Viagem no Tempo
Criado em 1927, o Campeonato Mundial Feminino está próximo de completar seu primeiro século. Inicialmente foi dominado por Vera Menchik, uma das milhões de vítimas da II Guerra Mundial. No pós-guerra, domínio total das enxadristas da União Soviética. A hegemonia durou praticamente até o fim do regime comunista, em 1991, e coincidiu com o surgimento da lenda Judit Polgár.
A húngara nunca disputou um mundial feminino durante a carreira. Polgár competiu de igual para igual com os melhores homens. Por isso, é considerada a melhor enxadrista de todos os tempos e dominou o ranking mundial feminino até a aposentadoria oficial, em 2014. Com os afastamentos de Judit, que aconteceram desde o início dos anos 2000 – em função das suas duas gestações – as chinesas passaram a dominar o xadrez feminino, principalmente com os nomes de Hou Yifan e Ju Wenjun.
Judit fez história ao enfrentar de igual para igual os melhores do mundo
Mundial Feminino 2020
Foi com a missão de acabar com o domínio chinês que a russa Aleksandra Goryachkina chegou ao Campeonato Mundial Feminino 2020, realizado entre 05 e 24 de janeiro em duas partes, a primeira na China e a segunda na Rússia. Atual número quatro do mundo no ranking da FIDE com 2578 pontos, Goryachkina precisava superar a atual campeã mundial, a chinesa Ju Wenjun (2584). Em relação ao ranking da FIDE, a líder Hou Yifan (2664) não participou do ciclo pelo Campeonato Mundial.
Como indicam os ratings de Goryachkina e Ju Wenjun, o match – disputado em doze partidas – foi de completo equilíbrio e com muita emoção. A chinesa iniciou bem com uma vitória na quarta partida, porém, a resposta foi rápida e a russa empatou o duelo no jogo seguinte. A metade chinesa do match terminou empatada e tudo foi definido na Rússia.
Após virar o confronto na oitava partida, Aleksandra Goryachkina pareceu ter ficado com o título nas mãos. Contudo, Ju Wenjun mostrou porque é a atual campeã mundial e virou o placar mais uma vez com duas vitórias consecutivas. Na 12ª e última partida, Goryachkina não tinha opção, ou ela vencia e levava o confronto aos desempates, ou tudo estava acabado. Com extrema frieza, a russa igualou o placar, 6×6.
Emocionante duelo terminou empatado
Desempates
Assim como o Mundial Absoluto, o Mundial Feminino também foi decidido nas partidas rápidas. No entanto, o 6×6 entre Magnus Carlsen e Fabiano Caruana foi monótono, com doze empates. Já o duelo entre Goryachkina e Ju Wenjun foi mais atrativo do ponto de vista da competitividade, pois seis partidas terminaram com vitória.
Nas partidas rápidas, Goryachkina teve muita chance de vencer no primeiro jogo e também teve boa vantagem no segundo, porém, Ju Wenjun conseguiu segurar o empate nas duas ocasiões, o que elevou sua confiança. Situação confirmada com uma vitória na terceira partida rápida. O empate na quarta e última partida garantiu a manutenção do título para a enxadrista da China.
Ju Wenjun é mais uma vez coroada
Aleksandra Goryachkina lutou muito e teve chances reais de vitória. De todo modo, o domínio chinês no xadrez feminino foi mantido. As chinesas também são as atuais bicampeãs olímpicas. Quem pode pará-las? Deixe sua opinião nos comentários.
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Imagens: Site Oficial
Texto escrito pelo MF William Ferreira da Cruz
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Quem vem depois da Ju Wenjun? A China não parece ter uma candidata a sucessora da Ju Wenjun para manter a hegemonia.