Os 6 Acontecimentos Mais Marcantes do Xadrez Brasileiro

    O artigo de hoje é uma volta ao passado do xadrez brasileiro. Vamos relembrar os 6 momentos mais marcantes da nossa história a partir da década de 1920, quando o xadrez começou a se popularizar no Brasil.

     

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    A ordem dos eventos listados não indica sua importância, isso seria subjetivo demais até para o propósito deste artigo. Por isso usamos a ordem cronológica dos fatos. Será que você vai concordar com os 6 momentos dessa lista?

     

    1- A 1ª Geração

    A primeira geração de enxadristas brasileiros destacados apareceu na segunda metade da década de 1930. Octávio Trompowsky (existe uma abertura com o seu nome), João Souza Mendes, Walter Cruz e Adhemar da Silva Rocha foram os principais expoentes dessa era.

     

    equipe olímpica brasileira 1939

     

    Esses enxadristas representaram o Brasil na Olimpíada de Xadrez não oficial de Munique, em 1936. Já a primeira participação brasileira em uma edição oficial aconteceu em Buenos Aires – 1939.

    Esses enxadristas dominaram os anos iniciais do Campeonato Brasileiro Absoluto, criado em 1927. Souza Mendes é um dos maiores vencedores da competição com sete títulos, enquanto Walter Cruz foi campeão brasileiro em seis ocasiões. 

    [Veja aqui a vitória de Souza Mendes contra o grande Eliskases]

     

    2- O Fenômeno Mecking

    Existe uma lacuna no xadrez brasileiro, pois entre 1939 e 1967 (desconta-se o período da II Guerra Mundial), o Brasil participou de apenas uma Olimpíada de Xadrez (1952). Foram 9 edições sem a equipe verde e amarela.

    Esse cenário mudou apenas em 1968, quando o time liderado pelo jovem Henrique Mecking disputou a competição e, de lá pra cá, o Brasil não participou em apenas uma ocasião (1976).

    De fato, o campeão brasileiro de 1965 (aos 13 anos) e 1967 colocou o xadrez brasileiro em um novo patamar. Aos 15 anos, Mecking se tornou o mais jovem enxadrista a vencer um campeonato continental, recorde batido com o título Sul-Americano de 1967.

     

    Mequinho

     

    Porém, os melhores anos de Mecking (Mequinho) ainda estavam por vir. Em 1972, tornou-se o primeiro Grande Mestre do Brasil. Na comemoração, foi recebido no aeroporto pela bateria da escola de samba da Mangueira. 

    Os títulos nos Interzonais de Petrópolis – 1973 e Manila – 1976 são as maiores conquistas do xadrez brasileiro na história. Com esses resultados incríveis, Mecking garantiu vaga nos Torneios de Candidatos de 1974 e 1977. 

    Nas duas ocasiões, Mecking foi eliminado nas quartas de finais: 7.5 x 5.5 contra o poderoso Viktor Korchnoi e 6.5 x 5.5 contra Lev Polugaevsky.

    Na lista da FIDE de 1978, Mequinho aparece como o 3º melhor enxadrista do mundo com 2630 pontos, atrás apenas de Anatoly Karpov (2725) e Korchnoi (2665). Sem dúvida um feito difícil de ser batido.

    Infelizmente, o mesmo ano que marcou o auge de sua carreira também foi o ano em que Mequinho teve de começar a enfrentar o mais difícil adversário de sua vida: a miastenia grave.

    Veja aqui uma das melhores partidas da carreira de Mequinho: [Mecking x Korchnoi]

     

    3- A Era Sunye

    Depois da ausência de Mecking, o xadrez brasileiro foi dominado pelo Grande Mestre Jaime Sunye Neto. Campeão brasileiro em sete ocasiões entre 1976 e 1983, Sunye esteve no top 100 do mundo no ranking da FIDE em diversas listas entre o final da década de 1970 e os anos 1980.

     

     

    Ao longo da carreira, Sunye tem partidas memoráveis, entre as quais destacam-se a vitória contra Boris Spassky (1986), o empate com Karpov (1985) e até mesmo a grande partida com Garry Kasparov, em que acabou derrotado. 

