O fascínio pelo xadrez já inspirou romances, filmes e histórias verdadeiras que mais parecem roteiro de cinema! Mas não foram só a lógica por trás de cada jogada, as proporções históricas de uma partida nem mesmo a habilidade intrigante dos jogadores que transformaram o xadrez em obra de arte. O próprio tabuleiro, com seu contraste de preto e branco e suas peças únicas, proporciona experiências estéticas que foram exploradas até na pintura.
Ficou curioso? Então continue lendo e conheça 5 quadros famosos que representam a instigante relação entre xadrez e artes plásticas!
“A partida de xadrez”, de Lucas van Leyden (1508)
O xadrez já era tema de pinturas desde o Antigo Egito e, durante o finalzinho da Idade Média e no Barroco, ele aparece em diversos quadros como esse, do pintor holandês van Leyden. Nesse período, as pinturas que mostram a relação entre xadrez e artes plásticas quase sempre retratam cenas assim: partidas entre nobres, assistidas ou não, ou retratos de uma pessoa posando junto a um tabuleiro. Vale notar que, naquela época, o xadrez era uma das poucas atividades em comum entre os homens e as mulheres, permitindo que enxadristas de ambos os sexos se enfrentassem como iguais, pelo menos no tabuleiro.
“O jogo de xadrez”, de Ludwig Deutsch (1896)
O século XIX inaugura o orientalismo, movimento artístico que, como você deve ter entendido pelo próprio nome, busca retratar cenas do Oriente. O austríaco Ludwig Deutsch é um dos últimos representantes dessa tendência, e antes dele o famoso pintor francês Eugène Delacroix (você provavelmente conhece sua obra “A Liberdade guiando o povo”, de 1830) também fez parte do movimento e pintou outro quadro do tipo, chamado “Árabes jogando xadrez”.
“Jogadores de xadrez”, de Marcel Duchamp (1910)
Com a chegada do século XX e o início dos movimentos de arte moderna, as pinturas com xadrez começam a ficar bem diferentes, e o cubista francês Marcel Duchamp é um exemplo dessas mudanças. O curioso é que, além de pintor, Duchamp era um enxadrista apaixonado, tanto é que chegou até a largar a pintura para se dedicar apenas ao xadrez durante um longo período de sua vida, acredita?
Ele é o autor da célebre frase:” Nem todos os artistas são enxadristas, mas todos os enxadristas são artistas”.
“A partida de xadrez”, de Maria Helena Vieira da Silva (1943)
Maria Helena Vieira da Silva é uma artista portuguesa que, durante a 2ª Guerra, teve que fugir de Paris, onde morava, migrando para o Brasil com seu marido, o artista húngaro Arpad Szenes. O casal rapidamente se estabeleceu por aqui, fazendo amizade com outros artistas nacionais, como a poetisa Cecília Meirelles e o pintor Carlos Scliar. Foi no Rio de Janeiro que Maria Helena pintou “A partida de xadrez”, um dos quadros que marcam sua influência no início do abstracionismo no nosso país.
“Marcel Duchamp en passant Mark Kostabi (Swindle of the Century)”, de Mark Kostabi (2002)
Chegamos ao século XXI e ao pós-modernismo com essa pintura do artista estadunidense Mark Kostabi. Para quem não sabe, Kostabi também é conhecido por ter elaborado o design de CDs famosos, como “Use your Illusions”, do Guns N’ Roses, e “¡Adios Amigos!”, do Ramones. Esse quadro de nome comprido traz, ao mesmo tempo, uma autocitação e referência a Marcel Duchamp — uma característica bem típica do pós-modernismo —, e fez parte da exposição “Marcel Duchamp: The Art of Chess”, que aconteceu em Nova Iorque em 2009.
E você, gostou de conhecer esses exemplos da relação entre xadrez e artes plásticas? Comente contando quais outros quadros sobre xadrez você conhece e aproveite para ler também o artigo sobre xadrez e arte de Jovane Nikolic, que compartilhamos em outra ocasião aqui no blog!
* Fontes/Imagens:
1. https://pt.wikipedia.org/wiki/Xadrez_Courier
2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Xadrez_na_Ar%C3%A1bia
3. The Readlist. Marcel Duchamp, Chess Players, 1911, cotton, thread (Philadelphia Museum of Art)
4. http://www.wikiart.org/en/maria-helena-vieira-da-silva/a-partida-de-xadrez
5. https://www.flickr.com/photos/mickeyono2005/453931538 0
Boa matéria Rafael.
Muito bom.
Elifas Andreatto, pintor brasileiro, tem um belo quadro chamado "O tempo" onde faz uma alegoria ao xadrez.
Está na capa do livro "Mitos em cheque" do teatrólogo espanhol Fernando Arrabal.
Abraços de
Ivan Tadeu ...
São Paulo.
Belíssimo artigo!