3 Curiosidades Incríveis Sobre A História Do Xadrez Que Você Precisa Saber

    1 – O Mate de Legal

    O Mate de Legal surge após os seguintes movimentos: 1-e4, e5 2-Cf3 Cc6, 3-Bc4 d6, 4-Cc3 Bg4 5-h3 Bh5 6-Cxe5 Bxd1 7-Bxf7+ Re7 8-Cd5#.  Certa vez, um aluno questionou o professor sobre o nome do xeque mate. Criativo, o professor reconheceu que não sabia exatamente, mas talvez fosse porque as brancas entregaram dama. Afinal, só um adversário “legal” para fazer esse tipo de coisa. 

     

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    Posição após 8-Cd5#. As brancas sacrificaram a dama para dar xeque-mate

     

    No entanto, a realidade é outra. A origem do Mate de Legal se deve ao enxadrista Sire de Legal.  Nascido em 1702, Legal foi um dos jogadores mais fortes de Paris no século XVIII. Contudo, sua maior contribuição para a história do xadrez deve-se a outro fato. Sire de Legal foi o professor de François-André Danican Philidor, um dos maiores enxadristas de todos os tempos. 

    Nos treinamentos, Legal jogava com Philidor dando uma torre de vantagem. Essa situação persistiu durante três anos, quando o aluno enfim superou o mestre. A diferença de idade entre Legal e Philidor era de 24 anos. 

    O conhecido xeque mate que leva o nome de Legal se produziu pela primeira vez em uma partida contra o Cavaleiro de Saint Brie, o qual também iniciava a partida com uma torre de vantagem. Legal faleceu em 1792, aos 90 anos.

     

    2- A Catimba de Ruy Lopez

    Durante os séculos XV e XVI o xadrez foi essencialmente um jogo de armadilhas. O melhor jogador era aquele que sabia mais golpes e não o melhor estrategista. Com frequência essa forma de interpretar o xadrez ultrapassava as barreiras do tabuleiro. Uma prova disso é um curioso parágrafo do Tratado de Ruy Lopez, de 1561:

    “Quando jogar, se for durante o dia, procure que o inimigo tenha o sol na cara, para que o cegue. Já se estiver escuro, e se jogue com fogo, faça com que o fogo fique à direita (do adversário), para que quando ele mova uma peça, a sua própria mão faça sombra, de modo que não veja bem onde coloca as peças. (…) Tudo isso faz parte para perturbá-lo”.

    Imagem de Ruy López e do seu livro, escrito em 1561

    Esses ingênuos conselhos dão uma clara ideia do conceito que tinham os melhores enxadristas da época. Cabe ressaltar que, além de um dos melhores jogadores do mundo, o espanhol Ruy Lopez também era um padre. Para os padrões culturais atuais é estranho pensar que um padre dava conselhos tão velhacos e ainda os documentava em um livro. 

     

    3- O Primeiro Livro

    Em meados do século XV houve uma reforma nas regras do xadrez. A dama e os bispos ganharam mais poder e surgiram inovações como o roque e a possibilidade de avançar os peões duas casas. Sendo assim, na última década do século XV, mais precisamente em 1497, surge o primeiro tratado de estratégia do xadrez moderno. 

    “Repetición de Amores e Arte de Ajedrez, con 101 juegos de partido” foi impresso na cidade de Salamanca, Espanha. A autoria é do espanhol Lucena. Existe uma discussão sobre o primeiro nome do enxadrista e também há dúvidas sobre sua real força de jogo. 

    Imagem do livro de Lucena, o mais antigo da história do xadrez

    De qualquer maneira, no referido livro existe um capítulo de finais de grande valor teórico. É por isso que o “Final de Lucena” é um dos finais mais clássicos do xadrez, ainda que exista uma dúvida se a posição realmente foi estudada por Lucena, já que ela não consta no livro.

     

    Posição de Lucena, um dos finais mais clássicos do xadrez

     

    “Supõe-se que a obra de Lucena é mais uma compilação do que uma invenção. Seja como for, é preciso enaltecer a intuição estratégica e a riqueza de ideias que revela. Dado a reforma recente das regras, não poderia existir algum tipo de embasamento teórico anterior. As ideias fundamentais de desenvolvimento das peças, o tratamento dos peões, a consciência dos perigos da união de forças próximas ao roque, assim como a importância de ocupar o centro e abrir linhas para a dama, torres e bispos, tudo isso já se encontrava no livro de Lucena e, se fosse possível afirmar que o livro foi uma obra exclusivamente sua, não haveria como não considerá-lo um gênio, do mesmo patamar de Philidor, Morphy e Steinitz”, afirma o escritor Juan Fernández Rúa, no livro “La edad de oro del ajedrez”.

     

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    Texto Escrito pelo MF William Cruz.

     

    Referências Bibliográficas: 

    “La edad de oro del ajedrez”, Juan Fernández Rúa, Madrid – 1973.

     

    Uma resposta para “3 Curiosidades Incríveis Sobre A História Do Xadrez Que Você Precisa Saber”

    • Hildeberto

      Falou em "conselhos velhacos" (risos) feitos por Ruy lopes e em seguida disse que por aí se tirava o nível dos melhores da época, livro de 1561.

      Logo depois Comenta que o livro mais antigo de xadrez, datado por volta de 1500, revelou-se uma obra de grande valor didático a nível genial. (!)

      Ficou cotraditório.

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