Ju Wenjun Mantém o Título de Campeã Mundial
O Campeonato Mundial Feminino 2018 aconteceu em Khanty-Mansiysk, na Rússia, entre os dias 02 e 23 de novembro. A competição foi disputada por 64 jogadoras em sistema eliminatório. A premiação total foi de 450 mil dólares e a chinesa Ju Wenjun (2561) conseguiu defender o título em uma final eletrizante contra a russa Kateryna Lagno (2556).
A Grande Final
Para chegar a final, Ju Wenjun derrotou a australiana Kathryn Hardegen (1832), 2×0 na primeira fase. Depois, 1,5 x 0,5 em Irina Krush (2417), dos Estados Unidos. Nas oitavas de final, 1,5 x 0,5 na compatriota Zhai Mo (2351) e nas quartas, 1,5 x 0,5 em Gulrukhbegim Tokhirjonova (2385), do Uzbequistão. Na semifinal, mais uma vez 1,5 x 0,5, agora contra a russa Alexandra Kosteniuk (2551). A chinesa teve uma grande campanha até a final, sem precisar levar nenhum match para os desempates.
Ju Wenjun venceu Kateryna Lagno por 5×3 e manteve o título
A final foi emocionante. O duelo seria decidido em quatro partidas clássicas e Kateryna Lagno esteve há um empate do título. Mesmo com as peças negras, Ju Wenjun teve a força necessária para vencer e empatar o match em 2×2. Assim como o Campeonato Mundial Absoluto, o Mundial Feminino também foi definido nos desempates em partidas rápidas.
As duas primeiras partidas dos desempates terminaram em empate. Ju Wenjun venceu a terceira partida em uma posição igualada. Lagno não conseguiu controlar os nervos e também perdeu o quarto jogo depois de entregar a dama.
Dois Mundiais Femininos em 2018
Ju Wenjun já havia conquistado o Campeonato Mundial Feminino em maio, após derrotar a compatriota Tan Zhongyi (2522), em um match de 10 partidas. O placar final foi de 5,5 x 4,5. Tan Zhongyi conquistou o Mundial Feminino em 2017, após vencer um torneio eliminatório. Ju Wenjun teve o direito de lutar pelo título porque venceu o Grand Prix Feminino da FIDE 2016-2017.
O Fim da Bagunça
A fórmula atual do Mundial Feminino é confusa e não atrai, por exemplo, a número 1 no ranking da FIDE, a chinesa Hou Yifan. No entanto, o novo presidente eleito da FIDE, o russo Arkady Dvorkovich, promete mudanças no regulamento da competição.
De acordo com Dvorkovich, o ciclo feminino terá um Torneio de Candidatos e a vencedora enfrentará Ju Wenjun em um match pela coroa, assim como acontece no absoluto. A finalista da edição de 2018, Kateryna Lagno, e as semifinalistas Alexandra Kosteniuk e Mariya Muzychuk já estão classificadas para o Torneio de Candidatos. As outras vagas devem ser definidas pelo Gran Prix e pela Copa do Mundo.
Espera-se que o novo presidente da FIDE, Arkady Dvorkovich, torne o Mundial Feminino mais atrativo
Sucessão de Equívocos
O mundo do xadrez parou no mês de novembro para assistir o match entre Magnus Carlsen e Fabiano Caruana. Por essa óbvia razão, o Mundial Feminino foi seriamente ofuscado. Para dizer o mínimo, faltou bom senso no momento de decidir o calendário.
Também é curiosa a diferença de premiação entre o xadrez masculino e o feminino. Ju Wenjun recebeu 60 mil dólares por vencer o Mundial Feminino, enquanto Magnus Carlsen faturou 550 mil euros por ter vencido Fabiano Caruana, o qual levou cerca de 450 mil euros.
Por que a diferença de prêmios entre o Mundial Feminino e o Absoluto é tão grande? Deixe sua opinião nos comentários.
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Imagens: Site Oficial
Com todo o respeito ao xadrez feminino, a diferença entre as premiações é compreensível. As duas jogadoras que chegaram a final tem uma força de rating equivalente a da final do brasileiro entre Fier e Krikor. Quem financiaria um milhão de dólares como bolsa de prêmio para a final do brasileiro? Quem financiaria um match entre dois jogadores com força de 2560 por um milhão de dólares?
