Sim. Acabou (e com certeza aquela musiquinha insuportável já deve ter pulado na sua cabeça)… Acabooooou! A-CA-BOOOU!
Finalmente chegamos ao término da 42ª Olimpíada de Xadrez que aconteceu em Baku, Azerbaijão. Foram onze dias de muita emoção, torcida, sangue, suor e lágrimas. Mas, afinal, quem ganhou? Quem perdeu? Quem foram os melhores tabuleiros? Como ficaram as equipes do Brasil?
Vamos conferir tudo isso no nosso último resumo sobre este emocionante evento.
Resumo da Rodada
Na mesa 1 os EUA venceram a “mineira” equipe do Canadá – que foi chegando de mansinho – pelo placar mínimo: 2,5 x 1,5. Apesar da derrota de Samuel Shakland no tabuleiro 4 para Eric Hansen, o empate de Hikaru Nakamura (que não fez uma grande Olimpíada) contra Anton Kovalyov e, sobretudo, as vitórias de Fabiano Caruana, atual campeão norte-americano, e Wesley So (Evgeny Bareev e Alexandre Lesiege) selaram o brilhante destino do Dream Team norte-americano – “bola” que já havíamos cantado alguns meses atrás aqui na Academia (confira aqui).
A Ucrânia e a Rússia, concorrentes diretos dos EUA, também venceram: a Ucrânia 3,5 x 0,5 em cima da Eslovênia e a Rússia 3 x 1 contra a Itália. Destaque para as vitórias de Pavel Ejjanov, Anton Korobov e Andrei Voloktin, pelo lado ucraniano; e de Vladimir Kramnik e Alexander Grischuk pelo lado russo.
O Azerbaijão 1, apesar de haver decepcionado um pouco a torcida local, finalizou sua partição com vitória: 3 x 1 contra o Turcomenistão. Já o bravo time da Geórgia, liderado pelo valente Baadur Jobava, amargou uma derrota, 2,5 x 1,5, para a Turquia nesta última rodada – manchando um pouco a campanha de um time que, sem dúvida, empolgou a todos (sobretudo pelas partidas do já citado Jobava).
A Índia não passou do empate frente à Noruega de Magnus Carlsen – que empatou sua partida contra Penthala Harikrishina (ao menos, melhor que o resultado do futuro desafiante ao título mundial, Sergey Karjakin, que pedeu para Harikrishina). A Inglaterra também não passou do empate contra o empolgante time sul-americano do Peru – nossos vizinhos fizeram bonito!
Enfim: Bobby Fischer abençoe a América! EUA campeão! Yes: we are the champions, my friend!
Ao final, EUA, Ucrânia e Rússia fizeram o pódio. Um ouro histórico do time norte-americano! Abaixo o top 10. Destaque para a relativa surpresa da Noruega na quinta posição e da França, que sempre jogou por baixo na tabela, na oitava – além, claro, do Peru na décima posição (e sem o mitológico Julio Granda)!
País | + | = | – | TB1 | TB2 | TB3 | TB4 | ||
1 | EUA | 9 | 2 | 0 | 20 | 413,5 | 31,5 | 152,00 | |
2 | Ucrânia | 10 | 0 | 1 | 20 | 404,5 | 31,0 | 153,00 | |
3 | Rússia | 8 | 2 | 1 | 18 | 419,0 | 32,0 | 151,00 | |
4 | Índia | 7 | 2 | 2 | 16 | 350,5 | 27,5 | 158,00 | |
5 | Noruega | 7 | 2 | 2 | 16 | 344,5 | 26,5 | 147,00 | |
6 | Turquia | 7 | 2 | 2 | 16 | 341,5 | 30,0 | 135,00 | |
7 | Polônia | 7 | 2 | 2 | 16 | 331,0 | 29,5 | 132,00 | |
8 | França | 6 | 4 | 1 | 16 | 326,5 | 30,0 | 131,00 | |
9 | Inglaterra | 7 | 2 | 2 | 16 | 323,0 | 26,5 | 144,00 | |
10 | Peru | 7 | 2 | 2 | 16 | 306,0 | 26,5 | 139,00 |
O querido time do Paraguai (com dois jogadores residentes do Brasil: os GMs Neuris Delgado e José Cubas) também vez bonito para a América Latina: 19ª posição (20 posições acima da inicial!). A Argentina finalizou em 32º lugar.
