A História de Paul Morphy

    Muitos talentos do xadrez se revelaram no passado e inclusive contribuíram para o desenvolvimento e aprimoramento das técnicas do esporte. Um bom exemplo disso é Paul Morphy, brilhante e controverso enxadrista que até hoje é considerado um dos melhores de todos os tempos. Conheça mais sobre essa ilustre figura e entenda o que fazia seu jogo tão especial no artigo de hoje.

     

    Sua história

    Paul Morphy foi um famoso enxadrista do século XIX nascido em Nova Orleans, boêmia cidade do estado de Luisiana, nos Estados Unidos.

    Aos 12 anos, Morphy já mostrava habilidades para o jogo e disputou — e venceu — três partidas com o famoso enxadrista húngaro Johann Löwenthal. Ao longo de sua carreira no xadrez, Morphy viajou inclusive para a Europa e disputou partidas em Londres, Paris e Birmingham. Foi em Nova Iorque, entretanto, que ele ganhou o seu primeiro campeonato, aos 19 anos.

    Apesar de seu excepcional talento, a carreira de xadrez de Morphy durou apenas 18 meses, tendo sido encerrada logo após o seu retorno da Europa. Ainda assim, Morphy continuou jogando partidas não oficiais até o ano de 1868. Sua última partida foi contra Thomas Barnes, em Londres.

     

    Seus títulos

    Devido à sua carreira curta, seu único título é o de Campeão Nacional pelos Estados Unidos em 1857. O campeonato inseriu Morphy no panorama enxadrístico internacional. Após derrotar Adolf Anderssen em Paris, entretanto, Paul Morphy foi aclamado como campeão mundial, ainda que naquela época não existisse o título oficial.

    Ao total, Morphy disputou aproximadamente 193 partidas, vencendo 139 delas — o que corresponde a um percentual de 72%. Suas derrotas foram 28, correspondendo a 14,5%. Os empates, por sua vez, foram 26 e correspondem a 13,5% de toda sua breve carreira.

     

    As características de sua personalidade

    Morphy tinha qualidades intelectuais extraordinárias, podendo até mesmo ser considerado um gênio. Formou-se em Direito muito jovem, tão novo que não podia exercer a profissão. Por essa razão decidiu viajar pela Europa e jogar xadrez, até chegar à idade legal necessária para advogar. Além do talento enxadrístico notável, reza a lenda que Morphy tinha uma memória excepcional, o que certamente era benéfico em suas partidas. Outros campeões mundiais também foram ou são conhecidos por sua memória prodigiosa, como Tal, Kasparov e Carlsen, por exemplo.

    Seus jogos eram caracterizados por ataques devastadores, geralmente com sacrifícios. Morphy estava tão à frente de sua época que poderia jogar de forma “romântica”, sacrificando material para atacar mesmo quando isso não era necessário. Certamente ele seria capaz de adaptar seu jogo, caso enfrentasse um nível de resistência maior. Não é à toa que o lendário Bobby Fischer, quando perguntado em meados da década de 60 qual o melhor enxadrista de todos os tempos, não teve dúvida em afirmar que era Paul Morphy.

    [Veja aqui], uma das melhores partidas de Morphy com os comentários do GM Rafael Leitão.

     

    Sua morte

    De acordo com registros históricos, Morphy morreu aos 47 anos devido a um acidente vascular cerebral supostamente causado por uma congestão. Após sair para uma caminhada, Morphy voltou para casa e decidiu tomar um banho de banheira na água fria. Algum tempo depois, foi encontrado morto por sua mãe. Apesar de sua fama na época, o funeral do enxadrista contou com apenas pessoas próximas à família.

     

    Comentário do GM Rafael Leitão

    “Acredito que Paul Morphy tenha sido o maior talento bruto da história do xadrez. Nem mesmo Capablanca, frequentemente citado como o enxadrista mais talentoso da história, pode igualar seu feito. Tendo o xadrez apenas como passatempo, Morphy viajou pela Europa pois precisava esperar para poder advogar. E venceu facilmente os melhores jogadores da época. Depois disso, voltou para os Estados Unidos e não jogou mais xadrez. Diz a lenda que ficou louco pouco tempo depois. Certamente foi mais um gênio com um destino trágico…”

     

    Graças à sua agilidade em finalizar partidas e às vitórias em confrontos históricos e improváveis, Paul Morphy foi e continua sendo um dos grandes nomes do xadrez, com seu jogo sendo analisado até hoje. Você já conhecia a história de Morphy? O que você achou? Conte nos comentários!

     

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    14 Responder para “A História de Paul Morphy”

    • Rodrigo

      Não conhecia a historia de Morphy, gostei muito.... Continue a nos ajudar Rafael

      • Giampaolo

        Concordo!!!

