Alguma vez você já se perguntou por que, se o xadrez é um esporte de competição e se seus praticantes são atletas, essa atividade não faz parte das Olimpíadas internacionais? No post de hoje você terá a resposta para essa e outras questões. Conheça um pouco mais sobre as olimpíadas de xadrez, sua história e curiosidades, e descubra o que diferencia essa competição das olimpíadas convencionais!
Funcionamento das Olimpíadas de Xadrez
As Olimpíadas de Xadrez, diferentemente das convencionais, acontecem a cada 2 anos e recebem equipes de várias partes do mundo, sendo consideradas, portanto, um evento esportivo internacional. Não há eliminatórias antes da competição para a conquista de vagas, como comumente vemos nas modalidades dos Jogos convencionais. Todos os países regularmente inscritos na FIDE participam do evento, além da equipe olímpica de cegos (IBCA) e da equipe olímpica de pessoas portadoras de necessidades especiais (IPCA). Outra curiosidade é que o país sede pode ter duas equipes. Na última edição do evento, ocorrida em Tromso, na Noruega, no ano de 2014, foram 150 equipes competindo.
As equipes são selecionadas pelas associações de cada país e são compostas por no máximo 5 jogadores, sendo 4 titulares e 1 reserva, além da possibilidade de terem um técnico. Formadas as equipes, os embates entre cada uma delas acontecem no formato de Torneio Suíço. No Brasil, tradicionalmente a equipe masculina é escolhida pelo critério rating, já a equipe feminina, para as próximas Olimpíadas, será definida por meio de competições realizadas ao longo do ano.
[A equipe olímpica brasileira masculina nas Olimpíadas de Istambul, 2012: o técnico Moskalenko, o GM Giovanni Vescovi, o GM Rafael Leitão e o GM Gilberto Milos]
Apesar dessas diferenças, o fato é que o xadrez é reconhecido como um esporte, portanto, os jogadores de xadrez são, como os praticantes de qualquer outro esporte, atletas, e estão submetidos durante o período de competição às mesmas regras e exigências que os atletas das Olimpíadas convencionais. Entre essas regras está, por exemplo, o teste antidoping, que tem como objetivo verificar se os participantes da competição apresentam no corpo indícios de uso de substâncias proibidas pela federação esportiva. Trata-se de uma situação curiosa, uma vez que muitos enxadristas consomem grandes doses de café durante a partida, o que pode, eventualmente, configurar “doping”.
Além disso, diversas medidas estão sendo tomadas para evitar ajuda externa durante a competição. Para a Olimpíada de Baku, que ocorrerá em setembro de 2016, os enxadristas estão proibidos de portar celular, relógios e até mesmo de levar suas canetas para as partidas. Além disso, em toda rodada alguns deles serão escolhidos aleatoriamente para serem revistados. Infelizmente estas medidas radicais são necessárias devido a escândalos recentes envolvendo diversos tipos de trapaças.
História das Olimpíadas de Xadrez
O evento surgiu de forma não oficial, como um contraponto à recusa da Federação Esportiva das Olimpíadas convencionais de incluir o xadrez no quadro das disputas desse campeonato. A justificativa apresentada era a de que, no xadrez, seria difícil distinguir categoricamente jogadores amadores de jogadores profissionais.
Se pensarmos na história de alguns enxadristas famosos, que começaram a carreira quando crianças e ainda muito novos já obtinham resultados impressionantes em torneios, fica fácil entender a dificuldade de se separar jogadores de xadrez pelo critério dos anos de experiência.
Frente a tal recusa, porém, foram organizadas, no ano de 1924, a primeira Olimpíada não oficial de xadrez em Paris, a mesma cidade em que ocorriam as Olimpíadas convencionais. 3 anos após esse evento, em 1927, aconteceu a primeira Olimpíada oficial de xadrez, na cidade de Londres, Inglaterra.
Desde então já foram realizadas 41 Olimpíadas de xadrez e o ranking das 5 equipes a receberem maior número de medalhas durantes esse campeonato é o seguinte, em ordem crescente: Armênia, em 5º lugar, seguida por Hungria e Estados Unidos; Rússia em 2º lugar e, ocupando a primeira posição, a Ex-União Soviética (que era uma força quase imbatível durante a “Guerra Fria” e, como se sabe, incluía, dentre outros, a Armênia e a Rússia).
Olimpíadas e Política
Os Jogos Olímpicos convencionais foram criados na Grécia, em homenagem ao deus grego Zeus, e eram disputados pelos cidadãos livres das cidades, em um número de categorias muito mais restrito que o que vemos atualmente. Esses jogos esportivos sempre tiveram uma grande repercussão e uma importância significativa para a sociedade que os realizava, o que se comprova pelas tréguas temporárias que eram firmadas no período da realização das disputas.
Muito tempo após a criação das Olimpíadas, os jogos continuam entrelaçando-se com a política mesmo que de forma indireta. As Olimpíadas de Xadrez de 1939, por exemplo, coincidiram com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Realizado na Argentina, na cidade de Buenos Aires, esse evento foi marcado pela recusa de algumas equipes em participar, como a do Reino Unido. Já alguns jogadores, em grande parte os de origem judia, não retornaram para seu país de origem e ficaram na Argentina, escapando da guerra. Alguns deles, como o polonês (posteriormente naturalizado argentino) Miguel Najdorf, perderam toda a sua família durante a guerra.
As próximas 3 olimpíadas de xadrez já estão agendadas e, neste ano, a cidade de Baku, no Azerbaijão, sediará a 42ª edição do evento.
[Olimpíadas de Istambul, 2000: Inglaterra 2 x 2 Brasil]
E então, ficou interessado em acompanhar esse que é um dos mais importantes campeonatos de xadrez? Confira nosso post sobre as 5 grandes conquistas do xadrez brasileiro, que relata a história da medalha de ouro do GM Jaime Sunye nas Olimpíadas de 1992!!
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