No feminino a vitória relativamente tranquila foi do time da China – da campeão mundial Hou Yifan. Polônia e Ucrânia fecharam o pódio (a Rússia ficou em quarto lugar. Mais uma decepção para o “Ogro de Baku”… E na sua própria casa…).
Pais | + | = | – | TB1 | TB2 | TB3 | TB4 | ||
1 | China | 9 | 2 | 0 | 20 | 416,0 | 31,0 | 149,00 | |
2 | Polônia | 8 | 1 | 2 | 17 | 427,5 | 33,0 | 152,00 | |
3 | Ucrânia | 7 | 3 | 1 | 17 | 404,5 | 30,5 | 156,00 | |
4 | Rússia | 7 | 2 | 2 | 16 | 380,5 | 29,0 | 157,00 | |
5 | Índia | 6 | 4 | 1 | 16 | 342,5 | 28,0 | 146,00 | |
6 | EUA | 7 | 2 | 2 | 16 | 332,5 | 27,0 | 149,00 | |
7 | Vietnã | 7 | 2 | 2 | 16 | 328,0 | 27,5 | 145,00 | |
8 | Azerbaijão 1 | 7 | 2 | 2 | 16 | 309,0 | 25,5 | 151,00 | |
9 | Israel | 7 | 2 | 2 | 16 | 307,5 | 26,5 | 137,00 | |
10 | Geórgia | 7 | 1 | 3 | 15 | 356,5 | 30,5 | 137,00 |
As Equipes do Brasil
Mas e o Brasil? O Brasil foi muito bem, obrigado. No absoluto, na última rodada, vencemos o time da Áustria – por meio da “estratégia russa”: pressionar de brancas e empatar de negras. Deu certo: três empates e uma vitória – do nosso GM Rafael Leitão (e vejam só: com 2 damas no tabuleiro!). Com essa vitória o Brasil terminou na 23ª posição (empatado em número de pontos com o 11º lugar) e 10 posições a mais que a colocação inicial. A melhor posição obtida continua sendo a 17ª posição (nas Olimpíadas de 2010), entretanto, considerando que a dificuldade só vem aumentando, sem sombra de dúvidas este foi um resultado para lá de excelente! Em suas contas pessoais no Facebook os GMs Rafael Leitão e Alexandr Fier comentaram:
Rafael Leitão: “Mais uma Olimpíada que termina! Fizemos um bom torneio de recuperação e terminamos na 23.a colocação. Como sempre acontece, lamento algumas partidas que poderia ter jogado melhor (3 delas eu ganhava em um lance), mas no geral fiquei muito feliz com o resultado (3 vitórias e 7 empates), conseguindo manter a invencibilidade. Também fiquei muito feliz com o empate tenso de pretas contra um jogador da elite (Ding Liren), mostrando que mesmo sem tanta preparação é possível jogar xadrez e lutar. Agradeço às inúmeras mensagens de apoio recebidas durante o torneio. Agora é começar a longa viagem de volta e em alguns dias jogar os Jogos Abertos de SP”.
Alexandr Fier: “Uma grande vitória na última rodada! Lutamos, perdemos, ganhamos, passamos momentos de tristeza e de alegria. Foi tudo o que esperamos de uma grande Olimpíada! O time foi um grande grupo e acabamos perto de 10 posições além do que começamos, assim que podemos dizer que tivemos sucesso. No meu caso tenho orgulho de participar desse time e de fazer alguma diferença nos matches da segunda metade! Brasil e toda a América do Sul cada dia começa a fazer mais parte da elite mundial! Parabéns a todos! Um grande aplauso para Rafael Duailibe Leitão, Diego Di Berardino, Felipe El Debs e Evandro Amorim Barbosa!”
As nossas meninas também fizeram bonito, apesar da derrota na última rodada contra o forte time da Estônia. 48ª posição e, mais do que qualquer outra coisa, o importante foi a consolidação de alguns de nossos talentos (como a WMI Juliana Terao e a experiente WMF Suzana Chang), além do “início” de uma longa carreira olímpica (assim esperamos!) da WMF Julia Alboredo, Kathie Librelato e Thauane Medeiros.
