
[Ele deve estar pensando: “imagina o quanto de RedBull eu não posso comprar com 100 mil dólares?”]
E o Matt Damon continua desaparecido…
Fontes:
http://chessevents.com/washingtonchesscongress/
http://www.gcf.org.ge/?address=main&lang=1
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 13.10.2015.
Um pequeno reparo na matéria: Yudasin é israelita (religião) mas israelense como cidadão. Há uma diferença marcante entre as duas coisas, especialmente porque em Israel há muçulmanos (uns 25%),cristãos e drusos, todos com sua própria crença mas de cidadania israelense.O Yudasin joga com a bandeira de Israel, e não com uma Torá ou outro objeto religioso judaico a representá-lo. Imagine um outro jogador qualquer jogando com uma cruz como representação de seu país....
Obrigado pelo esclarecimento, David! Lamentamos o equívoco.