Campeões Sem Coroa – 4 Grandes Enxadristas

    Grandes Enxadristas Que Não Foram Campeões Mundiais

    Seja qual for o esporte, nem sempre é preciso ser campeão mundial para ser o melhor. São vários os aspectos que podem fazer com que esportistas, por melhores que sejam, não consigam atingir o título máximo. No post de hoje, trazemos 4 dos maiores enxadristas da história que, apesar de nunca terem vencido um campeonato mundial, você precisa conhecer!

     

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    Paul Morphy

    O americano Paul Morphy figura em nossa lista graças a uma inteligência ímpar e memória afiadíssima, atributos que o colocaram dentre os melhores enxadristas da história. Morphy era considerado um prodígio em tudo que fazia. Já aos 12 anos, era capaz de vencer partidas simultâneas às cegas e derrotar alguns dos melhores enxadristas da época. Aos 19, conseguiu se formar em direito, mesmo sendo mais novo que a idade mínima exigida para exercer a profissão.

    Sua carreira como enxadrista profissional durou apenas 18 meses, pois esse foi o período que ele precisou aguardar para estar apto a advogar. Oficialmente, Morphy sagrou-se campeão apenas do campeonato americano de xadrez do ano de 1857; entretanto, por ter vencido todos os grandes jogadores da época no ano seguinte, para muitos ele podia ser considerado campeão mundial do ano de 1858. Porém, esse título não existia oficialmente à época.

     

    Akiba Rubinstein

    Natural da Polônia, Akiba Rubinstein é mais um grande jogador do século XX. Durante os primeiros anos de sua carreira como enxadrista, sua família, de origem judia, o incentivava a se tornar um rabino. Porém, após conquistar o quinto lugar no torneio de Kiev, em 1903, conseguiu apoio para deixar os estudos religiosos e dedicar-se ao xadrez.

    Quatro anos depois e com um estilo de jogo extremamente técnico, racional e, principalmente, impecável no final, Rubinstein já era considerado um dos jogadores da lista dos grandes da época. Em 1912, conseguiu um dos maiores feitos de sua carreira: estabelecer um recorde por vencer 5 grandes torneios em sequência, o que levou muitos a considerá-lo o nº 1 do mundo mesmo sem vencer o campeão mundial.

    Entretanto, Rubinstein nunca teve uma chance contra Lasker por não conseguir angariar dinheiro suficiente para realizar o embate e, quando finalmente conseguiu, o match foi cancelado em decorrência do início da Primeira Guerra Mundial.

    Paul Keres

    Também conhecido como “O Campeão Sem Coroa”, Paul Keres foi um enxadrista estoniano e, para muitos, o melhor jogador da história dentre os que nunca se sagraram como campeões mundiais. É dele o título do Torneio de AVRO, realizado em 1938, que contou com a participação de renomados jogadores como Botvinnik, Capablanca, Euwe, Reshevsky, Alekhine e Flohr.

    Esse torneio é até hoje considerado por alguns historiadores como o mais forte já realizado na história. Todos esperavam que o vencedor ganhasse uma chance direta contra o campeão mundial da época, mas, mais uma vez, outro grande embate foi negado à história deste esporte em decorrência do início de uma guerra mundial — dessa vez, a segunda.

     

    Viktor Korchnoi

    A vida e a carreira desse enxadrista soviético foram marcadas por grandes conflitos não apenas com seus adversários no tabuleiro, mas também com o Governo da extinta URSS. Com 4 títulos nacionais soviéticos — país mais tradicional no esporte — e 10 participações em Torneios de Candidatos, Korchnoi viveu uma das maiores rivalidades da história desse esporte com o também soviético Anatoly Karpov. Os dois chegaram a se enfrentar por duas vezes em disputas de título mundial, uma em 1978 e outra em 1981, e em ambas as oportunidades Karpov saiu vitorioso.

    Esses embates, porém, foram sempre extremamente polêmicos e complicados, principalmente para Korchnoi, que havia desertado de seu país em 1976, mas que não fora autorizado a levar sua família consigo. Durante o embate de 1981, por exemplo, seu filho fora encaminhado a um campo de  concentração soviético para tentar pressionar Korchnoi a perder para Karpov, fato que realmente acabou acontecendo.

    Nunca saberemos o que teria sido de sua carreira sem as perseguições sofridas por parte da KGB e do Governo Soviético, mas, mesmo diante de tantas adversidades, Korchnoi sem dúvidas marcou a história do xadrez mundial.

