No dia 17 de julho de 2015, a redação da Academia Rafael Leitão deu a seguinte notícia: “Xadrez será modalidade no Pan do Peru em 2019”. A informação foi divulgada em diversos veículos de comunicação. Um suposto acordo entre o alto conselho da ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana) e o então presidente da FIDE, Kirsan Ilyumzhinov, teria sido realizado no México, em fevereiro daquele ano.
Os Jogos Pan-Americanos 2019 são realizados entre os dias 26 de julho e 11 de agosto em Lima, no Peru. O Pan conta com a participação de 6.690 atletas de 41 países. Porém, infelizmente, o xadrez segue de fora deste grandioso evento, que poderia ser um trampolim para colocar o xadrez também nas Olimpíadas.
Por que o Xadrez Ficou de Fora?
Historicamente, várias tentativas foram feitas nesse sentido, mas todas sem sucesso. Ao que parece, trata-se de uma missão complexa que envolve uma incrível capacidade de persuasão. No caso do Pan de Lima, o xadrez não passou nem perto de ser contemplado. Desta vez, a bagunça na Federação Peruana, sob o comando do controverso Boris Ascue, é a grande responsável por mais um fracasso.
Mais uma vez o xadrez levou xeque-mate
A Carta de Julio Granda
Nos últimos dias, o atual vice-presidente da FIDE, o Grande Mestre peruano Julio Granda, enviou uma carta aberta para o presidente da FIDE, o russo Arkady Dvorkovich, com informações relevantes sobre o caso. No documento, Granda acusa Ascue de enganar a FIDE no que tange à inclusão do xadrez no Pan de 2019.
“La FIDE ha sido engañada con la inclusión del ajedrez en el Programa Cultural de los Juegos Panamericanos Lima 2019. La falsa directiva del Sr. Ascue no existe en el sistema desportivo nacional!”, afirma um trecho do documento.
Ascue foi destituído do cargo em 2018 pelo Conselho Superior de Justiça e Honra do Esporte, mas parece continuar com grande influência no xadrez local. Segundo a carta de Granda, a FIDE pode enviar $20 mil dólares para a Federação do Peru, valor que fortalece o comando ilegítimo do cartola. Granda reforça o pedido do Instituto Peruano de Esportes para que a FIDE revise o apoio.
“El ajedrez debe alejarse de dirigentes sancionados y con antecedentes penales que no sólo nos dañan a los ajedrecistas sino al deporte en general”, argumenta outro trecho da carta.
Em relação aos antecedentes penais citados no documento, o histórico de Boris Ascue contaria com três delitos: contaminação de águas, apropriação ilícita e homicídio culposo. Nunca foi preso porque as penas eram inferiores a quatro anos. De qualquer forma, em teoria, as condenações o impossibilitam de ocupar cargos públicos.
Porém, com o apoio da FIDE, Ascue segue dando as cartas. A exclusão da enxadrista Ingrid Aliaga da seleção nacional por denunciar, com provas, o abuso sexual de um treinador contratado pela federação, foi mais um triste episódio nesta crise ética existente na Confederação Peruana.
Confira a Carta do GM Julio Granda na Íntegra
Será que um dia o xadrez fará parte dos Jogos Pan-Americanos e dos Jogos Olímpicos. Deixe sua opinião nos comentários.
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Texto Escrito pelo MF William Cruz.
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Olá grande mestre Rafael, eu li esse artigo da academia no ano de 2015 e confesso que criei uma grande expectativa para que o xadrez fizesse parte do Pan. É lamentável ver que por conta de negociatas e questões políticas de cunho e interesse pessoais boicote o brilho desse grande esporte ciência. VAMOS TORCER PARA QUE NUMA PROXIMA OPORTUNIDADE SEJA DADO O DEVIDO VALOR E SEJA TRATADO DE FORMA ISONÔMICA COMO OS DEMAIS ESPORTES. GRANDE ABRAÇO RAFAEL!
FREDERICO
Assim como os E-sports ficarão de fora, o Xadrez também ficará. E enquanto isso vemos coisas como Surf e Skate se tornarem esportes olímpicos.