E Se o Coringa Jogasse Xadrez?

    Que tal um teste de imaginação: e se o Coringa jogasse xadrez? Como seria seu estilo de jogo? E o seu repertório de aberturas? Será que ele derrubaria todas as peças, tocaria numa peça e jogaria outra? Dono de um perfil psicológico controverso, Coringa é um quebra regras, um amante do caos. Sem dúvida ele não jogaria com a fineza posicional de José Raúl Capablanca ou de Anatoly Karpov. Coringa é contra a padronização, ele detesta os clássicos. Fragilizado, também não teria a energia necessária para jogar com o dinamismo de Mikhail Tal ou de Garry Kasparov.

    Cena de “Coringa” (2019), encenado por Joaquin Phoenix

     

    Não esqueça, Coringa é louco, suas ações são calculadas, porém, irresponsáveis. Caso jogasse de brancas, seu primeiro lance seria 1.e4! Afinal, ele não quer se esconder nos cantos, Coringa adora estar no centro das atenções. Contra 1… e5, responderia 2.Cf3 com a tranquilidade de um Grande Mestre, puro blefe. Em caso de 2…Cc6, Coringa jogaria 3.Cc3. Como assim? Ele vai jogar a sólida defesa dos quatro cavalos? 3… Cf6, 4. Cxe5?! 

     

    Posição após 4.Cxe5?!

     

    Finalmente, Coringa mostra suas cartas. Ele entregou um cavalo, uma jogada irracional. Ao perceber o espanto do adversário, Coringa soltaria a sua perturbadora gargalhada, fruto da sua crise de epilepsia gelástica, a doença causadora da risada compulsiva.

    Voltando ao xadrez, no fim das contas, o palhaço jogou o Gambito Halloween, uma abertura pouco convencional, no estilo do personagem. Geralmente, quem joga 1…e5 busca posições sólidas. O sacrifício é um golpe psicológico, as negras vão ter vantagem material, mas as brancas devem desenvolver a iniciativa, o que pode render um ataque mortal no meio-jogo.

    Magnífico! Coringa entrega material, cria o caos no tabuleiro e tenta entrar na mente do rival. Lembre-se, em um dos filmes do Batman, o Coringa arma uma confusão para ser, propositalmente, capturado pela polícia, fato que lhe ajudaria mais adiante. Os sacrifícios duvidosos estão no seu elemento. 

    Em relação ao sucesso ou ao fracasso do Coringa como enxadrista, fica para a imaginação do leitor. De qualquer forma, você pode se colocar no lugar do personagem e tentar jogar o Gambito Halloween. Faça isso com moderação e apenas em partidas amistosas de blitz. 

     

    Mais Sobre o Gambito Halloween

    Em relação ao Gambito Halloween, de acordo com informações do chess.com, a abertura é conhecida desde o século XIX, mas recebeu o curioso nome no final da década de 1990. Isso porque, Steffen Jakob – um enxadrista alemão e programador – interessou-se pela abertura em 1996. Na época, ele criou uma engine que tinha essa abertura no repertório. Jakob batizou a variante com o nome de Ataque Halloween. “Os jogadores ficam chocados, do mesmo jeito que ficariam assustados com uma máscara de Halloween”, justificou ao jornalista Tim Krabbe, em 2000.

     

    Se o Coringa jogasse xadrez, quanto ele teria de rating? Defina se é de blitz, rápido ou clássico. Deixe sua opinião nos comentários.

     

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    Texto escrito pelo MF William Cruz.

    4 Responder para “E Se o Coringa Jogasse Xadrez?”

    • Henrique Diaz Kratz

      Coringa teria 3000 de rating FIDE clássico. Sempre jogando no erro do adversário e com variantes agudas.

    • Reynaldo Carvalho

      Esse artigo foi escrito pelo Coringa.

      • Rafael Leitão

        Será?

    • Daivid

      Rafael,porque dizem que essas aberturas mais agressivas funcionam melhor (ou só funcionam)em blitz?em partidas mais longas oi clássicas elas são menos efetivas?

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