Acredito que as mulheres tem as mesmas condições que os homens de jogar xadrez, não sendo um esporte apenas similar, como no caso do tênis ou do vôlei, para ficar nos mais populares dos esportes femininos. Por isso, para conseguir melhores bolsas, as mulheres precisariam ter um nível mais forte de jogo. Se a disputa pelo título fosse entre a You Hifan e a Judith Polgar, as duas no melhor de suas formas, a bolsa seria bem melhor. Se não for pela melhoria gradual do nível de jogo, fica sem sentido igualar as bolsas de premiação. Afinal, não é por machismo que não existem melhores jogadoras, como acontecia no passado em que profissionais do xadrez desprezavam e se recusavam a jogar com as mulheres. O que parece faltar é interesse feminino equivalente ao masculino em jogar xadrez. Com menos jogadoras, menor chance de atingir o nível do masculino. Por sinal, na minha opinião de amador, nem deveria existir essa diferenciação, homens e mulheres deveriam sempre jogar juntos de modo indiferenciado, sendo as categorias apenas aquelas com base em idade ou força de rating.
Diante disto tudo, acredito que o tema poderia ser melhor desenvolvido aqui na Academia por quem entenda muito mais do que eu. Fica a sugestão.
Parabéns pelo trabalho. Abraço
Luiz Gustavo
Sim, meu caro Gustavo, eu concordo plenamente com vc.
Como clínico que sou, lhe posso lhe dizer que há sim uma forte diferença entre a capacidade de jogar xadrez ente homens e mulheres.
Isso por cauda das diferenças no uso do hemisférios cerebrais.
As mulheres usam mais o hemisfério direito do cérebro, mais ligado às emoções.
Os homens usam mais os hemisfério esquerdo mais ligado aos raciocínios. Não se trata de machismo mais de experiências científicas aceito por todos os cientistas da área.
Tenha um ótimo fim de semana.
Att.
Prof. Ivan Rojas - PUC-SP
Ao meu ver e uma questão de procura e oferta. Muita procura, mais caro (mais premiações), menos procura, mais barato (menos premiações). Não tem sentindo pagar o mesmo valor nas duas categorias sendo que uma delas daria um prejuízo enorme se a premiação fosse pago iguais.
Concordo plenamente!
Tudo que tem valor monetario passa por procura oferta, vide outros esportes, acontece igual.
Não é uma questão de melhor ou pior, mas interesse do publico, isso que define os valores.
Um bom exemplo é o caso do Voleibol onde o feminino é bem valorizado.
Não porque elas jogam melhor, mas porque os jogos delas são muito bons de assistir, com isso vem o interesse e a valorização.
Carlsen com o nome estabilizado para o mercado de patrocínio por ter se tornado uma figura pública notável, campeão mundial, por mais de uma vez, assegura e chama a atenção de patrocinadores e da mídia. Judith Polgar nos áureos tempos também atrairia a mídia e possíveis patrocinadores... Mas de forma natural, a medida que as jogadoras se tornam mais fortes, passam à disputa pelo absoluto. Nesse contexto, observamos a FIDE metendo os pés pelas mãos, colocando ambos os mundiais no mesmo mês! Uma tremenda "capivarada"! Mas é insubstituível o charme do mundial feminino, conforme muito bem publicado pela Academia, inclusive com fotos das jogadoras.
Muitas mulheres reclamam que as premiações dos eventos masculinos são maiores do que a dos femininos e que isso seria injusto. Recentemente jogadoras da WNBA reclamaram que ganham muito menos do que os jogadores da NBA. Bem, nesse caso a diferença entre os jogos é tão absurdamente nítida que fica até ridículo questionar a diferença salarial, isso sem mencionar a diferença brutal de arrecadação total de dinheiro dos dois eventos.
No caso do xadrez, sendo um jogo apenas mental, em que as diferenças físicas não trazem benefício algum, proponho a extinção da categoria feminina. Aí todos jogariam nas mesmas condições e os melhores seriam campeões. Se mulheres conseguirem atingir rating suficientemente alto para estar no torneio de candidatos, elas estarão e disputarão de igual para igual com os homens. Se no hipismo não há separação por sexo, por que não fazemos o mesmo no xadrez? Será que elas topam?