     

    Como pudemos ver, nem sempre os melhores jogadores levam o título. Você conhecia a história desses campeões sem coroa? Aproveite para conhecer também alguns dos Grandes Prodígios do Xadrez Moderno!

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    32 Responder para “Campeões Sem Coroa – 4 Grandes Enxadristas”

    • Rafael

      Faltou Invanchuck Rafa, opiniao do próprio Kasparov...

      • Rafael Leitão

        Grande gênio, mas muito inconstante para ser colocado na lista. Mesmo quando estava no auge, o Kasparov era superior a ele...

    • Aloisio Gil

      faltou o GM Henrique Mecking.

      • Rafael Leitão

        Melhor enxadrista da história do Brasil, mas não chegou perto de ser campeão mundial...

      • Josh Cardin

        Concordo.
        Faltou Ivanchuk
        Mas ele já é campeão mundial no rápid chess.

    • Jose Augusto

      Rafael, creio que podemos colocar Reti nesta lista e o grande Larsen.

      • Rafael Leitão

        Dois excepcionais enxadristas, mas não chegaram a ser os melhores do mundo em nenhum momento de suas carreiras...

        • Fábio Henrique

          Faltou Nezmetidinov!!!

    • Kaiser

      Está certo que a lista é curta, e talvez o redator tenha alguma inclinação...
      Mas, esquecer(não elencar) o David Bronstein é pecado capital!

      • Rafael Leitão

        Grande Kaiser! Na verdade a inclinação é a do "CEO" do site mesmo kkk. Não acho que o Bronstein esteja na mesma categoria dos enxadristas citados no artigo. Mas é apenas minha opinião :) Abraço!

      • David Borensztajn

        Tem razão! O Bronstein perdeu o match x Botvinnik por razões misteriosas dignas do tempo da KGB....

    • Ednilson oliveira

      Faltou Nimzovitsch

      • Rafael Leitão

        Para mim ele não está na categoria dos 4 citados no artigo...

    • Cássio

      Sem dúvida faltou Aaron Nimzowitch !!!!!!!!

      • Rafael Leitão

        Obrigado pelo comentário! Para todos os fãs do Nimzovitsch, ouso discordar :)

    • Gustavo Brandão Messenberg

      O volume 4 da coleção 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov é dedicado a Fischer. O autor inicia o texto nesse volume com uma biografia de Samuel Reshewsky. Faz grandes elogios à Samuel Reshewsky.

      Reshewsky tinha talento, força e 'pegada' para ser campeão mundial de xadrez. Muitos fatores tiveram influência para que isso não ocorresse. O espaço é insuficiente para tratar disso aqui. E nem seria o caso objetivamente falando. Como também o espaço é pequeno para comentar nomes que poderiam estar na lista e não estão. Nomes como o de Tchigorin, Tarrasch, Fine, etc, etc... E também outros nomes mencionados.

      Colocaria Samuel Reshevsky numa lista com os 4 melhores da história do xadrez que não chegaram à campeões mundiais. Jogou e ganhou contra quase todos os campeões do mundo entre outras façanhas. Jogou e ganhou matches contra os melhores do "Resto do Mundo" naquela época dos anos 50 (soviéticos de fora); Najdorf (duas vezes) e Gligoric (uma). Outra façanha e à altura dele foi o empate no match contra Fischer...É certo que ele foi declarado vencedor, mas a última partida não foi jogada por ausência de Fischer. O próprio Fischer declarou que entre 1946/1956 Reshevsky era o melhor do mundo e certamente derrotaria Botvinnik num match com o título em jogo. E a atitude de Alekhine enquanto vivo, que por "precaução" estudava metódicamente os jogos de "Sammy", além dos destacados e impares elogios que fazia ao jogo de Reshewsky, apontado-o como um virtual desafiante do campeão...Todavia, como felizmente o mundo do xadrez é repleto de talentos é possível e compreensível que falte alguém... Não há o que objetar na lista do Mestre Rafael Leitão e eu não saberia quem retirar para colocar Reshewsky.

    • Marcelo Pomar

      Eu incluiria o Geller e faria uma lista com 5. Mas só pra contrariar mesmo. Parabéns pelo site.

    • Milton Angelim

      Dizem que o Efim Geller foi um terror!

