Xadrez Escolar Avança na Espanha
Torneio Escolar Infantil entre comunidades autônomas
A Espanha é um país formado por 17 comunidades autônomas: Andaluzia, Aragão, Astúrias, Baleares, Catalunha, Cantábria, Castela Mancha, Castela e Leão, Estremadura, Galícia, Ilhas Canárias, La Rioja, Madrid, Navarra, País Basco, Região de Múrcia e Valenciana.
Essa estrutura do Estado espanhol foi a solução encontrada para um problema secular do país: atender as reivindicações democráticas das nacionalidades junto ao poder central. Na teoria tudo parece funcionar bem, mas na prática algumas comunidades autônomas seguem na luta pela independência. Nesse contexto, o debate em torno da separação da Catalunha é o mais emblemático.
Comunidades Autônomas Aplicam o Xadrez no Horário Letivo
Sem entrar no mérito das questões separatistas, o tema “xadrez nas escolas” traz um consenso entre os espanhóis. Atualmente, sete comunidades autônomas introduzem o xadrez nas escolas em horário letivo, o que coloca a Espanha “na vanguarda mundial das aplicações educativas, sociais e terapêuticas do xadrez”, segundo o jornalista Leontxo García, do El País.
Nas regiões da Catalunha, Canarias, Andaluzia, Aragão e Baleares, o xadrez é ensinado na Educação Infantil, até os 6 anos, e também na Educação Primária, dos 6 aos 12 anos. Na Galícia e em Navarra o xadrez está inserido na Educação Secundária, dos 12 aos 16 anos. Em Cantábria o projeto xadrez foi suspenso há dois anos, “apesar dos claros indícios de que funcionava muito bem”, relata Leontxo García.
Exemplo Catalão
O governo da Catalunha mantém o projeto pelo sétimo ano consecutivo, com estudos científicos paralelos através da Universidade de Girona. Até então, segundo o jornalista espanhol, as conclusões são muito positivas: “os alunos melhoram suas capacidades em diversas áreas, incluindo a inteligência emocional, e também o rendimento em matemática e na interpretação de textos”. O xadrez está presente em 500 escolas da Catalunha.
A ideia central do projeto é bem definida. Os alunos não jogam xadrez com fins esportivos, para isso existem as atividades extraescolares. Os professores usam o jogo como uma ferramenta pedagógica transversal e interdisciplinar. Por essa razão, ao menos em uma primeira fase, não é necessário eliminar uma hora letiva de outra matéria para ensinar o xadrez.
Estremadura: Finalidades Sociais e Terapêuticas
Há dez anos a Comunidade Autônoma de Estremadura aplica o xadrez nos presídios e em centros de recuperação de menores. Além das finalidades sociais, o xadrez também é uma ferramenta utilizada na região de forma terapêutica contra o Alzheimer, autismo, síndrome de Asperger e hiperatividade.
Pedro Ginés, Campeão Mundial sub-14
Quando o xadrez é tratado de forma séria, mesmo que não seja o intuito principal, os resultados esportivos surgem como uma agradável consequência. Pedro Ginés, da Comunidade Autônoma de Aragão, venceu o Campeonato Mundial sub-14, realizado na Grécia.
Trata-se do primeiro ouro espanhol desde o ano 2000, quando Paco Vallejo venceu o mundial sub-18. Há três décadas a Espanha é o país que mais realiza torneios internacionais durante o ano.
Armênia e Espanha: Realidades Distintas
A Armênia é “o paraíso do xadrez”. O xadrez é obrigatório nas escolas do país desde 2011. Atualmente, 80% dos 3 milhões de habitantes praticam o esporte mental. Todos os alunos de sete a nove anos estudam xadrez, duas horas por semana, no horário letivo. Se na Espanha o xadrez é aplicado como uma ferramenta para o ensino das matérias comuns, na Armênia as aulas são exclusivas e com professores específicos.
Projeto Xadrez nas Escolas do Maranhão
GM Rafael Leitão nas escolas do Maranhão
O xadrez escolar também é pauta comum em vários estados brasileiros. No Maranhão, o Grande Mestre Rafael Leitão coordena o projeto, iniciado em 2017, que atualmente insere o xadrez em mais de 100 escolas da rede pública de todas as regiões do estado.
Quais lições o Brasil pode retirar das experiências relacionadas ao xadrez escolar na Espanha e na Armênia? Deixe sua opinião nos comentários.
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Fontes:
“En ajedrez pedagógico sí hay consenso”
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