Os Grandes Jogadores de Xadrez: Bobby Fischer

    A Lenda Bobby Fischer

    Robert James Fischer, o Bobby Fischer, nasceu em 09 de março de 1943, na Califórnia, Estados Unidos, e morreu em 17 de janeiro de 2008, em Reykjavík, na Islândia.

    Ele aprendeu a jogar aos 6 anos com a irmã mais velha, Joan, que o entretinha com um tabuleiro de xadrez enquanto sua mãe, Regina Wender, saía para trabalhar.

     

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    O menino prodígio do Brooklyn aos 13 anos foi protagonista daquela que é considerada a “partida do século”, na qual venceu Donald Byrne, com uma brilhante sequência de sacrifícios. Veja a partida com comentários clicando aqui.

     

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    Com seu primeiro treinador, John W. Collins

    A Carreira de Fischer

    Aos 14 anos sagrou-se campeão adulto norte-americano, feito alcançado por 8 vezes (venceu todos que disputou)! Aos 15, tornou-se o mais jovem grande mestre até então, quando pela primeira vez se classificou para o Torneio de Candidatos.

    Em sua primeira participação no Torneio de Candidatos, em Belgrado, no ano de 1959, a vaga de desafiante do campeão mundial ficou com Mikhail Tal.

    A segunda vez que disputou o Torneio de Candidatos foi no ano de 1962, em Curaçao, e vaga ficou com Tigran Petrosian. Na ocasião, Fischer acusou seus adversários soviéticos de combinarem os resultados das partidas que jogaram entre si para que na última rodada um deles estivesse à frente. O famoso episódio nunca foi provado, mas a Federação Internacional de Xadrez mudou o formato do Torneio e a partir de então adotou o sistema mata-mata, evitando os empates suspeitos.

    Apesar disso, o acontecimento fez Bobby Fischer anunciar que não mais disputaria o Torneio de Candidatos. Ele só voltou atrás em sua decisão no ano de 1971, quando venceu por 6 a 0 tanto Mark Taimanov, quanto Bent Larsen e o direito de desafiar o campeão mundial veio quando venceu por 6,5 a 2,5 Tigran Petrosian.

     

    O Match do Século

    Com isso, o norte-americano Bobby Fischer e o soviético Boris Spassky disputariam, no ano de 1972, o título de campeão mundial de xadrez, naquele que ficou conhecido como o Match do Século.

     

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    O status atribuído à disputa muito se deu ao fato dela ter ultrapassado os tabuleiros e, assim como a corrida espacial, ter se tornado um verdadeiro campo de batalha entre capitalistas e socialistas em plena Guerra Fria.

    E isso se deu porque a hegemonia da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no xadrez era absoluta. Desde que Mikhail Botvinnik, o Patriarca, conquistou o título mundial em 1948, os soviéticos revezavam a coroa: Smyslov em 1957, Botvinnik novamente em 1958, Tal em 1960, mais uma vez Botvinnik em 1961, Petrosian em 1963 e, finalmente, Spassky em 1969.

    Em contrapartida, os ocidentais tinham aquele que já era considerado o maior jogador de todos os tempos. Entretanto, Boris Spassky era até então o único adversário que Fischer nunca havia derrotado.

    O famoso match de 1972 começou antes mesmo do primeiro lance, quando Bobby Fischer passou a impor inúmeras exigências que foram desde o local em que as partidas se realizariam, passando por adiamentos e chegando até o valor do cachê, patrocinado ao final por um banqueiro britânico amante das 64 casas.

     

    bobby fischer

     

    As excentricidades de Fischer já eram conhecidas. No campeonato norte-americano de 1959 ele se recusou a jogar, a menos que o sorteio das partidas fosse realizado na sua presença. Voltou atrás e sagrou-se campeão. Em 1967, no Interzonal em Sousse, na Tunísia, mesmo liderando abandonou o torneio, alegando questões religiosas. Ele se recusou a jogar entre o pôr do sol da sexta-feira e o pôr do sol do sábado. Não havendo objeção dos organizadores, no entanto, Fischer não aceitou compensar o atraso e jogar 4 partidas em 4 dias seguidos.

