Grandes Livros de Xadrez: Zurich 53

    Uma das formas mais eficazes de aprimorar suas habilidades no xadrez é, além da prática, o estudo teórico. Porém, muitas vezes você pode se perguntar: quais são os bons livros para o estudo de xadrez? Neste post você conhecerá um pouco mais sobre o livro que analisa as partidas realizadas no Torneio de Candidatos de 1953, Zurich 53, de autoria de David Bronstein. Vamos lá?

     

    Sobre o autor: quem foi David Bronstein?

    David Ionovich Bronstein, o autor de Zurich 53, foi um enxadrista soviético, considerado um dos melhores do mundo de sua época. Ele era conhecido por um estilo muito particular e ousado, no qual sacrifícios e uso de posicionamento de peças não convencionais eram frequentes.

    Apesar de sua grande carreira e de seu reconhecimento pela comunidade enxadrística, Bronstein não conseguiu se sagrar Campeão Mundial de Xadrez. Em 1951, porém, ele chegou muito perto de conseguir tal feito. Em um match acirradíssimo contra Mikhail Botvinnik – e cheio de mistérios quanto às pressões que o desafiante teria sofrido do partido comunista para perder -, eles empataram em 12-12. Segundo as regras da FIDE à época, o título continuou pertencendo ao campeão Botvinnik.

     

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    Sobre o livro: do que fala Zurich 53?

    A obra de Bronstein analisa e comenta as jogadas de todas as partidas que fizeram parte do Torneio de Candidatos realizado em Zurique, em 1953, do qual surgiria o próximo concorrente ao título de Campeão Mundial de Xadrez. O vencedor da competição foi Vassily Smislov, que, então, tornou-se o desafiante ao reinado de Mikhail Botvinik. O Patriarca manteve a coroa no match realizado em 1954, perdendo o título para o próprio Smislov, anos mais tarde, em 1957.

    As análises feitas por David Bronstein fizeram Zurich 53 ser o livro preferido entre muitos enxadristas. A obra destaca-se, principalmente, por comentar as partidas de forma bastante didática, o que é muito importante não só para enxadristas já profissionais, mas também para jogadores iniciantes que gostariam de aprender técnicas de xadrez com os Grandes Mestres.

    Outra particularidade da obra é o fato de que Zurich 53 traz a análise e a descrição de partidas de enxadristas distintos, o que faz com que nele estejam contidos registros de jogadores com estilos, estratégias e técnicas muito peculiares.

     

    Por que ler este livro?

    Independentemente de sua relação com o xadrez (seja você um jogador profissional ou um jogador iniciante, que tem nesse esporte uma distração e um hobby), a leitura de Zurich 53 pode ser muito enriquecedora.

    Bronstein faz em sua obra um relevante registro histórico, já que a competição ocorreu em plena Guerra Fria tendo como participantes enxadristas soviéticos e um norte-americano. O autor em diversos momentos deixa subentendido que os jogadores sofreram pressão por parte da KGB. Mais tarde soube-se que existiram ordens expressas para que houvesse combinação de resultados, tudo isso para que Samuel Reshevsky não tivesse a chance de desafiar Botvinnik pelo título mundial de xadrez.

    Além de expor o contexto histórico em que o torneio aconteceu, o livro se destaca por possibilitar que o leitor veja todas as partidas jogadas no evento. Conhecer as partidas clássicas é de suma importância para todo enxadrista que pretende evoluir no jogo e a leitura de Zurich 53 revela em detalhes memoráveis embates ocorridos entre os melhores enxadristas da época, naquele que foi um dos mais importantes torneios da história. Como exemplo, temos a partida entre Smislov x Keres, aqui analisada pelo GM Rafael Leitão.

     

    E então, ficou com vontade de conhecer a obra de Bronstein? Tem o hábito de ler livros de xadrez? Deixe aqui nos comentários sua sugestão de alguma obra desse universo que seja importante para você e troque experiências com os outros leitores e jogadores!

     

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    12 Responder para “Grandes Livros de Xadrez: Zurich 53”

    • Reginaldo dias

      Procede a informação de que Bronstein tinha parentesco com Leon Trotsky, cujo nome era Lev D. Bronstein?

      • Rafael Leitão

        Desconheço a informação. Passo a bola para os historiadores de plantão :)

        • Ivanrojas

          Caros amigos. Existem muitos "Bronstein" no mundo judaico. Trata-se de um nome relativamente comum entre judeus.
          De fato esse era mesmo o nome verdadeiro do revolucionário russo Leon Trotsky.
          Mas não havia nenhum parentesco próximo.
          é mais coincidência.
          Abs
          Ivan Tadeu

          • Rafael Leitão

            Fiz uma pesquisa sobre essa "polêmica histórica" e descobri que Bronstein era sim primo de segundo grau de Trotsky, o que era mais um dos motivos pelos quais ele não era bem visto pelo partido comunista. A informação está na página 111 do livro Rei Branco e Rainha Vermelha: Como a Guerra Fria foi Disputada no Tabuleiro de Xadrez, de Daniel Johnson.

    • Alexandre Lima

      Eu tenho o livro desse campeonato, só que escrito por Najdorf. Conhece o livro?

      • Rafael Leitão

        Sim, excelente também! Infelizmente esse eu não tenho.

      • Corvalao

        Segundo minhas referencias o livro do Najdorf é melhor e mais preciso que o de Bronstein, que ficou com a fama...

        veja em

        http://theweekinchess.com/john-watson-reviews/john-watson-book-review-106-zurich-1953-by-najdorf

        uma analise critica desta obra

      • Joca dedeus

        Dois volumes e interessante, pois conta mais detalhes, não só os técnicos e ilustrado com fotos. Najdorf, inclusive, chegou a acusar o Bronstejn de plágio, ao que consta...Vale a leitura de ambos, magníficos!

    • Ednilson oliveira

      onde consegui o livro?

    • Ignácio Marrero

      Do Bronstein, tenho o livro Aprendiz de Bruxo, em espanhol (Aprendiz de Brujo), com mais de 400 páginas, com muitas partidas dele contra grandes jogadores da época e com análises muitos boas. Tem também um conteúdo histórico, com fotos, e dos bastidores dos jogos muito interessante. Se achares interessante, recomendaria para alguma partida do dia, a partida da página 79, D. Bronstein x L. Winiwarter-1967, uma pérola entre outras tantas.

      • Rafael Leitão

        Obrigado pela dica!

    • Pedro Oliveira

      Existe alguma partida de xadrez que é o símbolo da guerra fria?

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