A História das Simultâneas às Cegas

    Já ouviu falar em xadrez às cegas? Nessa variante do xadrez, o jogador executa os movimentos sem ver ou ter contato algum com as peças ou o tabuleiro. Para tornar o desafio do xadrez às cegas ainda maior, existem as simultâneas às cegas, nas quais os enxadristas, vendados, jogam contra mais de um adversário. Ficou curioso para entender como funciona essa modalidade do xadrez? Então continue lendo e confira a história das simultâneas às cegas.

     

    Como funcionam as simultâneas às cegas

    O enxadrista que está às cegas é chamado de simultanista. Ele conta com a ajuda de um declamador — também conhecido como “speaker” — que realiza os movimentos e orienta o simultanista sobre os movimentos dos simultaneados.

    As simultâneas às cegas fazem parte dos grandes eventos do mundo do xadrez, pois exigem do enxadrista um grande domínio espacial do tabuleiro, além de muita atenção, memória e agilidade na realização dos cálculos.

     

    As primeiras simultâneas às cegas

    Acredita-se que a primeira partida às cegas tenha sido a de Sa’id bin Jubair, no ano 690 no Oriente Médio. Entretanto, a primeira documentação de uma partida de simultânea às cegas ocorreu por volta do ano 970 — o manuscrito que registra a partida está guardado no Museu Britânico. Em 1266, Buzecca foi um dos primeiros a jogar 2 partidas simultâneas às cegas.

    A modalidade conquistou mais admiradores a partir do século XVIII e das exibições do francês André Philidor, que jogava duas partidas simultâneas às cegas e uma terceira, olhando para o tabuleiro.

     

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    Grandes recordistas

     

    Harry Nelson Pillsbury

    O norte-americano Pillsbury aprendeu a jogar xadrez aos 16 anos, mas, a despeito de sua iniciação tardia no esporte, seus resultados sempre foram impressionantes. Em 1892, aos 20 anos, Pillsbury participou de uma sessão de simultâneas contra Wilhelm Steinitz, reconhecido oficialmente como o primeiro campeão mundial. Steinitz decidiu dar a vantagem de um lance e um peão ao jovem Pillsbury, que venceu a partida. Nos anos seguintes Pillsbury conquistou fama internacional com as simultâneas às cegas e chegou a manter o recorde mundial de 22 partidas simultâneas.

     

    Miguel Najdorf

    Najdorf não foi um enxadrista em tempo integral — durante algum tempo ele conciliava o esporte e uma empresa de seguros. Ainda assim, foi um dos maiores jogadores de xadrez da sua época, destacando-se nas simultâneas às cegas. Por duas vezes Najdorf quebrou o recorde mundial, vencendo 40 partidas em Rosário em 1943 e 45 partidas em São Paulo. Sua variante da Defesa Siciliana, a siciliana Najdorf, é reconhecida como um dos sistemas mais populares do xadrez moderno.

     

    Timur Gareev

    Timur Gareev nasceu no Uzbequistão, mas adquiriu a cidadania norte-americana e hoje compete representando os Estados Unidos em torneios internacionais de xadrez. Em 2013, Gareev participou de um torneio contra detentos de uma cadeia em Chicago que jogavam xadrez. Sentado por aproximadamente 2 horas com uma bandana cobrindo seu rosto, Gareev ouvia os movimentos dos adversários. Em abril do mesmo ano, no US Championships em Saint Louis, o enxadrista havia participado de outro desafio, vencendo 29 das 33 partidas às cegas disputadas.

     

    Gostou da história das simultâneas às cegas? Acha que conseguiria jogar mais de uma partida sem nem enxergar o tabuleiro? Já tentou? Conte para a gente suas impressões e experiências!

     

     

    Uma resposta para “A História das Simultâneas às Cegas”

    • Rilton da Silva Conti

      Senti falta de não ser mencionado Alekhine e também Carlsen; são os únicos entre os campeões mundiais que fazem parte desse seleto e restrito grupo dos simultanistas às cegas!

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