A enxadrista de 22 anos derrotou a russa Natalia Pogonina na final e garantiu o título e a premiação de 60 mil dólares.
O Campeonato Mundial Feminino foi disputado de 17 de março a 7 de abril na cidade de Sochi, na Rússia. A competição teve a presença de 64 enxadristas, no formato eliminatório. As participantes incluíam ex-campeãs mundiais, mas infelizmente a melhor enxadrista do mundo (disparado), a chinesa Hou Yifan, não participou. De todas as maneiras, de acordo com a informação veiculada no site chess24.com, Yifan e Muzichuk jogarão um match pelo título mundial no segundo semestre de 2015. Se isso realmente acontecer, será um verdadeiro massacre em favor da chinesa (elo 2686), que tem muito mais rating que a ucraniana (elo 2526).
Sinceramente, o torneio ficaria muito mais interessante se estivessem jogando Hou e Judit Polgar. Este sim seria um match que toda a comunidade enxadrística mundial acompanharia com muita atenção. A bolsa do match, por se tratar de um encontro entre a velha e a nova geração, seria substancial. Infelizmente, Judit parece firme em sua aposentadoria.
A premiação do evento foi altíssima: 450 mil dólares no total. Devemos louvar a atitude da FIDE de incentivar o xadrez entre as mulheres, pois a elite, historicamente, em que pese os esforços de Polgar e agora da Hou Yifan, tem sido constituída apenas de homens. Com mais incentivo e com a carreira de enxadrista sendo vista como promissora e rentável, é possível que apareçam jogadoras cada vez mais fortes.
Mas o debate vai longe e é polêmico. Em seu artigo deste mês na prestigiosa revista New In Chess, o ex-desafiante ao título mundial, Nigel Short, que não tem papas na língua (para dizer o mínimo), chega a afirmar categoricamente que homens e mulheres têm habilidades mentais diferentes e que, em vez de negar este fato, devemos reconhecê-lo.
Sinceramente, não concordo. Acredito que, com incentivo ao xadrez feminino, podemos ter enxadristas (mais do que uma ou duas, como é atualmente) que irão competir com os melhores. Por isso acho louvável a iniciativa da FIDE ao oferecer essa excelente premiação, bem como de alguns torneios, como acontece em Gibraltar, que oferecem grandes somas para as melhores representantes femininas. Curiosamente, Nigel discute a legalidade dessa premiação extra, utilizando uma alusão que não pode ser reproduzida em um site tão familiar quanto a Academia Rafael Leitão. Mas, como sempre, vale muito a pena ler o artigo desse genial enxadrista e polêmico cronista – quem sabe mais histórias sobre seus comentários em um futuro artigo!
Espero que a CBX copie a iniciativa e ofereça prêmios cada vez melhores para nossas enxadristas. Muitas delas têm mostrado considerável esforço e amor pelo jogo.
Parabéns à jovem ucraniana e é bom já começar a preparação para enfrentar a Hou Yifan. A parada será indigesta.
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Escrito por Rafael Duailibe Leitão em 07.04.15
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