Grandes Enxadristas: A História de Oscar Panno

    Grandes Enxadristas: A História de Oscar Panno

    Oscar Roberto Panno nasceu em Buenos Aires no dia 17 de março de 1935. Começou a jogar xadrez aos 12 anos no Clube Atlético River Plate. Seu grande mentor foi o mestre Julio Bolbochán. Naquele momento o xadrez argentino era dominado por Miguel Najdorf, seguido por Erich Eliskases e Bolbochán.

    Panno apareceu para o mundo do xadrez em 1953, quando conquistou o Campeonato Mundial Juvenil, realizado em Copenhague, na Dinamarca. Na volta para casa, o enxadrista foi homenageado e deu o pontapé inicial da partida de futebol entre River Plate x Estudiantes, no Estádio Monumental de Núñez.

     

    C:UsersUserDesktoppanno interzonal.jpg

    Oscar Panno no Interzonal de 1955

     

    Panno também foi o primeiro enxadrista sul-americano a conquistar um título da FIDE. Ainda em 1953, conquistou o Campeonato Argentino Absoluto, competição que venceu em outras duas ocasiões: 1985 e 1992.

     

    C:UsersUserDesktoppanno mundial juvenil.jpg

    Campeonato Mundial Juvenil 1953: Klaus Darga, Panno e Friorik Ólafsson

     

    Desempenho em Olimpíadas

    Entre 1954 e 1992, Oscar Panno representou a Argentina em 11 Olimpíadas de Xadrez. Em 151 partidas nessa competição, venceu 51 jogos, empatou 87 e perdeu apenas 13 vezes. O enxadrista esteve na equipe de prata de 1954 e nos bronzes de 1958 e 1962. Nas premiações individuais, Panno conquistou a medalha de ouro em 1966, além de um bronze em 1958. Ao longo da história, o enxadrista oscilou entre o 2º e o 3º tabuleiro.

     

    Panno e o Campeonato Mundial

    Na luta para alcançar o topo do mundo, o argentino disputou oito Zonais         Sul-americanos entre 1954 e 1993. Classificou-se para os Interzonais em seis ocasiões, porém, só usufruiu o direito em cinco oportunidades. Sua melhor atuação foi logo na primeira participação, em Gotemburgo (Suécia) – 1955, quando conquistou a terceira colocação e classificou-se para o Torneio de Candidatos 1956.

    Em Amsterdã 1956, Panno compartilhou a oitava colocação – entre dez jogadores – com duas vitórias, doze empates e quatro derrotas. O título ficou com Vassily Smyslov, que se tornou o desafiante do campeão mundial Mikhail Botvinnik.

     

    Torneio de Candidatos – Amsterdã 1956

    1. V.Smyslov (União Soviética) 11.5
    2. Paul Keres (União Soviética) 10.0
    3. L. Szabo (Hungria) 9.5
    4. B. Spassky (União Soviética) 9.5
    5. T. Petrosian (União Soviética) 9.5
    6. D. Bronstein (União Soviética) 9.5
    7. E. Geller (União Soviética) 9.5
    8. M. Filip (Tchecoslováquia) 8.0
    9. O. Panno (Argentina) 8.0
    10.  H. Pilnik (Argentina) 5.0

    C:UsersUserDesktopcandidatos.jpg

    Torneio de Candidatos 1956: Filip, Smyslov, Keres, Pilnik, Bronstein, Geller, Spassky, Petrosian, Panno e Szabo

     

    No livro “Panno Magistral, Vida y Ajedrez de un Gran Maestro”, escrito por Enrique Arguiñariz, há uma reflexão sobre a participação de Panno no Torneio de Candidatos.

    “Lamentavelmente, Panno esteve longe de contar com condições aceitáveis para conseguir um desempenho de acordo com seu talento. O serviço militar obrigatório, que estava cumprindo naquele ano, junto com a política oficial de pouco apoio ao esporte (Panno foi sozinho à Holanda, sem analistas) conspiraram contra uma melhor preparação teórica e a serenidade emocional que a competição requeria”.

    O livro também menciona as possibilidades do Grande Mestre argentino na elite do xadrez mundial, naquele momento dominada pelos enxadristas soviéticos.

    “O detalhe que mais inquieta os apaixonados pelo xadrez na Argentina é o fato de Oscar Panno ter chegado ao Torneio de Candidatos com apenas 21 anos, quando ainda faltava muito para alcançar sua maturidade enxadrística dentro de um cenário de dedicação exclusiva. O que teria acontecido se, a partir desse momento, ele tivesse se dedicado apenas ao xadrez? Essa é uma pergunta natural. Isso porque, dois anos depois, Panno abandonou o xadrez por três anos para terminar seus estudos de engenharia, profissão que exerceu com uma carga horária de nove ou dez horas por dia, ficando sem tempo para melhorar sua carreira esportiva”.

     

    Panno contra Campeões Mundiais

    C:UsersUserDesktoposcar-panno-vs-smyslov-660x330.jpg

    Panno x Smyslov

     

    Oscar Panno enfrentou oito campeões mundiais ao longo da carreira. Contra esses rivais ilustres, o Grande Mestre argentino jogou em 41 ocasiões, com 2 vitórias, 28 empates e 11 derrotas. Destaque para o saldo positivo de Panno contra Boris Spassky (+2 =5 -1).

    Além de Spassky, Panno também enfrentou Vassily Smyslov em oito partidas com razoável equilíbrio: sete empates e uma única derrota. Porém, entre os campeões, o adversário mais comum foi Tigran Petrosian. Panno encarou o soviético em 10 ocasiões, com oito empates e duas derrotas.

    A lenda argentina ainda enfrentou os seguintes campeões mundiais: Mikhail Tal (=2 -2), Bobby Fischer (=1 -1), Anatoly Karpov (=3 -2) e Garry Kasparov (=2 -2). Todas as partidas contra Kasparov foram em simultâneas contra o relógio.

    Também vale a pena destacar o rendimento do Grande Mestre argentino contra outros enxadristas ilustres da história: Samuel Reshevsky (+2 =6 -1), Victor Korchnoi (+1 =5 -3), Paul Keres (=4 -5), Henrique Mecking (+4 =4 -3).

     

    Variante Panno

    C:UsersUserDesktoppanno.jpeg

     

    Um dos legados de Oscar Panno para o xadrez foi o sistema que desenvolveu contra a Variante do Fianchetto na Defesa Índia do Rei, no qual as pretas jogam uma ideia com Cc6, a6 e Tb8, com contra jogo na ala dama.

    A linha 1.d4 Cf6 2.c4 g6 3.Cc3 Bg7 4.Cf3 d6 5.g3 0-0 6.Bg2 Cc6 7.0-0 a6 8.h3 Tb8 foi jogada por Panno pela primeira vez em 1955 e ganhou popularidade nos anos seguintes. Por isso, ficou conhecida com Variante Panno.

     

    Em plena juventude, Panno esteve na elite mundial nos anos 1950. Onde o argentino poderia chegar se tivesse continuado firme com seus treinos? Deixe sua opinião nos comentários.

     

    Gostou do artigo? Então compartilhe nas redes sociais.

     

    Referências Bibliográficas:

    “Panno Magistral, Vida y Ajedrez de un Gran Maestro”, Enrique Arguiñariz, 2009.

    SEM COMENTÁRIOS

    Deixe uma Resposta