Grandes Enxadristas Brasileiros: Giovanni Vescovi

     

    A carreira vitoriosa de Giovanni Vescovi

     

    Mesmo sem ter uma política de popularização do jogo de xadrez, o Brasil tem diversos enxadristas renomados e muitos títulos internacionais. Hoje, nossa série sobre os Grandes Enxadristas Brasileiros contará a história do heptacampeão nacional e detentor do recorde de pontuação no ranking da FIDE no país, Giovanni Vescovi.

    Quer conhecer um pouco mais sobre esse grande jogador, sua história de vida, carreira e conquistas? Então confira abaixo!

     

    Os primeiros passos do futuro heptacampeão brasileiro

    Gaúcho natural de Porto Alegre, Giovanni Portilho Vescovi nasceu em 14 de junho de 1978, mas, como ainda bem novo mudou-se para São Paulo e por lá cresceu, também pode ser considerado um paulista legítimo.

    Influenciado pelo pai que tinha no xadrez um hobby, Giovanni, assim como a maioria dos grandes jogadores da história desse esporte, começou bem cedo a descobrir a modalidade. Logo aos 2 anos de idade já se relacionava com as peças e o tabuleiro, inicialmente as derrubando e atrapalhando as partidas de seu pai. Porém, em vez de se zangar com isso, seu pai viu uma excelente maneira de introduzi-lo no esporte e passou a ensiná-lo como posicionar as peças e montar o tabuleiro para uma partida de xadrez.

    Um ano depois, aos 3, Giovanni já sabia não apenas montar o tabuleiro, mas também movimentar as peças do jogo e depois passou a disputar inúmeras partidas contra seu pai. Quando perdia, chorava compulsivamente, demonstrando desde pequeno algumas de suas principais características como enxadrista e que marcaram sua carreira como profissional: a competitividade e a vontade de vencer sempre.

    Entretanto, foi somente com seu ingresso no Clube Paulistano aos 8 anos de idade que o xadrez começou a se tornar mais que um passatempo em sua vida. Fascinado com o ambiente e com os amigos conquistados no local, cada vez mais o ainda garoto Giovanni participava das aulas, treinamentos, viagens e competições organizadas pelo clube. Já aos 9 anos de idade fez história ao conquistar o vice-campeonato mundial mirim e, assim, tornar-se o primeiro brasileiro a conquistar um resultado tão expressivo em um campeonato mundial de xadrez (alguns anos mais tarde o GM Rafael Leitão se tornaria campeão mundial sub-12).

     

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    A relativamente curta, mas vitoriosa carreira

    O vice mundial mirim em 87 marcou o início da carreira de Giovanni, que, a partir dessa conquista, passou a conseguir expressivos resultados em competições em todos os níveis de faixa etária nos âmbitos estadual, nacional, sul-americano e mundial. Em 93, aos 15 anos de idade, alcançou outro grande marco em sua carreira, conquistando o título de Mestre Internacional, e apenas 5 anos depois, aos 20, conquistou também o título máximo do esporte, o de Grande Mestre. Dessa forma Giovanni colocava-se definitivamente em evidência no cenário mundial do xadrez.

    Logo após a conquista de Grande Mestre, o currículo de Giovanni Vescovi começou a receber acréscimos importantes. O primeiro deles aconteceu também no ano de 1998 com a conquista da medalha de ouro no 1º Mundial Juvenil por Equipes. Em seguida veio o bicampeonato brasileiro, conquistado nos anos de 1999 e 2000. No ano seguinte, em 2001, Giovanni não apenas conquistou seu terceiro título nacional como também venceu o Torneio Zonal da FIDE.

    Logo a seguir veio o tricampeonato do fortíssimo torneio de Grandes Mestres de Bermudas, com as vitórias nos anos de 2002, 2003 e 2004, que ficaram marcadas como algumas das maiores conquistas do xadrez brasileiro. Em 2006 venceu mais uma vez o campeonato brasileiro de xadrez, feito repetido em 2007, 2009 e 2010, atingindo nada mais nada menos do que 7 conquistas nacionais e o maior rating de sua carreira, com 2660 pontos no ranking da FIDE. Além de todas estas conquistas, vale também destacar que Giovanni defendeu o Brasil por várias vezes nas Olimpíadas Mundiais de Xadrez.

     

    Alguns dados e estatísticas

    • Partidas de Brancas: 857 – 50,6%;
      • Vitórias: 452 – 52,7%;
      • Derrotas:  114 – 13,3%;
      • Empates: 291 – 34%;

     

    • Partidas de negras: 835 – 49,4%;
      • Vitórias: 353 – 42,3%;
      • Derrotas: 160 – 19,1%;
      • Empates: 322 – 38,6%;

     

    • Partidas totais: 1.692;
      • Vitórias: 805 – 47,6%;
      • Derrotas: 274 – 16,2%;
      • Empates: 613 – 36,2%;

     

    • Pontuação máxima no ranking da FIDE: 2660 pontos atingidos na lista de janeiro de 2010.

     

    • Pontuação atual no ranking da FIDE: 2606 (atualmente inativo, por estar há mais de um ano sem jogar partidas oficiais).

    O estilo de jogo

    Admirador confesso do ex-campeão mundial Garry Kasparov, Giovanni tinha um forte jogo posicional e um estilo mais tático e calculista, gostando de construir as partidas e, se possível, torná-las mais tensas, aumentando a pressão sobre o adversário. Tinha um cálculo extremamente preciso e uma excelente técnica de finais. Ele era também muito perigoso em posições com pequenas vantagens posicionais.

    Além disso, Giovanni com o tempo passou a controlar as emoções que se destacavam em seu jogo quando criança, tornando-se um jogador mais maduro e controlado, capaz de manter o sangue frio mesmo nos momentos de maior tensão. Mas seu espírito de luta foi mantido e ele ganhou muitos fãs por ser um enxadrista destemido e jogar sempre para vencer.

    Aposentadoria

    Em decorrência da falta de apoio, de divulgação do esporte e de torneios com premiações atraentes no Brasil, torna-se muito difícil dedicar muitos anos de vida com exclusividade ao xadrez. Por essa razão Giovanni abandonou o xadrez profissional. Sua última grande competição oficial foi a Olimpíada de Xadrez de Istambul, na Turquia, em 2012. Desde então ele tem jogado apenas alguns torneios interclubes.

    Foi para tentar mudar um pouco esse cenário que, em 1999, Giovanni apresentou, junto com ninguém mais ninguém menos que Anatoly Karpov, um projeto ao então Governador de São Paulo e entusiasta do xadrez, Mário Covas, para introduzir o xadrez nas escolas públicas do Estado. Além disso, em 2010 Giovanni também começou uma parceria com o famoso canal de esportes ESPN Brasil visando a produção de um blog sobre xadrez, mas o projeto acabou sendo abortado poucos anos depois.

    Por fim, apesar de ser formado em direito e de focar-se na carreira jurídica logo após abandonar o xadrez, foi no mercado financeiro que Giovanni descobriu sua nova vocação profissional. Atualmente ele trabalha no Banco Itaú, mais especificamente na área de research, traçando análises e estratégias de investimentos com foco na compra ou venda de ações.

    Quer conhecer um pouco mais da história deste enxadrista contada por ele mesmo? Então assista a entrevista concedida por Giovanni Vescovi ao GM Rafael Leitão!

     

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    2 Responder para “Grandes Enxadristas Brasileiros: Giovanni Vescovi”

    • Henri

      Depois do Mequinho, pra mim foi o melhor.

    • Luiz

      Tem que colocar foto dos atletas!

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