    Durante a disputa do título de 1972 Fischer continuou fazendo suas exigências, embasado na mania de perseguição que imaginava sofrer dos soviéticos. Reclamou da cadeira, do público e das câmeras. Teve todas as suas reivindicações atendidas, inclusive com a anuência de Spassky, o que, segundo alguns alegam, desestabilizou o soviético, que jogou menos que o habitual.

    Spassky ganhou a 1ª e a 11ª partidas, a 2ª ele venceu por WO, já que seu oponente norte-americano não apareceu para jogar. Fischer ganhou o 3º, o 5º, o 6º, o 8º, o 10º, o 13º e o 21º confrontos e, em 1º de setembro de 1972 sagrou-se campeão mundial de xadrez.

    Muitos consideram a vitória de Fischer na sexta partida como a melhor do match. Para mim, entretanto, a melhor partida terminou em empate, com ambos os enxadristas atuando no máximo de sua habilidade. Veja a partida aqui.

     

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    O Precoce Fim de Carreira

    Mas a grande derrota estava por vir e o perdedor era o próprio jogo, já que depois do título Fischer pararia de jogar xadrez, encerrando sua carreira.

    Quando em 1974 o ascendente jovem enxadrista Anatoly Karpov venceu Boris Spassky e Viktor Korchnoi e ganhou o direito de desafiar o campeão mundial, Bobby Fischer anunciou, em 28 de junho, que abdicava de seu título. A FIDE chegou a conceder-lhe 3 meses para repensar a decisão e a capital das Filipinas, Manila, ofereceu 5 milhões de dólares para organizar o match, no entanto, não houve acordo quanto ao formato da disputa.

    O fim da carreira de Bobby Fischer é atribuído por muitos ao seu medo de perder, por outros, a distúrbios mentais.

     

    O Triste Fim

    Depois de anos recluso, Fischer teve inusitadas e raras aparições públicas. Em 1992 promoveu uma tardia revanche contra Boris Spassky, vencendo a disputa que ocorreu na Iugoslávia, num período de sanções internacionais ao governo de Slobodan Milosevic. Como resultado, os Estados Unidos anunciaram que ele seria preso caso retornasse ao país.

     

    paperwriter.org

     

    No ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 ele deu uma entrevista a uma rádio de Manila comemorando a tragédia e fazendo declarações antissemitas, apesar de sua mãe ser judia.

    Em 2004 foi detido no Japão por estar com seu passaporte norte-americano vencido. Os Estados Unidos pediram sua deportação, mas Fischer venceu o impasse, ganhando cidadania da Islândia, onde faleceu em 2008.

     

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    O Legado

    Mozart do Xadrez, Esperança do Ocidente, lenda, gênio, maior jogador de todos os tempos, excêntrico, chato, como ele próprio se rotulava… Como definir Bobby Fischer? A missão é difícil, mas o fato incontestável é que, para o bem ou para mal, Fischer sempre será um mito!

    Cresci vendo as partidas de Fischer e durante muitos anos meu livro de cabeceira foi “Minhas 60 Melhores Partidas de Xadrez”. Serei sempre grato a Bobby por tudo que fez para os amantes do jogo de xadrez. Para mim, trata-se do melhor enxadrista de todos os tempos.

     

     

    Fotos: afflictor.com, pattayatoday.net, theguardian.com, dailymail.co.uk.

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    14 Responder para “Os Grandes Jogadores de Xadrez: Bobby Fischer”

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      Que massa , esses caras sãi genios!

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      Muito bom!

    • Gustavo Brandão Messenberg

      Vale lembrar que após ser derrotado no match valendo o título mundial em 1972, Boris Spassky declarou que "Fischer era o melhor produto da escola soviética de xadrez". É inegável a contribuição da escola soviética na evolução da teoria e do jogo de xadrez. Assim como são inegáveis todas as virtudes de Bobby Fischer. A combinação desses elementos produziu o melhor jogador de xadrez daquela geração e um dos melhores de todos os tempos. Entendo como escola soviética de xadrez toda cultura enxadrística produzida principalmente entre 1917/1991 na União Soviética e que tem repercussão até os dias de hoje.