    Na Olimpíada de Manila 1992, no segundo tabuleiro, Sunye fez história ao tornar-se o primeiro e único enxadrista brasileiro a ganhar uma medalha de ouro em uma olimpíada.

    [Veja aqui a vitória de Sunye contra Spassky]

     

    4- O Gigante Milos

    Seis vezes campeão brasileiro entre 1984 e 1995, o Grande Mestre Gilberto Milos também marcou sua era nos tabuleiros. No ano de 2000, Milos atingiu o topo da carreira com 2648 pontos no ranking da FIDE.

    Nesse mesmo ano, ficou em 3º lugar na Copa Mundial na China e venceu o tradicional Torneio de Capelle la Grande, na França, com a participação de 106 grandes mestres.

    Foi representante do Brasil em 7 campeonatos mundiais entre os anos de 1997 e 2007. Também tornou-se campeão Ibero-americano em 2010. Em 2014, empatou com o atual campeão mundial de xadrez, Magnus Carlsen, no Torneio de Caxias do Sul.

    [Veja aqui a vitória de Milos contra Shirov]

     

    5- Os Dois Prodígios: Leitão e Vescovi

    A partir dos anos 1990, dois novos talentos surgiram no xadrez brasileiro: Rafael Leitão e Giovanni Vescovi. Juntos, conquistaram 14 títulos nacionais entre 1996 e 2014, com sete conquistas para cada um. Ao lado de Souza Mendes e Sunye, são os maiores campeões brasileiros da história. 

     

    Leitão – 2x Campeão Mundial 

    Em 1991, Rafael Leitão foi Campeão Mundial sub-12 e em 1996 faturou o Campeonato Mundial sub-18. Esses são os dois únicos títulos mundiais individuais do xadrez brasileiro. Tornou-se o Grande Mestre mais jovem do Brasil, aos 18 anos. Ganhou o Pan-Americano oito vezes e conquistou a medalha da prata na Olimpíada de Turim, 2006.

     

    Vescovi – Tricampeão em Bermudas 

    Em 1987, Giovanni Vescovi foi vice-campeão mundial mirim, aos 9 anos de idade. Em 1998 foi Campeão Mundial Juvenil por Equipes e em 2002, conquistou o título do Zonal Sul-Americano. No ano seguinte, também venceu o Continental das Américas. Ainda mais incrível foi o tricampeonato de Vescovi no Torneio de GM´s em Bermudas, entre 2002 e 2004. 

     

    [Veja aqui a melhor partida da carreira de Rafael Leitão]

    [Assista o vídeo com a análise de Leitão x Baburin]

    [ GM Leitão entrevistando GM Vescovi]

    [Vitória de Vescovi contra Gelfand]

     

    6- Novos Tempos

    Se nos anos 1980 o Brasil contou com apenas três GM´s: Mecking, Sunye e Milos, na década de 1990, mais três enxadristas conquistaram a titulação máxima. Além dos já citados Leitão e Vescovi, Darcy Lima também teve seu título homologado. 

    Contudo, apenas no final da primeira década de 2000 o Brasil conseguiu dar um salto no número de Grandes Mestres. Em 11 anos, entre 2007 e 2018, outros 8 novos GM´s surgiram no país.

    Alexandr Fier: 2007

    André Diamant: 2009

    Krikor Mekhitarian: 2010

    Felipe El Debs: 2010

    Everaldo Matsuura: 2011

    Evandro Barbosa: 2016

    Yago Santiago: 2017

    Luis Paulo Supi: 2018

     

    [Leia mais aqui: Os 14 Grandes Mestres Brasileiros]

     

    Quem será o próximo Grande Mestre brasileiro? Deixe sua opinião nos comentários.

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    Texto escrito pelo MF William Cruz

    3 Responder para “Os 6 Acontecimentos Mais Marcantes do Xadrez Brasileiro”

    • Rigel

      O próximo GM será Roberto Molina

    • Thales

      Molina, Quinti e DiBerardino estão perto né. Ansioso para o próximo.

    • Francisco Garcez Leme

      A Jussara Chaves foi a primeira jogadora brasileira a ganhar a medalha de ouro olímpica, em Tessalônica em 1984.

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