A Importância de Dominar os Finais Teóricos

    Carlos tem um minuto no relógio analógico e o seu adversário – um senhor já sem cabelo, magro, de 1,60 metro de altura, que deixou sua bengala ao lado da mesa e guardou a dentadura na mochila antes de iniciar a partida – possui quase o mesmo tempo. No relógio analógico é sempre difícil precisar os segundos e Carlos deve tomar uma decisão. Ele visualizou uma variante simples de empate forçado no final de rei e peões, porém, existe outra opção e ele está com dificuldades para calcular os tempos da corrida de peões para ver quem promove primeiro.

     

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    O público se acumula ao redor do tabuleiro. Os segundos passam no relógio e Carlos reflete: “se eu promover primeiro, ganho, contudo, mesmo que o peão dele chegue antes, o velho não vai conseguir manobrar suas peças, capturar o peão e me dar xeque-mate em menos de um minuto”. Carlos então, no impulso típico de sua juventude, rejeitou a variante de empate e jogou a linha obscura.

    Depois disso seu adversário passou a jogar como o “Flash”, avançou os peões corretamente, promoveu uma dama, manobrou e deu xeque-mate em menos de um minuto. Carlos cumprimentou o senhor, levantou-se e saiu da mesa com as mãos trêmulas. “Como ele pode jogar tão rápido?”, questionou-se. 

    Enquanto isso, a plateia continuava em volta do tabuleiro, parabenizando o vencedor por demonstrar tamanha precisão. 

            – Esse final eu estudei há alguns anos, está tudo explicado no livro do Dvoretsky. Deveria ser empate, mas ele quis forçar…, disse o senhor aos espectadores.

    A Importância dos Finais Teóricos

     A estória acima é um exemplo da importância de conhecer bem os finais teóricos. É comum estar apurado de tempo nessa fase do jogo. Geralmente não há tempo para encontrar a melhor ideia e é preciso estar por dentro da teoria para jogar bem e rápido. 

    Os enxadristas costumam priorizar o estudo da teoria de aberturas e deixam os finais teóricos um pouco de lado. Conhecer os finais teóricos é de extrema relevância para elevar o nível de jogo. A ausência de tais conhecimentos é um dos principais motivos pelo qual poucos jogadores atingem um alto nível de competitividade. 

    Em alguns casos a derrota até parece inevitável, mas o enxadrista que domina os finais teóricos pode encontrar recursos e salvar a partida. Da mesma forma que em posições de aparente igualdade, o enxadrista consegue criar problemas ao rival até levar para um final vencedor. Em outras palavras, os finais teóricos tem uma importância decisiva no rating do enxadrista.

    Finais Teóricos

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    Vale ressaltar que, apesar da relevância dos finais teóricos, os enxadristas não devem pensar que os finais são jogados apenas com “técnica”, sem a necessidade de calcular variantes. O cálculo também é decisivo nessa fase do jogo. Embora conhecer a teoria facilita muito, os finais de peões, por exemplo, são matemáticos e se o Carlos tivesse calculado com precisão, o que não era uma missão simples com um minuto no relógio, com certeza não teria perdido a partida. 

    Não perca mais tempo e dedique boa parte do seu treinamento para o estudo dos finais teóricos. É questão de tempo para você começar a ter bons resultados. Mãos à obra!

     

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    Texto escrito pelo MF William Ferreira da Cruz.

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