Nakamura: “os Computadores Pioraram o Nível dos Enxadristas que Não Estão na Elite”

Polêmico e sem papas na língua, esse é o Grande Mestre Hikaru Nakamura, um dos melhores e mais admirados enxadristas da atualidade. Aos 31 anos, “Naka” concedeu uma entrevista a David Cox, publicada no chess.com, na qual revelou suas expectativas para a carreira e um pouco mais sobre sua visão do xadrez. A redação da Academia Rafael Leitão selecionou os principais pontos e traduziu para o leitor, confira as respostas de Nakamura divididas por assunto.

Nakamura tem opinião polêmica sobre o uso dos computadores no xadrez

Computadores

“Com a tecnologia se perdeu muito da intuição natural do jogo. É estranho, mas eu acho que os Grandes Mestres e Mestres Internacionais mais fracos são muito piores do que os de 20, 25 anos atrás. Eles entendem como usar um computador, mas sua intuição real não é tão boa. Basicamente, com os computadores os melhores jogadores ficaram fenomenalmente bons, enquanto todos no meio pioraram”.

Kasparov

Hikaru Nakamura e Garry Kasparov trabalharam juntos por quase um ano entre 2011 e 2012. “O xadrez mudou muito desde o tempo de Garry. A principal qualidade dele é a intuição. Sua sensação geral do jogo é incomparável, mas eu sou dessa geração que usa computadores o tempo todo para analisar posições. Por causa disso, quase todas as jogadas estão bem e isso dificultou muito a junção dos dois estilos. Garry tem uma forte impressão sobre as posições e quando o computador diz algo diferente, é difícil encontrar um equilíbrio. Ele é o melhor jogador da história, então trabalhar com ele foi fantástico, mas por causa disso, senti que estava faltando algo”. 

Kasparov estaria ultrapassado?

Momento

Nakamura teve a melhor temporada da carreira em 2015, quando se tornou o número dois do mundo com mais de 2800 pontos de rating FIDE. Além disso, conseguiu uma vaga no Torneio de Candidatos de 2016. Desde então, as coisas não deram certo e o rating atual é de 2749, o menor desde 2010.

Nakamura sempre com opiniões polêmicas

“É interessante, mas sinto que estou mais preparado hoje do que em 2015. Não acho que havia algo diferente no que eu fazia naquela época. Eu apenas conseguia ótimas posições e me dava bem. Talvez seja mais psicológico do que qualquer coisa, apenas momento, é como ter férias da sorte”.

Ambições

“Obviamente, gostaria de me classificar para o próximo Torneio de Candidatos. Eu tive um pouco de azar de não me classificar em 2018, mas esse é o grande objetivo agora.  Além de chegar ao Campeonato Mundial, não há muito que eu não tenha feito. Há muito pouco, além disso, para me motivar”. 

Futuro

Também tenho outros interesses, embora eu queira ser lembrado no futuro como um grande jogador de xadrez, espero que não seja o que define quem eu sou. É por isso que eu gostaria de ser competitivo até os 40 anos, depois disso pretendo fazer outra coisa.  Não vou continuar como o Viktor Korchnoi ou mesmo o Viswanathan Anand. O que eles fazem é fenomenal, mas a menos que eu esteja ganhando eventos o tempo todo, eu realmente não entendo o propósito.

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