    • Ivanrojas

      Sim, Paul Morphy foi genial.
      Tenho várias partidas do gênio.

    • Jaime Stone

      Tenho lido a sua historia e a sua vida, concordo que foi o maio enxadrista de todos os tempos ! já que era muito superior a seus adversários, lástima que não jogou com Steinitz .

    • Marcos

      A memória de Paul Morphhy é comparada a um computador de última geração!! Nem Magnus Carlsen o venceria naquela época, pois Carlsen não teria o auxilio de nenhuma máquina inteligente!!

    • Gimenes Garcia Gimenes

      Boa noite, no filme "O dono do jogo" ,cujo roteiro trata da vida de Bob Ficher e principalmente a disputa com Spaskis, Morphy é citado como suícida, acredito ser fantasia pelo visto. Considero Morphy um gênio em materia de Xadrez, sacrifícios e combinações, parece que ele conduz o adversário para posições pré-estabelecidas por ele, como um dançarino conduzindo a dama pelo salão. Perdoem-me a comparação mas ao ver suas poucas partidas que disponho é o que sinto. Grande Morphy
      Houve erro de digitaçao.

    • Marcelo

      Gostei muito de mais esse conhecimento gostaria de saber se voces tem todas as jogadas dele comentadas.

      • MAURO GUIMARAES

        sim eu conhecia ! aprendi a jogar xadrez aos 5 anos com meu pai(porem, nunca e aprimorei no jogo) que sempre me falava dos grandes campeões e o maior de todos morphy

    • MAURO GUIMARAES

      sim eu conhecia ! aprendi a jogar xadrez aos 5 anos com meu pai(porem, nunca e aprimorei no jogo) que sempre me falava dos grandes campeões e o maior de todos morphy

    • Marcio Reginaldo

      Uma pergunta, o que Bobb Fischer quis dizer com a seguinte frase? - Uma teoria popular sobre Paul Morphy, é que se enfrentasse os melhores jogadores contemporâneos, ele sairia perdedor. Nada está mais longe da verdade. Em um jogo definido, Morphy venceria hoje qualquer um. No xadrez, Morphy foi provavelmente o maior gênio dentre todos.
      Como assim em um jogo definido?

      • Rafa

        A primeira linda é uma afirmação popular. Já a segunda é Ficher contrariando essa opinião, e logo após ele falando do seu ponto de vista...de que Morphy venceria qualquer um contemporâneo.

    • Marcelo

      Adorei o artigo, no banco de dados do chess.com tem quase 400 partidas dele (Deve ter não oficias também então), ele tem 77% de vitórias dentre todos os seus jogos, os que chegaram mais perto disso foram Fischer e Alekhine com 57 % cada, mesmo no século XIX difícil achar alguém com percentual tão bom de vitórias, empates e derrotas, talvez por isso sua fama ainda esteja em alta depois de 1 século e meio.

    • Marcelo Gonzalez Pereira

      Creio que a nível de espetáculo, ele e Tal tenham as mais belas partidas de xadrez, claro que lances mais imprecisos que os de Magnus ou Kasparov na média geral, mas a nível de arte muito mais interessantes.

    • Paulo Ataliba Sousa e Silva

      Faltou dizer algumas coisas importantes, que dão quase uma segunda metade da história.

      Dentre as partidas não-oficiais que Morphy disputava, estavam aquelas com handcap(Chess Odds).
      Nelas se ve uma generosidade material quase sem limites: Morphy iniciava, às vezes, sem cavalo,
      sem bispo, sem torre ou sem dama! Comum seria dar vantagem de peão e jogar de pretas, mas
      Morphy preferia conceder vantagens maiores para, com as brancas, forçar a iniciativa. As vitórias
      dele com material a menos são delirantes, febris. Mas tanto desprezo material em prol da imaginação
      teve também um custo e Paul Charles também perdeu e empatou nesses casos. O maior 'desmancha-
      prazeres' de Morphy foi um tal de Charles Maurian, que sabia tirar proveito da situação, trocando
      material sempre que podia desenvolvendo rápido.

      Steinitz sempre quis enfrentar Morphy, cujo estilo ele imitara- na juventude tinha predileção por ataques
      furiosos. O curioso é que Steinitz já tinha se estabelecido nos Estados Unidos quando Morphy morreu.
      Ele esteve em Nova Orleãs em 1883, não sei se a tempo dos funerais, e não deixou passar a oportunidade.
      Desafiou Maurian para um match de 6 partidas normais e anotou +4 =1 -1 em seu favor O ano de1883 foi
      também o da vitória de Zukertort no internacional de Londres.

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