O Campeonato Mundial sub-18 de xadrez de 1996 entrou para a história do esporte nacional. O evento foi organizado pela FIDE (Federação Internacional de Xadrez) na cidade de Menorca, na Espanha, em um grande festival com os competidores divididos em categorias de idade: sub-10, sub-12, sub-14, sub-16 e sub-18. Esta última categoria, chamada “Infanto-Juvenil” foi vencida pelo enxadrista brasileiro Rafael Leitão.
No artigo de hoje, vamos falar um pouco mais sobre os competidores do mundial sub-18 de 1996, sua importância para o cenário do xadrez no Brasil e quem Rafael enfrentou para alcançar essa importante conquista. Continue lendo!
Os adversários
Muitos dos melhores nomes da categoria na época participaram do campeonato. Dentre os principais adversários de Rafael estavam o russo Mikhail Kobalia, grande meste que já alcançou a marca de 2666 no rating da FIDE e que mais tarde foi analista de ninguém menos que Garry Kasparov. Kobalia atua hoje em dia principalmente como treinador, além de continuar participando de competições; o enxadrista brasileiro Giovanni Vescovi, grande mestre, heptacampeão brasileiro e que já alcançou a marca de 2660 no ranking da FIDE, mas que lamentavelmente está afastado dos tabuleiros; Rustam Kasimdzhanov, do Uzbequistão, grande mestre que em 2004 venceu o Campeonato Mundial de FIDE disputado em Trípoli, na Líbia; Vladimir Malakhov, grande mestre russo, campeão mundial sub-14 em 1993 e que já alcançou o rating de 2732 (atualmente, além de jogar torneios, Malakhov trabalha como cientista).
Destaque também para diversos enxadristas que mais tarde alcançaram o título de GM e notáveis sucessos em suas carreiras, como:
Boris Avrukh – grande mestre israelense, campeão mundial sub-12 em 1991 e que atualmente é reconhecido pelos seus excelentes livros de abertura;
Hristos Banikas – grande mestre grego, oito vezes campeão grego e atualmente com um rating de 2628;
Bartosz Socko – grande mestre polonês, atualmente com um rating de 2624;
Hrvoje Stevic – grande mestre croata, campeão mundial sub-16 em 1995, atualmente com um rating de 2597;
Darmen Sadvkasov – grande mestre do Cazaquistão, campeão mundial juvenil em 1998.
O campeonato de 1996 para Rafael Leitão
Com a divisão das diversas categorias de idade cada enxadrista fica dois anos em uma determinada categoria. O primeiro ano é o “ano ruim”, pois os adversários serão em regra mais experientes – fator muito importante neste momento do aprendizado. O segundo ano é considerado o “ano bom”. Rafael havia sido vice-campeão mundial em 1995, na categoria sub-16, em um torneio que liderou desde o início mas no qual foi ultrapassado na última rodada pelo croata Stevic. 1996 era o “ano ruim” do jovem brasileiro – com apenas 16 anos ele enfrentaria enxadristas até dois anos mais velhos.
Rafael viajou acompanhado do seu então treinador, o GM Gilberto Milos, que teve importância fundamental na conquista. Com seu grande conhecimento e experiência, Milos foi capaz de detectar pontos fracos no repertório de aberturas dos rivais, às vezes encontrando ideias novas que foram utilizadas com sucesso. Na partida contra Banikas, por exemplo (que terminou empatada), toda a variante utilizada na partida, até a posição final (!), havia sido analisada previamente. Na partida decisiva da penúltima rodada, contra o americano Tal Shaked (que mais tarde foi Campeão Mundial Juvenil), Rafael empregou uma novidade teórica sugerida por Milos, vencendo a partida depois de uma complicada luta.
A chave da vitória foi a solidez e consistência no jogo do brasileiro, que venceu 5 partidas e empatou 6. Devido ao grande equilíbrio da competição, 8 pontos foram suficientes para o título. Vale destacar que por muito pouco não tivemos uma “dobradinha” brasileira. Caso Giovanni Vescovi tivesse vencido Banikas na última rodada (a partida terminou empatada), ele teria terminado na segunda colocação. Para muitos especialistas, a geração do xadrez brasileiro na década de 90, com Leitão e Vescovi, foi a melhor da história do xadrez brasileiro.
[ Veja aqui ] todas as partidas de Rafael na competição, algumas com análises feitas à época.
Sua importância para o Brasil
A vitória de Rafael Leitão no sub-18 de 1996 foi um ponto importante na história do xadrez brasileiro, pois ajudou o jogo a se destacar e ser reconhecido como modalidade esportiva, o que incentiva novas gerações a buscarem o aprendizado do jogo e até mesmo a prática profissional do xadrez.
Houve grande repercussão na volta de Rafael ao Brasil, com desfile em carro de bombeiros nas cidades de Americana-SP (onde residia) e São Luís-MA (onde nasceu e reside atualmente), além de reportagens e entrevistas para inúmeros veículos de comunicação. A conquista também ajudou Rafael a ter o patrocínio necessário para continuar os treinamentos e buscar o título de grande mestre, o que conseguiria dois anos mais tarde. Mas essa conquista fica para um outro artigo…
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Bela conquista, o máximo do Xadrez Brasileiro até agora, eu acho... (em se tratando de mundial)
Mestre já ouvi bastante sobre o seu vice campeonato mundial seria legal que contasse sobre ele ... E também não teve aquele em que enfrentou o Peter Leko ??
BOA CONQUISTA RAFAEL UM DIVISOR DE AGUAS NO ESPORTE BRASILEIRO. NESSA EPOCA AINDA LEMBRO DA HOMENAGEM QUE A FEDERACAO FEZ PRA VOCE EM SAO LUIS E MEU IRMAO COM 6 ANOS DE IDADE LHE ENTREGOU UMA PLACA DE CONDECORACAO E SAIU UMA FOTO NO JORNAL ESTADO DO MARANHAO. ISSO DEIXOU MINHA FAMILIA MUITO FELIZ E SAO COISAS QUE MARCAM A VIDA DA GENTE ESTAR PERTO DE UM ATLETA DEDICADO CONTERRANEO E BRILHANDO NOA TORNEIOS MUNDIAIS.