    • Carlucio

      Lista perfeita Rafael exclamou 2 !!
      Na minha opinião Morphy é sem duvida o primeiro campeão mundial, até hoje não entendo qual critério foi usado para determinar o primeiro campeão. Atravessar o oceano e vencer o campeão europeu nos dias de hoje já é difícil , imagine naquela época.
      E dessa lista, a história mais impressionate é de Korchnoi, esse colocava a faca nos dentes e lutava até o final, disputando o titulo com a família refém na URSS.

    • Maicon Prantes

      Boa noite GM,

      Historiadores citam o torneio de AVRO como o mais forte da história, e na sua opinião qual o mais forte? Concorda com eles?

      Até.

      • Rafael Leitão

        Difícil dizer...Avro 1938 foi um torneio muito importante para sua época, mas acredito que depois tivemos torneios mais fortes. Especialmente no século XXI os organizadores conseguiram várias vezes reunir os melhores jogadores do mundo. Mas algum Linares com Kasparov, Karpov e Anand no auge deve ter sido o mais forte de todos os tempos...

    • Leandro

      Najdorf é um nome que me vem à cabeça, ele bem que poderia ter pelo menos disputado o título.

      Nimzowitsch - meu predileto. Mas admito imaginar a dificuldade que ele teria em enfrentar Alekhine ou Rubinstein, não vejo ele vencendo um match contra um desses dois.

      Reuben Fine - Fine não foi campeão porque não quis. Pra mim, o melhor dos EUA. Venceu todos os jogadores de sua época, inclusive, Alekhine e Botvnik.
      Não foi ao torneio que Botvnik venceu e, assim, virou campeão mundial, se tivesse ido teria sido ele o vencedor.

      Pra mim essa lista tinha que ter Fine em menção honrosa.

      :)

      • Rafael Leitão

        Najdorf e Nimzo não creio que tivessem força de campeão mundial. Mas concordo com o Fine! É possível que ele tenha sido o melhor do mundo durante um momento...

      • João Norberto

        Também acho que Ruben Fine merecia uma chance de disputar o Mundial. Houve um pequeno intervalo de um ou dois anos que poderia ter ganho de qualquer jogador.

        • Rafael Leitão

          Concordo!

    • José Neto

      Poderia considerar o Dr Tarrasch?

    • Wagner marinho

      Concordo com todos os 4.. acho que ninguem mais deveria entrar nesta lista.. respeito larsen e reti.. mas nao creio que meteciam ter chegado ao titulo maximo.. ninzo era feito em picadinho por capablanca..

      • João Norberto

        Dá pena ver as partidas de Bronstein e Ninzo contra Capablanca

    • Newton

      Eu incluiria Efim Geller, grande talento enxadristico, talvez teve o azar de está numa época não muito favorável rsrs...

    • Fred

      Faltou Bent Larsen!

    • Paulo sousa e silva

      Ivanchuk, Geller, Bronstein, Fine, Pillsbury, Maroczy, Chigorin....A lista pode ser bem ampla se pensarmos no Euwe como o degrau mais baixo da escadaria de campeões mundiais. A força de Max Euwe era semelhante à de Bogo e Najdorf, mas a vantagem do holandês era a de sobressair em matches, enquanto os outros dois fizeram fama em torneio.
      Mas essa coisa de torneio eliminatório, acabou fazendo justiça ao Topalov, mas não convence nos casos do "califa", do Ruslan e do Rustam.
      Agora, já pensou se tivéssemos um challenger todo ano? Muitas surpresas poderiam acontecer! Vale dizer que o Aronian foi o melhor enxadrista de 2017 e terminou em último no Candidatos de 2018. Tb. vale lembrar o sufoco que foi o match
      Anand vs. Gelfand !
      E isso seria possível, se todo final de ano o campeão do mundo jogasse um match válido pelo título. No primeiro ano -do ciclo de 3 anos- ele enfrentaria o vencedor do ct (candidates tournament) ; no segundo, o vice do ct ; no terceiro, o vencedor da World Cup, ainda "fresquinho" da vitória.
      Isso seria uma revolução! Pois, ao invés de 3 ou 4 campeões a cada 40 anos, teríamos de 12 a 15 ! Se pensarmos que Taimanov , Savon, Tseshkovsky, Gulko e Psakhis foram campeões soviéticos naquele período de 1944-1985, indubitavelmente teríamos campeões mais fracos. O que parece um preço pequeno a se pagar, se pensarmos que campeonatos anuais atraem a mídia e o público e, consequentemente, entraria mais dinheiro...

    • Pétrick

      Harry Pillsburry poderia entrar na lista? Por que?

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