Igor Bondarevsky, o Homem que Ajudou Spassky a Conquistar o Mundo

    Igor Bondarevsky, o Homem que Ajudou Spassky a Conquistar o Mundo

     

    Boris Spassky começou sua carreira de forma brilhante. Aos 19 anos disputou seu primeiro Torneio de Candidatos (1956) e compartilhou a terceira colocação, atrás de Paul Keres e Vasily Smyslov.

     

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    As Frustrações de Spassky

    Era natural esperar que o enxadrista soviético se mantivesse entre os primeiros do mundo nos anos seguintes. Porém, isso não aconteceu e Spassky não conseguiu disputar nem os Interzonais seguintes.

    Afastado da elite, Spassky poderia ter abandonado o xadrez. Contudo, em 1961 implementou um profundo plano de treinamento conduzido por seu novo treinador, o experiente Grande Mestre Igor Bondarevsky.

     

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    Spassky e Bondarevsky

     

    O Apoio de Bondarevsky

    Segundo Garry Kasparov, “a parceria de uma década entre Spassky e Bondarevsky resultou muito eficiente. É um raro exemplo de colaboração longa e frutífera talvez, só comparável a Petrosian – Boleslavsky”.

    Nascido em 1913, Bondarevsky foi um enxadrista de destaque internacional a partir dos anos 1940. Compartilhou o título do Campeonato Soviético daquele ano, se classificou para o Torneio de Candidatos de 1950, mas não disputou o torneio por causa de uma doença. Depois disso, tornou-se menos atuante, embora tenha sido vice-campeão em Hastings 1960/61.

    Bondarevsky sonhava em treinar um campeão e obrigou Spassky a trabalhar duro. A “preguiça” de Spassky já era conhecida, mas de alguma forma o novo treinador conseguiu fazer Spassky superar isso. O afeto entre ambos chegou a tal ponto que Spassky chamava Igor de “pai”, pois Bondarevsky sempre se comportou desta maneira.

    O talento de Spassky era notável, mas era necessário organizar seus esforços de forma correta e regular suas qualidades (tanto físicas, como psicológicas) de modo competente. Assim começaram os esforços de Spassky para se tornar campeão mundial em 1969.

     

    Aluno Aprovado

    Os resultados já apareceram no mesmo ano do início da parceria Spassky – Bondarevsky. Spassky passou a jogar de forma muito mais estável e conquistou o 29º Campeonato Soviético passando, segundo seu próprio treinador, “pela prova de graduação”.

     

    Campeonato Mundial

    Após essa importante conquista, com o apoio de Bondarevsky, Spassky disputou e superou o ciclo mais longo da história dos eventos classificatórios para a disputa do Campeonato Mundial. Foram 98 partidas entre a semifinal e a final do Campeonato Soviético, o Zonal, o Interzonal e os matches dos Candidatos com Keres, Geller e Tal.

    Spassky jogou cada partida até o último suspiro, espremendo cada possibilidade, resistindo em posições inferiores e ganhando algumas com pouquíssima vantagem. Era evidente o brilhante trabalho de Bondarevsky com o futuro campeão.

    Aos 29 anos, Spassky perdeu o match pelo Campeonato Mundial para Tigran Petrosian em 1966. Porém, pra quem pensou que isso era o fim, os melhores anos de Spassky estavam apenas começando.

     

    Spassky Campeão

    Bondarevsky seguiu seu trabalho e ambos estavam convictos da vitória no próximo match com Petrosian, mas antes era necessário passar por um novo ciclo e Spassky fez isso mais uma vez com grande categoria.

    Fischer abandonou o Interzonal de Sousse (1967), com 8.5 em 10, mas na visão de Kasparov, “é improvável que Fischer vencesse Spassky no Torneio de Candidatos de 1968. O soviético seguia conservando uma grande energia e flexibilidade de pensamento”.

    Spassky superou Geller, Larsen e Korchnoi no Candidatos e voltou a ter o direito de desafiar Petrosian (com êxito) em 1969. As recomendações do treinador e a inata percepção de Boris lhe permitiram jogar cada match da forma mais desagradável possível de acordo com o adversário do momento. A partir de então, todo o mundo começou a falar do estilo universal de Spassky.

     

    Spassky venceria Fischer no final da década de 1960? Deixe sua opinião nos comentários.

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    Texto escrito pelo MF William Ferreira da Cruz

    Referência Bibliográfica: Garry Kasparov, Meus Grandes Predecessores – Volume 3

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