      • Gustavo Aguiar Rocha da Silva

        Em apoio a Gustavo Massenberg devo dizer que li em mais de uma fonte confiável que Fischer aprendeu Russo por conta própria e que devorou toda a literatura enxadrística soviética que teve oportunidade de ler. Foi o melhor representante da Escola Soviética de Xadrez assim como Mozart foi o melhor compositor de Ópera Italiana de todos os tempos. Amantes da Ópera Italiana, xinguem-me à vontade!

        • Luiz

          Bela comparação.

    • Geraldo J F

      Bem... separando apenas para tentar entender... homem e jogador, inegável vencedor mas com tantas exigências? E o Spassky que aceitou e mesmo tendo perdido se assim foi por isso, ainda jogou revanche perdendo então?!
      Tem como separar genialidade de excentricidades? Ser humano de pensador? Complicado para mim, apenas iniciante e simples amante do Jogo.

    • Marco Aurélio

      Vi recentemente um filme sobre sua carreira como enxadrista e percebe-se que por trás de suas excentricidades havia um gênio espantoso que tornava suas partidas em verdadeiras obras-primas produzidas por um talento único. Concordo que igual a ele, ainda não se viu igual.

    • Salles

      O melhor jogador do mundo. Descanse em paz.

    • Lindomar

      É sempre uma missão complicada definir qual o melhor jogador de todos os tempos, simplesmente porque não é justo comparar épocas distintas. Hoje, por exemplo, o Carlsen é o melhor, mas Imaginem, como seria o desempenho de um jogador do talento do Fischer se ele tivesse todos os recursos que a informática oferece. Fischer estudava usando o tabuleiro, hoje os jogadores utilizam programas de computador que os auxiliam nas análises e até na elaboração de linhas de jogo. Fischer refutava variantes teóricas através de preparação que ele mesmo fazia usando simplesmente o sua capacidade enxadrística! E o feito do Fischer de bater a máquina soviética e enfiar 6x0 no Taimanov, 6x0 no Larsen e 6x2,5 no Petrosian no torneio de candidatos de 1971 pra mim é o maior feito da história do xadrez. Assim, se alguém diz que ele é o maior de todos os tempos, tem motivos para pensar assim, mesmo que seja uma afirmação subjetiva.

      Falando de outros jogadores, o que dizer do mítico Capablanca que era considerado uma máquina invencível de jogar xadrez em sua época? Admiro esse jogador cubano pela simplicidade do seu jogo e pela maneira discreta que ele empurrava seus adversários ladeira abaixo. sem falar na maestria nos finais.

      E por fim, para não me prolongar tanto, não podemos esquecer de Kasparov. Seus embates contra Karpov entraram para a história. A sua agressividade, a facilidade em encontrar temas táticos e seu temor ante o jogo complicado fizeram dele um jogador temido ao longo de sua carreira. Trata-se do meu jogador preferido e também é citado por muitos com o maior de todos os tempos.

    • Bruno

      O Bobby Fischer lia muitos livros de xadrez, treinava com o Fischer Random, preparou-se fisicamente para o Match contra o Spassky e fazia jogadas profundas. Está entre os melhores da história para sempre.

    • Luisinho

      Bobby na sua época foi o melhor, assim como Capablanca no seu auge também era o melhor, não dá pra comparar uma época com outra. Impossível saber qual o melhor sem ter um match de jogos entre eles. Mas eu acredito que como todo esporte, o xadrez evolui e também as técnicas. Assim se pudéssemos fazê-los jogar, acredito que os grandes campeões de hoje sobressairiam aos mais antigos. Agora se desse um tempo para que os "velhos" se atualizassem e estudassem o xadrez moderno, ninguém os venceria. Seria então Capablanca primeiro, Boby segundo e Kasparov o bronze.

    • Lucas Madrid

      Mikhail tal, foi um gênio incontestável, pra mim o melhor do xadrez.

    • Luisinho

      O que Bobby fez para o xadrez foi simplesmente torná-lo um esporte mundial, foi o "sonho americano" na época da guerra fria, só isso já o rotula de o "jogador de xadrez mais importante de todos os tempos" pelo que fez pra disseminar o conhecimento sobre esse jogo tão incrível. Segundo as más línguas, Bobby foi jogar com a Morte e perdeu, como no filme "O Sétimo Selo" de Ingmar Bergman.

    • Marcelo Cunha Guimarães

      Excelente texto. Salvo engano, o primeiro treinador de Fischer foi Carmine Nigro.

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