Destaques & Premiações
Uma parte muito aguardada de toda a Olimpíada são as medalhas por tabuleiro – e mesmo as melhores porcentagens e etc. Desta vez, este seleto grupo foi formado por:
Melhores atuações por tabuleiros em porcentagem
Absoluto
1º tabuleiro: Baadur Jobava (Geórgia) 8/10
2º tabuleiro: Vidal Uriel Capo (México) 7/8
3º tabuleiro: Eugenio Torre (Filipinas) 10/11
4º tabuleiro: Sami Khader (Jordânia) 8/8
Feminino
1º tabuleiro: Sophie Milliet (França) 8/10
2º tabuleiro: Yuanling Yuan (Canandá) 8.5/10
3º tabuleiro: Ana Matnadze (Espanha) 8.5/10
4º Tabuleiro: Nino Batsiashvili (Geórgia) 9/10
Melhores atuações por tabuleiro em pontuação
Absoluto
1º tabuleiro: Baadur Jobava (Geórgia) 8/10
2º tabuleiro: Denis Kadric (Bósnia) 8.5/11
3º tabuleiro: Eugenio Torre (Filipinas) 10/11
4º tabuleiro: Eric Hansen (Canadá) 9/11
Feminino
1º tabuleiro: Pia Cramling (Suécia) 8,5/11
2º tabuleiro: Yuanling Yuan (Canandá) 8.5/10
3º tabuleiro: Tan Zhongyi (China) 9/11
4º tabuleiro: Nino Batsiashvili (Geórgia) 9/10
Medalhas por tabuleiro (a parte mais aguardada!)
Absoluto
1º tabuleiro: Baadur Jobava (Geórgia)
2º tabuleiro: Vladimir Kramnik (Rússia)
3º tabuleiro: Wesley So (EUA)
4º tabuleiro: Andrei Volokitin (Ucrânia)
Feminino
1º tabuleiro: Ana Muzychuk (Ucrânia)
2º tabuleiro: Valentina Gunina (Rússia)
3º tabuleiro: Tan Zhongyi (China)
4º tabuleiro: Nino Batsiashvili (Geórgia)
Dois dos maiores destaques foram o GM Baadur Jobava que destruiu dois ex-campeões mundiais com a Abertura Veresov e cravou a melhor pontuação no primeiro tabuleiro – um feito extraordinário! Obviamente merece louvores os 10 pontos em 11 posições do GM filipino Eugenio de Torres de, nada mais, nada menos, 65 anos!
E de toda forma, sem dúvida, as partidas do aprendiz de feiticeiro Alexei Shirov, os 7 em 7 de Ian Nepomniniatchi, também serão lembrados! Das nossas seleções o melhor resultado individual foi do nosso GM Rafael Leitão – 6,5 em 10, invicto.
FIM!
Acabou. Agora só daqui a 2 anos, em Batumi, na Geórgia. Esperamos que todos tenham torcido muito conosco, se divertido, e, mais do que isso, aproveitado o nosso tão amado jogo.
O time da Redação d´Academia, depois desta verdadeira maratona, também deve tirar umas pequenas férias (com tudo pago na ilha de Caras pelo nosso querido chefe).
Mas logo mais estaremos de volta… Até porque, a final do Campeonato Mundial está chegando! Quem será que leva? Mas isso já é outra história…
E como não podia faltar:
#PROMATEBRASIL!
Fontes:
Escrito por Equipe Academia de Xadrez Rafael Leitão 13.09.2016.
• Links relacionados:
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Décima Rodada]
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Nona Rodada]
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Oitava Rodada]
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Sétima Rodada]
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Sexta Rodada]
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Quinta Rodada]
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[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Segunda Rodada]
[Olimpíada de Xadrez Baku 2016: Abertura e Primeira Rodada]
Eu acompanho tudo por aqui, faço daqui meu jonal sobre xadrez.
Fico muito feliz em saber disso! Um abraço.
Parabéns a todos os nosso jogadores brasileiros !!
Vou acompanhar agora. Muito bom.
Eu fiz um pedido ao GM Daniel King que comentasse sobre a equipe brasileira e ele atendeu:
https://www.youtube.com/watch?v=q9aOTLitGCI