Norway Chess: Supremacia Carlsen

    Se no ano passado o Norway Chess foi uma tragédia (shakespeariana) para ser definitivamente esquecida pelo atual campeão mundial Magnus Carlsen (relembre o episódio aqui), desta vez a história foi bem diferente. Nem só de altas literaturas vive o homem. De vez em quando é saudável render-se a um blockbuster onde o mocinho sempre vence no final. A Supremacia Carlsen continua (veja a notícia anterior aqui):

     

    norway chess carlsen

    A Supremacia Carlsen – adaptação contará com o ator Matt Damon

     

    Carlsen somou 6,0 pontos em 9 rodadas. 4 vitórias, 4 empates e 1 derrota. É verdade que não foi nenhum massacre (da serra elétrica?), mas isso é compreensível. Estamos falamos de enredos e protagonistas by século XXI, que privilegiam tanto a trama quanto a ação – e não de Rambo´s e Charlie Bronson´s que matavam, cada um, mais do que a Guerra do Golfo (e mesmo assim possuíam classificação etária 12 anos).

     

    norway chess

    Opa, calma aí! Não está mais aqui quem falou…

     

    De toda forma, na maioria do tempo, a superioridade do campeão mundial é considerável – apesar do torneio sem muitos riscos. Magnus venceu P. Harikrishna na primeira rodada no seu estilo típico: pouca teoria e muita pressão (análises aqui). Assim como na última rodada contra P. Eljanov (análises aqui). Embora neste caso tenha prevalecido mais outro ponto do jogo de Carlsen: a famosa técnica de conseguir extrair “leite de pedra” em posições, aparentemente, mais monótonas que a fotografia preto e branco do cinema alternativo dinamarquês da década de 70.

     

    norway chess carlsen2

    Até pode ser monótono, mas a fotografia ficou bonita…

     

    Contudo o campeão mundial mostrou que também gosta de um bom e velho bang-bang. Na terceira rodada contra Nils Grandelius, Magnus sacrificou uma peça (um cavalo – aquele que o xerife sempre deixa solto fora da delegacia para chamar à atenção do ladrão) e depois descarregou o tambor no pobre peito de Grandelius. Vitória arrasadora.

    Entretanto, talvez, a melhor vitória de Carlsen tenha sido contra o número 2 do mundo – V. Kramnik (partida aqui). Após o emprego de um novo e profundo plano na abertura, além da facilidade com que o ponto foi conquistado, é até curioso imaginar que era o mesmo jogador da partida citada anteriormente. De Tal a Petrosian! Mas, aliás, em se falando em não se reconhecer o jogador…

     

    norway chess Aronian

    Se você não sabe o que aconteceu, que dirá nós…

     

    Na partida da penúltima rodada (8), contra Aronian, Carlsen esteve irreconhecível. Jogou de forma de muito abaixo do esperado – da abertura até o final (clique aqui). Apesar da febre de filmes de super-heróis que assolam as salas de cinema do mundo todo, a derrota de Carlsen veio para mostrar que não existem super-homens (ou, ao menos, que alguém sempre tem uma kriptonita do bolso). Mas, de modo geral, isso é bom (técnica mais do que manjada dos sucessos de bilheteria de hoje em dia): mostrando alguma fraqueza, algum sinal de humanidade, o protagonista sai do papel de ser perfeito e inatingível e cai na terra miserável e dura de nós, mortais. Sim, ele também sofre e erra. Logo, por que não?, “poderia ser eu ali”. Comoção, empatia. Sucesso garantido.

     

    carlsen treinando kasparov

    Gente como a gente…

     

    A classificação final do Norway Chess 2016 ficou assim:

     

    JogadorPtsSB
    1Carlsen, Magnus624.25
    2Aronian, Levon5.524.25
    3Vachier-Lagrave, Maxime522
    Topalov, Veselin521.25
    Kramnik, Vladimir520.5
    6Li, Chao b4.519.5
    Harikrishna, P.4.519
    8Giri, Anish417.25
    9Eljanov, Pavel312.25
    10Grandelius, Nils2.511.75

     

    Faltou combatividade para Aronian. Ou melhor, e sendo mais justo, simplesmente converter os resultados em pontos inteiros (7 empates). Assim como foi com Vachier-Lagrave, que sofreu do mesmo mal: 8 empates e apenas uma vitória. Mas que vitória! Pobre Giri (as análises estão aqui –: censura 18 anos, sem dúvidas.).

    E ironia do destino, os eternos rivais Topalov e Kramnik terminaram com o mesmo número de pontos (5) e, inclusive, empatando a partida entre eles na última rodada. Contudo:

     

    norway-9-topalov

    Quem diria, hein?

     

    Não é que os dois dividiram uma conferência de imprensa depois da partida? “Os brutos também amam”. Mas não vamos exagerar: ainda sem apertos de mãos – antes ou depois da partida.

    O Chinês Li Chao, de modo geral, conseguiu um bom desempenho – ao contrário de Anish Giri, que passou um pouco longe dos últimos resultados que havia tido, assim como P. Eljanov, que não foi nada bem. Para o Sueco Nils Grandelius tudo serviu como aprendizado – duro, mas aprendizado. Já o indiano P. Harikrishna, por outro lado, não tem do que reclamar: é o 12º do mundo e está a 6 pontos de do ídolo máximo do seu pais, Viswanathan Anand. Difícil imaginar o ex-campeão mundial Anand não sendo mais o número 1 da Índia.

     

    Norway-Harikrishna

    Quem quer ser o número 1 (da Índia)?

     

    E a supremacia Carlsen continua. Será que teremos alguma reviravolta no final do ano? Música de suspense.

     

    Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 30.04.2016.

     

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