Quem está minimamente acompanhando o mundo do xadrez mundial já deve estar pensando que essa é uma notícia velha, ultrapassada. Que não há nada de novo para falar sobre a Copa Sinquefild, vencida brilhantemente pelo armênio Levon Aronian – Magnus Carlsen acabou ficando fora do páreo depois da sua derrota na sétima rodada frente ao russo Alexander Grischuk (veja a partida aqui).
A próxima etapa do Grand Chess Tour será em Londres, no final do ano. Topalov venceu o Norway Chess e agora Aronian a Copa Sinquefield. Será que Magnus irá se recuperar na terceira etapa? Vamos aguardar!
Mas além da volta da boa forma de Aronian, o torneio de Saint Louis recebeu a ilustre visita de ninguém menos que o eterno ex-campeão mundial Garry Kasparov – que muito descontraidamente deu entrevistas, comentou as partidas que estavam sendo jogadas e até participou de uma animada competição entre os jogadores e os patronos do torneio (Rex e Randy Sinquefield – pai e filho, respectivamente).
Em conversa com o GM norte-americano, e hoje comentarista, Yasser Seirawan, Kasparov comentou a escolha do Gambito da Dama Recusado por parte de Hikaru Nakamura, na oitava rodada, depois da acachapanRemover imagem destacadate vitória de Nakamura contra Wesley So na sexta rodada, numa Índia do Rei. Disse, ironicamente, o ex-campeão mundial:
“Você tem que jogar suas aberturas. Não tenho nada contra Gambito da Dama Recusado. É muito sólido. Mas acho que para Hikaru custa muita paciência jogar essa abertura […]. Claro, Magnus também pode jogar a Índia do Rei, mas há sempre a possibilidade de complicar as coisas ali, de criar chances de contra-ataques. Mesmo se você cair, você vai estar chutando e gritando. Aqui (no Gambito da Dama Recusado), no entanto, você só estará gritando.”
Sobre Anand, Kasparov foi elogioso – apesar do torneio fraco de Anand (penúltima posição, à frente apenas de Wesley So):
“Com todo o respeito, ele não é mais um garoto. É o jogador mais velho a participar deste Grand Prix. E ele tem 46 anos! Ele foi campeão do mundo quando tinha 40 anos ou mais, apesar de seus concorrentes serem muito mais jovens. Acho que isso diz muito sobre suas habilidades no xadrez, sua força. Mesmo com a sua serenidade e sua habilidade de afastar a tensão, que é difícil, muito difícil. Ele está competindo com garotos que são 20, ou mais, anos mais jovens […]. É muito difícil! Ele merece o nosso reconhecimento, mas 46 anos é uma idade difícil.”
Kasparov também ressaltou o crescimento do interesse do xadrez no mundo (sobretudo na Ásia – vide o fenômeno chinês que tanto falamos aqui na Academia).
“A China é mais parecida com o modelo soviético […]. É claro, o jogo está a ganhar terreno […]. Agora o xadrez tornou-se um fator importante. Portanto, os pais consideram o xadrez como uma possível oportunidade para os seus filhos e isso significa mais crianças brincando, especialmente descendentes de famílias asiáticas em que os pais consideram qualquer oportunidade de aprendizado para os seus filhos”
E quando questionado sobre qual jogador do passado gostaria de convidar para jantar e quem gostaria de desafiar para um match de xadrez relâmpago, Kasparov foi rápido na resposta: “Jantar? Lasker. Para jogar um blitz? Talvez o jovem Tal”.
A classificação final da Copa Sinquefield:
Fonte: Chessbase.
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 05.09.2015.
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